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Banana – folha sob ataque

 

Ernane Miranda Lemes

Engenheiro agrônomo, fitopatologista e doutor em Fitotecnia

ernanelemes@yahoo.com.br

Túlio Vieira Machado

Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitopatologia – ICIAG-UFU

tuliovmachado@gmail.com

Lísias Coelho

Engenheiro florestal, Ph.D. e professor – ICIAG-UFU

lisias@ufu.br

 

A banana é a fruta mais popular do Brasil, podendo ser consumida in natura ou processada em diversas receitas. A bananeira (Musa paradisiaca) atualmente é plantada em cerca de 520.000 ha em praticamente todos os Estados brasileiros e sua produtividade depende de fatores como a variedade plantada, as condições de clima e de nutrição do solo, assim como do manejo para pragas e doenças empregado na área.

Entre as principais doenças foliares da bananeira estão as sigatokas, que são conhecidas popularmente como mal das folhas, mancha das folhas, ferrugem das folhas ou raia negra. Duas sigatokas ocorrem na bananeira – a sigatoka amarela (Pseudocercosporamusae) e a sigatoka negra (Paracercosporafijiensis). Ambas foram inicialmente identificadas no Amazonas (1944, sigatoka amarela; 1998, sigatoka negra), de onde se espalharam para outros Estados.

A sigatoka negra é a mais destrutiva entre as duas, pois pode atacar tanto folhas novas quanto velhas, no entanto, a sigatoka amarela é a doença que mais preocupa, por estar mais amplamente distribuída no Brasil.

 

Disseminação

 

As sigatokas se desenvolvem e disseminam melhor em condições climáticas propícias, e quatro elementos devem ser considerados para determinar se as condições são favoráveis ao desenvolvimento e disseminação das duas sigatokas: temperatura, chuva, orvalho e vento.

Períodos amenos a quentes (26±3 °C), com boa distribuição das chuvas e elevadas umidades relativas do ar (90±10%) são condições fundamentais para que os esporos fúngicos da sigatoka infectem as folhas da bananeira e rajadas de vento contribuem para disseminar a doença pelo bananal.

Este conjunto de informações indica que os produtores de banana devem observar mais atentamente os bananais à procura de sintomas foliares das sigatokas entre os meses de novembro a março, que correspondem ao “período das chuvas“.

Áreas de bananal que são irrigadas também são particularmente mais suscetíveis à(s) sigatoka(s) por manterem condições de contínua disponibilidade de água e favorecerem a sobrevivência, o desenvolvimento e a dispersão do inóculo na área.

 

Sintomas

 

Os sintomas da presença da sigatoka se iniciam pelas folhas jovens [folhas zero (vela), I, II, III até IV] e evoluem ao longo de toda a vida da folha. As folhas velhas de um bananal afetado pelas sigatokas constituem a principal fonte de inóculo para o estabelecimento e disseminação das doenças – um bananal afetado pelas sigatokas é capaz de dispersar a doença por vários quilômetros em uma região.

Na sigatoka amarela, após a ocorrência de um ponto descolorido (clorótico) entre as nervuras secundárias da face superior dessas folhas, ocorre a formação de manchas alongadas em linhas sobre o limbo foliar que evoluem para uma estria de tonalidade amarela.

Com o tempo, as pequenas estrias amarelas passam para marrom, apresentando um centro seco, e em ataques severos as manchas coalescem, ocasionando a morte precoce das folhas, que é o maior dano causado pela sigatoka amarela.

Sintoma de sigatoka negra - Crédito Valmir Duarte
Sintoma de sigatoka negra – Crédito Valmir Duarte

Não confunda

 

Os sintomas avançados da sigatoka negra se assemelham aos da sigatoka amarela. Diferentemente da sigatoka amarela, os pontos descoloridos iniciais ocorrem na face inferior da folha e formam manchas alongadas que evoluem para estrias de cor café a negro, com centro seco e entre as nervuras secundárias. Estas estrias coalescem, originando grandes áreas necrosadas que evoluem da margem para a nervura central.

A rápida destruição da área foliar e redução da capacidade fotossintética da folha refletem na capacidade produtiva do bananal. Esta redução na capacidade produtiva afeta não só a quantidade, mas a qualidade das frutas produzidas, impactando o número de pencas por cacho, o tamanho do cacho e a maturação dos frutos.

Os prejuízos podem chegar a 100% de perdas, pois os frutos produzidos em um bananal infectado pela sigatoka, amarela e/ou negra, não alcançam valor comercial.

Além dos sintomas foliares (manchas e desfolha), a presença da(s) sigatoka(s) enfraquece a bananeira, facilita o estabelecimento de outras doenças, diminui o tamanho dos cachos, das pencas e dos frutos, que também amadurecem precocemente, reduzindo sua qualidade final.

As brotações da bananeira infectada por sigatoka(s) também são fracas, curtas e estagnadas devido à exaustão da planta mãe, o que, a longo prazo, leva a uma depreciação geral do bananal.

 

Medidas de controle

 

As duas doenças têm controle, mas exigem uma série de medidas tomadas em conjunto para desfavorecer as condições de desenvolvimento da(s) sigatoka(s) e reduzir os impactos de um controle exclusivamente químico.

A primeira ação dentro de um manejo integrado dessa doença é o plantio de variedades de bananeiras resistentes às sigatoka(s). A maioria das variedades comerciais, como por exemplo, a banana Maçã, Prata, Nanica, etc., são suscetíveis a uma ou ambas sigatokas.

Variedades menos comuns ou com pouca aceitação comercial como Preciosa, Japira, Caipira, ThapMaeo e Vitória são resistentes a ambas as sigatokas. Já variedades como Tropical, Prata Baby, da Terra e Nanicão são resistentes à sigatoka amarela, mas suscetíveis à sigatoka negra.

Outras práticas dentro de um manejo integrado que contribuem para o controle de ambas as sigatokas são: plantio do bananal em solos bem drenados (solo encharcado e ambiente úmido favorecem o ciclo das doenças); eliminação de plantas daninhas da área (plantas daninhas competem por nutrientes e propiciam um microclima úmido, que abaixo das bananeiras favorece o ciclo das doenças); densidade de plantas (4.500±500 bananeiras ha-1 permite o arejamento e a competição por luz e nutrientes adequadamente); eliminação das folhas mais velhas ou desfolha sanitária (redução de inóculo das sigatokas), e uma adubação balanceada, pois tanto o excesso quanto a falta de nutriente(s) favorece o desenvolvimento da doença no bananal.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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