28.6 C
Uberlândia
domingo, maio 5, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosGrãosUso de fosfitos no manejo das doenças no feijão

Uso de fosfitos no manejo das doenças no feijão

Os fosfitos ativam os mecanismos de defesa e produzem fitoalexinas, substâncias naturais de autodefesa que conferem resistência contra fitopatógenos, entre eles, a antracnose

 

Fabiano Pacentchuk

Engenheiro agrônomo, mestre em Produção Vegetal e doutorando em Agronomia – Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)

fabianopacentchuk@gmail.com

Margarete KimieFalbo

Médica veterinária, doutora e professora do curso de Medicina Veterinária ” UNICENTRO

margaretefalbo@hotmail.com

ItacirEloiSandini

Engenheiro agrônomo, doutor e professor do curso de Agronomia ” UNICENTRO

isandini@hotmail.com

 Crédito Giovani BeluttiVoltolini
Crédito Giovani BeluttiVoltolini

A cultura do feijão é de extrema importância para o Brasil, visto que representa um dos componentes base na nossa alimentação. Por ser um alimento rico em proteína (20 a 25%), ferro e aminoácidos como a lisina, fazem uma dobradinha perfeita com o arroz.

Essa cultura é cultivada em três safras e em praticamente todo o território nacional, logo, pode ser encontrada o ano todo e nos mais diversos tipos de condições edafoclimáticas.

Segundo a Conab, o feijão de primeira safra deverá ter redução de 11,2% na área em relação à safra passada, refletindo numa produção de 1,21 milhão de toneladas, sendo 764,1 mil toneladas de feijão-comum cores, 315,8 mil toneladas de feijão-comum preto e 128,5 mil toneladas de feijão caupi.

A produtividade média nacional foi de pouco mais de 1.000 kg ha-1, todavia, em algumas regiões, com o uso intensivo de recursos e tecnologia, é possível encontrar produtividades superiores a 2.500 kg ha-1. Logo, pode-se inferir que a produção desta cultura está muito aquém do potencial produtivo. Assim sendo, necessita-se entender quais são os fatores que mais limitam a produtividade desta cultura.

Dentre esses fatores, pode-se destacar a grande variabilidade de solos e clima em que o feijão é cultivado e as práticas fitotécnicas e fitossanitárias. O manejo de doenças é um dos fatores que mais interfere na produtividade desta cultura, sendo que o potencial de perda, se as doenças não forem bem manejadas, pode superar 80%.

Sintomas de antracnose em feijoeiro - Crédito Hélcio Costa
Sintomas de antracnose em feijoeiro – Crédito Hélcio Costa

Problemas fitossanitários e indução de resistência

As doenças que causam mais problemas para a cultura do feijão são: antracnose (Colletotrichumlindemuthianum), ferrugem (Uromycesappendiculatus), mancha angular (Isariopsisgriseola), mofo branco (Sclerotiniasclerotiorum), dentre outras.

Logo, o manejo das doenças se mostra um dos principais desafios da produção de feijão no Brasil. Uma das formas alternativas para controle de doenças em plantas é fazer com que a mesma produza substâncias que induzam a defesa, ou seja, após ser tratada com um composto indutor a planta produz respostas morfológicas, fisiológicas e bioquímicas que podem retardam o processo infeccioso e o desenvolvimento da doença em seus tecidos (Agrios, 2005).

A indução de resistência consiste no aumento da capacidade de defesa da planta contra amplo espectro de organismos fitopatogênicos, incluindo fungos, bactérias e vírus (Van Loon1997; Oliveira et al., 1997).

De acordo com Dallagnol et al. (2006), a indução de resistência em plantas pode ser definida como a capacidade da planta em se defender contra fitopatógenos, após um estímulo apropriado. Isso envolve a ativação de mecanismos de defesa latentes, existentes nas plantas, em resposta ao tratamento com agentes elicitores, os quais são capazes de ativar mecanismos de defesa na planta, protegendo-a contra infecções subsequentes por patógenos (Stangarlinet al., 1999).

Outra maneira é manejar corretamente a nutrição mineral, que pode diminuir ou aumentar a predisposição da planta ao ataque de patógenos. As interações entre os nutrientes e suas funções peculiares nas plantas são complexas, de modo que estes podem atuar direta ou indiretamente na ativação de mecanismos de defesa (Vieira et al., 2010).

 

Nutrição x desenvolvimento vegetal

A indução de resistência consiste no aumento da capacidade de defesa da planta contra amplo espectro de organismos fitopatogênicos - Crédito Nilton Jaime
A indução de resistência consiste no aumento da capacidade de defesa da planta contra amplo espectro de organismos fitopatogênicos – Crédito Nilton Jaime

O estado nutricional da planta tem relação direta com seu crescimento e desenvolvimento, além de ser considerado um dos principais fatores responsáveis pelos mecanismos de defesa em relação aos fatores bióticos (patógenos e insetos-pragas) (Colhoum, 1973).

Uma das alternativas para induzir a produção de substâncias de defesa das plantas e ainda fornecer nutrientes é por meio da aplicação de fosfitos (Pacentchuk, 2016). Muitas doenças podem ser controladas pela integração dos efeitos específicos dos nutrientes minerais com as práticas culturais que os influenciam, juntamente com a resistência genética, cuidados sanitários e controle químico.

Os fosfitos

Fosfito é o nome genérico que se dá aos sais do ácido fosforoso (H3PO3). Este ácido é conhecido na química por uma característica interessante: um dos átomos de hidrogênio de sua molécula não tem função de ácido. Este composto é considerado um fertilizante. O íon fosfito tem aproximadamente 7,0% a mais de fósforo por molécula que o fosfato.

Segundo Dalio et al. (2012), essas substâncias possuem modo de ação duplo no controle de doenças, podendo agir de forma direta sobre os patógenos, ou indiretamente, induzindo respostas de defesa.

De rápida absorção, o fosfito é responsável por induzir a síntese de alguns compostos do metabolismo secundário das plantas, como fitoalexinas e compostos fenólicos simples, os quais estão relacionados aos mecanismos de defesa dos vegetais (Daniel; Guest, 2006).

Os fosfitos, quando aplicados em determinados patossistemas, podem ser capazes de ativar mecanismos de defesa e produzir fitoalexinas, substâncias naturais de autodefesa que conferem resistência contra fitopatógenos (Nojosa et al., 2005).

Ainda, apresentam alta solubilidade em água e em solventes orgânicos e são absorvidos mais rapidamente por raízes e folhas do que os fosfatos (Blumet al. 2006; Blum2008). Apresentam ação sistêmica e atuam reduzindo fortemente o crescimento micelial, a formação de esporângios e a liberação de zoósporos.

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro 2018 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

ARTIGOS RELACIONADOS

Pequi sem espinho tem 35 vezes mais polpa que o convencional

Os goianos que nos perdoem, mas o pequi da UFU é especial: sem espinho e com muito mais polpa. As mudas plantadas pelo professor...

Feijão tolerante à seca usa a metade da água

  Neste ano, no centenário da seca de 1915, que matou milhares de pessoas e animais, arrasou plantações e cidades inteiras no sertão do nordeste...

Importância da reposição anual de magnésio para o cafeeiro

  André Guarçoni Martins D.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas e pesquisador do Incaper guarconi@incaper.es.gov.br O magnésio (Mg) é um nutriente de plantas, ou seja, cumpre os...

Brasil registra 65% a mais de queimadas em 2016

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou mais de 53 mil focos de incêndio neste ano no território brasileiro Desde o início do ano foram...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!