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Adubação fosfatada em café

Anísio José Diniz

Pesquisador – Transferência de Tecnologia da Embrapa Café

anisio.diniz@embrapa.br

Crédito Luize Hess
Crédito Luize Hess

O fósforo é um nutriente que desempenha funções vitais no cafeeiro, como fotossíntese, respiração, síntese de aminoácidos, lipídeos, entre outros, as quais são realizadas às custas de compostos fosforados, como difosfato e trifosfato de adenosina (ADP e ATP). O fósforo possui elevada mobilidade na planta e, nos casos de deficiência, ele é translocado para as regiões de crescimento. Em função dessa mobilidade, a deficiência de fósforo manifesta-se nas folhas velhas.

O fornecimento desse nutriente para as plantas está condicionado às fases da cultura (formação de mudas, plantio e demais fases fenológicas. Contudo, salienta-se que a deficiência de fósforo causa muitos prejuízos às plantas jovens, sendo um dos nutrientes mais importantes na formação das mudas, no plantio e na formação da lavoura de café que, neste caso, a deficiência de fósforo prejudica o desenvolvimento do sistema radicular e parte aérea das plantas.

Doses

A dosagem do fósforo, assim como de outros nutrientes essenciais para o desenvolvimento do cafeeiro (nitrogênio, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, manganês, zinco, boro e cobre) varia de acordo com a cultivar/variedade de café, seja na fase de muda ou por ocasião do plantio e, ainda, no caso de lavoura já estabelecida, de acordo com o estado fenológico da cultura no campo: florada, expansão, granação e maturação dos frutos.

A dosagem correta deverá ser recomendada por engenheiros agrônomos após a avaliação e interpretação dos resultados da análise química do solo e, quando for necessário, da análise foliar.

Ainda sobre o momento para o fornecimento de fósforo ou de outro nutriente para o cafeeiro, tem-se que levar em consideração que o plantio do café no Brasil se dá geralmente em duas épocas distintas – no início do período chuvoso, outubro/dezembro ou de janeiro até março, isto na maioria das regiões tradicionais produtoras.

No plantio realizado no início do período chuvoso, há melhor desenvolvimento das plantas, tanto pela maior disponibilidade hídrica como pela ocorrência de temperaturas mais elevadas. Já no plantio de março, as plantas tendem a um menor desenvolvimento inicial pela redução de temperatura que normalmente se verifica nesta ocasião.

Salienta-se que o plantio deve ser feito de forma escalonada. Se chover normalmente, dá-se prosseguimento ao plantio, suspendendo-o sempre que houver mais de uma semana de estiagem, recomeçando a operação assim que as chuvas retornarem.

No âmbito do Consórcio Pesquisa Café, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais ” Emater- MG disponibilizou no Observatório do Café a publicação intitulada “Calendário do Cafeicultor“. Link para o acesso:http://www.sapc.embrapa.br/arquivos/consorcio/publicacoes_tecnicas/calendario_cafe.pdf

Consultando-se esse calendário, percebe-se que não existem datas pré-estabelecidas para o plantio, mas o período em que as condições climáticas são favoráveis para essa prática. Além disso, as espécies de café arábica ou conillon e, respectivamente, com suas diferentes cultivares associadas às condições edafológicas (fertilidade do solo) apresentam dentro desses períodos recomendados para plantio, as suas variações.

Desse modo, para a formação da lavoura de café torna-se imprescindível a orientação de engenheiros agronômicos para auxiliar os cafeicultores na escolha da espécie, cultivar, manejo e monitoramento da cultura.

Para exemplificar, considere uma lavoura de café cujo nível de fósforo no solo foi considerado muito baixo e, também que, nessa situação de baixa disponibilidade desse nutriente, espera-se por uma produtividade de 40 sacas de 60kg/ha/ano.

A quantidade recomendada será de 50kg de fósforo (P2O5) por hectare. Em função da fonte de adubo fosfatado escolhida (superfosfato simples, superfosfato triplo, entre outras) o custo médio de adubo por hectare poderá ser de até R$ 1.000,00.

A dosagem correta deverá ser recomendada por engenheiros agrônomos após a avaliação e interpretação dos resultados da análise química do solo - Crédito Acácio Dianin
A dosagem correta deverá ser recomendada por engenheiros agrônomos após a avaliação e interpretação dos resultados da análise química do solo – Crédito Acácio Dianin

Viabilidade

Conforme avaliação das pesquisas realizadas na Embrapa Cerrados, analisando-se lavouras em produção no Cerrado, chegou-se à conclusão de que a aplicação ou não de fósforo era o principal fator que diferenciava as áreas com repetição de safra das áreas de baixo pegamento de florada.

Cafeeiros que não receberam fósforo na adubação de manutenção apresentaram sintomas de deficiência desse nutriente e pouca ou nenhuma formação de gemas reprodutivas e pegamento de florada. Por outro lado, os que receberam doses razoáveis de fósforo mostraram bom desempenho no desenvolvimento de gemas reprodutivas e no pegamento de florada.

Em experimentos, cafeeiros responderam linearmente ao aumento da produtividade até a dose de 400kg de fósforo por hectare, o que permitiu aliar essas altas doses do nutriente ao estresse hídrico, obtendo excelentes resultados na produção e qualidade do café.

A nova tecnologia também questionou o conceito de que a bienalidade do cafeeiro era uma questão intrínseca da planta e indicou que é mais uma questão de manejo, sendo possível, com práticas agrícolas adequadas, reduzir sua intensidade e manter uma produção mais equilibrada, com mais uniformidade na maturação e menor custo de produção.

Essa matéria você encontra na edição de fevereiro 2018 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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