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quinta-feira, abril 25, 2024
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Agrião hidropônico – Mais saudável e saboroso

Autor

Adriano Edson Trevizan Delazeri
Consultor da Hidroponic Consultoria em Hidroponia
contato@hidroponic.com.br

O agrião foi trazido para o Brasil nos navios portugueses junto com frutas cítricas e outras verduras, laranjas, limão, agrião, espinafre, chicória, mostarda, entre tantas, como mais um alimento para prevenir o escorbuto. Hoje sabemos que sua concentração de vitamina C é maior que do suco de laranja.

À medida que mais variedades de folhosas foram sendo cultivadas, por seu sabor picante, o agrião acabou sendo empurrado para fora do prato. Nas últimas décadas, no entanto, ele está ressurgindo como um dos próximos grandes super alimentos.

Sua popularidade recente é, em parte, devido à alta pontuação de ANDI (Aggregate Nutrient Density Index), que, junto da couve e da mostarda, ocupa o topo da lista. O escore da ANDI mede o conteúdo de vitaminas, minerais e fitonutrientes em relação ao conteúdo calórico.

A cultura do agrião

O agrião, na verdade, se constitui de várias espécies distintas, todas pertencentes à família Brassicaceae, das quais vou destacar duas: o agrião ou agrião d`água (Nasturtium officinale) e o agrião de terra (Barbarea verna), com sabor mais forte.

O agrião da água é uma planta herbácea, semiperene e semiaquática, que emite ramos de até 50 cm de comprimento. Haste ramosa, espessa, suculenta, verde e rasteira, ela emite numerosas raízes adventícias.

As folhas são alternadas, de coloração verde-escura e levemente arroxeada. O agrião da terra se apresenta com dois tipos de folhagens, uma com folha de topo, que é uma folha mais caulinar, peciolada agrupada sempre em quatro pares por ramo, e um tipo de folha bem menor que as da base e apresenta-se em formato sinuado ou dentado.

Nas duas especiais, as flores hermafroditas são pequenas, regulares e de cor branca, agrupadas em inflorescências do tipo rácemo.

Agrião hidropônico

O sistema convencional de produção do agrião usa solos com boa disponibilidade de água ou semi-encharcado. Nos sistemas de produção nestes solos é comum encontrar água com contaminantes orgânicos de origem animal.

Decorrente disso, é comum a incidência de pragas e doenças – resultado do desequilíbrio nutricional e do ambiente propício ao desenvolvimento de pragas. O produto também é bastante sensível à deterioração, resultante da alta quantidade de contaminantes encontrados. Sistemas de alta sanidade, com água de alta qualidade, é o mais desejável para esta cultura.

Com a redescoberta do agrião, e considerando que o sistema de produção é similar ao de outras folhosas, esta surge como uma cultura muito rentável em sistemas hidropônicos. O sistema mais usado é o NFT (técnica do filme de nutrientes).

Neste sistema, em bancadas de tubos circula água com os sais necessários à cultura, onde são plantados pequenos blocos de espuma com as sementes do agrião. A água usada na hidroponia é sempre de alta qualidade, as bancadas são distantes do solo e somado a isto um bom equilibro nutricional tem resultado em uma planta de alta qualidade e com características organolépticas excepcionais.

Diferenciais

A hidroponia diferencia o produto em relação à segurança alimentar, sendo mais higiênico, com excelente característica nutricional e boa durabilidade pós-colheita.

Com um mercado bastante exigente e aberto, os produtores de agrião têm sido muito bem-sucedidos na sua comercialização. Segundo eles, a partir do momento que o consumidor começar a reconhecer o agrião hidropônico, com certeza optará pelo produto.


Aceitação

Temos produtores das duas variedades, mas com uma tendência para o agrião da terra, decorrente da facilidade de colheita, pois este forma maço semelhante à rúcula. O agrião da água produz muitos talos, que se entrelaçam durante o desenvolvimento da cultura, dificultando a colheita e a embalagem. Mas, algumas regiões consumidoras só aceitam o agrião da água.


Do plantio à colheita

Mudas de melhor qualidade são as produzidas na propriedade, pois as compradas prontas podem trazer doenças e insetos que não existem na estufa. O melhor é produzir as mudas em espuma fenólica, que resulta em um número elevado de mudas por metro quadrado.

Usamos uma média de 10 a 15 sementes por bloco de espuma, e a germinação acontece em até sete dias. Conforme a origem da semente, esta pode ser bem irregular. A seguir as mudas são levadas para a bancada, e passam a receber uma solução nutritiva.

Minha recomendação para o agrião é uma solução para folhosas. O melhor exemplo seria a solução Furlani, com diluição em valores entre 1,4 a 1,5 mS. Concentrações mais altas diminuem o crescimento da cultura.

Tabela 01 – Quantidades de sais para o preparo de 1.000 L de solução nutritiva proposta do Instituto Agronômico (Furlani, 1998)

Número Sal/fertilizante g1 1.000 L-1
1 Nitrato de cálcio Hydro® Especial 750
2 Nitrato de potássio 500
3 Fosfato monoamônio 150
4 Sulfato de magnésio 400
5 Sulfato de cobre 0,15
6 Sulfato de zinco 0,5
7 Sulfato de manganês 1,5
8 Ácido bórico 1,5
Bórax 2,3
9 Molibdato de sódio 0,15
Molibdato de amônio 0,15
10 Tenso-Fe® (FeEDDHMA-6% Fe) 30
Dissolvine® (FeEDTA-13% Fe) 13,8
Ferrilene® (FeEDDHA-6% Fe) 30
FeEDTANa2 (10 mg mL-1 Fe) 180 ml

Manejo

O tempo de produção do agrião é maior que o da alface hidropônica, sendo esta uma cultura sensível a bancadas com pouco arejamento e a desequilíbrios nutricionais. O erro mais frequente que encontro é o adensamento nas bancadas, que deve ser de até 16 maços por metro quadrado para agrião da terra e 12 maços para agrião da água.

O espaçamento da bancada de alface é o melhor para o agrião da terra. Manter a planta na bancada depois de alcançado o tamanho de comercialização é outro erro frequente. A planta logo floresce, ainda mais em épocas ou regiões quentes, fazendo com que o produto perca totalmente o valor comercial e diminua seu tempo pós-colheita.

O manejo de doenças e pragas segue o da rúcula e da alface em todos os aspectos, sendo, na verdade, mais fácil de cultivar, respeitando-se os espaçamentos e o tempo de colheita. Em até 60 dias os maços estarão prontos para a colheita, conforme a variedade.

Produtividade x rentabilidade

Em março de 2019, na Ceagesp, o agrião extra, convencional, foi comercializado a partir de R$ 2,46 o quilo em caixas de 12 kg, enquanto o hidropônico chegou a ser comercializado por R$ 6,86 o quilo em caixas de 4,0 kg.

O quilo do agrião hidropônico, considerando uma estufa de 500 m2, com todos os custos inclusos, após colhido, embalado e depositado na porta de estufa, ficou próximo a R$ 1,90/kg. Deste comparativo vemos a vantagem econômica – o que não podemos esquecer é que o mercado para o agrião não é tão grande como o da alface e rúcula, mas está em crescimento. E por usar a mesma estrutura e manejo, é prático diversificar com esta cultura.

Inovação

Outra forma de comercialização que desponta para a cozinha gourmet é o microgreen, cultivado até o ponto de pouco mais que o broto – muito tenro e jovem. Nesta forma, o valor do quilo chega, em cidades turísticas, como Canela (RS) e Rio de Janeiro (RJ), a R$ 30,00.

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