Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor em Agronomia e professor de Fruticultura – UFMT
Elisamara Caldeira do Nascimento
Talita de Santana Matos
Doutoras em Agronomia – UFRRJ
O tomateiro é originário da América do Sul, na região compreendida entre o Equador e o Norte do Chile, sendo encontrado na forma silvestre ou cultivado desde o nível do mar até 2.000 m de altitude. Destaca-se por ser bastante tolerante a uma ampla variação de temperaturas. No entanto, são consideradas ideais temperaturas médias noturnas em torno de 18°C e diurnas ao redor de 25°C.
Sob proteção
O cultivo em ambientes protegidos com substrato (canaletas) proporciona o controle da temperatura, assegura estabilidade de produção, qualidade do produto e aumento na produtividade devido, principalmente, Ã ampliação do período da produção, que pode ser prolongado por até quatro meses.
Além disso, permite o plantio em áreas cujos solos não são apropriados para o cultivo (solos esgotados, infectados por patógenos como bactérias, fungos e nematoides) ou salinizados, além de se justificarem pela significativa redução de gastos com mão de obra, maior eficiência no uso da água na irrigação, melhor controle da nutrição do cultivo e redução da ocorrência de doenças e do uso de defensivos.
Como desvantagens encontram-se o maior custo inicial com montagens da estrutura, do sistema de irrigação/fertirrigação e compra do substrato (com merecedor destaque para este custo variável), dos contentores e fertilizantes solúveis e maior conhecimento técnico exigido em nutrição de plantas e fertirrigação.
Manejo
O cultivo do tomateiro é realizado em canais ou canaletas preenchidas com substrato (geralmente fibra de coco ou substrato comercial), que serve como suporte físico para as plantas e retém água e nutrientes.
Tais substratos devem apresentar como características fundamentais: serem inertes; terem alta porosidade para facilitar a aeração e a circulação de água ou solução nutritiva e o crescimento das raízes; alta capacidade de retenção de água facilmente disponível para as raízes; serem de fácil aquisição; não reagirem com os fertilizantes ou sais que serão utilizados como fonte de nutrientes; possuÃrem estrutura estável e decomposição lenta (estabilidade frente à mineralização), para que sua vida útil seja a maior possível; baixa salinidade; não estarem contaminados com microrganismos nocivos ou fitopatogênicos.
Os substratos orgânicos não satisfazem todas estas condições, pois têm suas características físicas e químicas alteradas com o tempo, requerendo ajustes no fornecimento de água e nutrientes, o que normalmente é feito com fertirrigação. Em média, devem ser utilizados de 08 a 10 litros/planta do substrato.
Irrigação
A irrigação é realizada por gotejamento, que permite a aplicação da solução nutritiva de forma precisa, em pequenas doses, com alta frequência e boa uniformidade. Recomenda-se o uso de tensiômetros para o controle mais eficaz da fertirrigação.
Para a obtenção de altas produtividades e de frutos de tamanho adequado, é muito importante que os gotejadores sejam de boa qualidade e o sistema de irrigação seja bem dimensionado, de modo a garantir que todas as plantas recebam aproximadamente a mesma quantidade de solução nutritiva em cada irrigação (alta uniformidade de aplicação).
Entre os inconvenientes do sistema de gotejamento, citam-se o custo inicial relativamente alto e a ocorrência de entupimentos. Para prevenir os entupimentos dos gotejadores, recomenda-se a utilização de filtros adequados ao tipo de água disponível e a realização de limpezas de manutenção das linhas de gotejadores. A distância do gotejador em relação à planta normalmente varia de 03 a 08 cm.
O uso de controladores e de válvulas solenoides para automatizar a irrigação é importante por permitir a aplicação da irrigação várias vezes ao longo do dia. Para o preparo da solução nutritiva, o produtor pode adquirir formulações prontas disponíveis no mercado ou fazer a sua própria formulação, utilizando fertilizantes solúveis para fertirrigação.
Na literatura existem várias formulações de solução nutritiva para o tomateiro, desenvolvidas para diferentes condições climáticas. É de fundamental importância fazer uma análise química da água que será usada na fertirrigação, uma vez que as concentrações de sais e o pH afetam a formulação da solução nutritiva.
Condutividade elétrica
Para o cultivo do tomate, a água de irrigação deve apresentar uma condutividade elétrica de no máximo 3,5 dS/m na fase de frutificação. Aconselha-se o controle da EC da solução drenada. Por outro lado, diagnósticos nutricionais baseados na análise química da solução drenada associada à análise foliar são importantes para a tomada de decisão quanto ao manejo nutricional.
Assim, o produtor deve contar com o auxÃlio de um técnico com experiência em nutrição vegetal, a fim de utilizar uma formulação de solução nutritiva adequada para a cultura e as características químicas da água de irrigação.
Tratos culturais
O tutoramento e a poda são práticas imprescindÃveis para se conduzir o tomateiro e evitar que as folhas e os frutos toquem o solo, melhorando a aeração e favorecendo o aproveitamento da radiação e a realização dos tratos culturais. Faz-se o tutoramento utilizando-se fitilho de plástico com proteção UV, para se evitar ressecamento.
A polinização é um fator importante para a garantia da produção e de produtividade no tomateiro conduzido em canaletas. O uso de sopradores, vibração e introdução de polinizadores nestes ambientes são os mais recomendáveis para uma polinização eficiente.