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Efeito das substâncias húmicas na goiabeira

 

Nilva Terezinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal)

nilvatteixeira@yahoo.com.br

 

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

A goiabeira é uma espécie que, além dos seus nutritivos frutos e de sua madeira dura e compacta, usada na produção de moirões, cabos de ferramentas, cangas e lenha, é medicinal: as folhas são usadas em chás ou infusões, para o controle de diarreia e, também, em bochechos e gargarejos no tratamento de inflamações da boca e da garganta ou em lavagens locais de úlcera.

É uma frutífera cultivada em praticamente todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo. Embora no Brasil seu cultivo predomine no Sudeste e Nordeste, iniciativas de implantação vêm ocorrendo no Sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul. No ano de 2016 o País produziu cerca de 350 000 t de frutos e o Brasil é o maior produtor de goiabas vermelhas do mundo.

O cultivo de goiaba está em expansão no Brasil e a procura é por frutos de qualidade. Para isso, é necessário cercar o pomar de cuidados. Entre os insumos que podem ser introduzidos no cultivo estão as substâncias húmicas.

Matéria orgânica

As substâncias húmicas nada mais são que derivados da decomposição de matéria orgânica e se compõem de huminas, ácidos húmicos e fúlvicos que se diferenciam pela dimensão das partículas, solubilidade e reatividade.

Tradicionalmente, as substâncias húmicas têm sido definidas como substâncias de coloração escura compostas por macromoléculas de massa molecular relativamente elevada formada por meio de reações de síntese secundária a partir de resíduos orgânicos de plantas, animais e microrganismos.

Os ácidos húmicos interferem diretamente na qualidade física do solo, por promoverem uma aproximação das partículas e, consequentemente, sua união, gerando uma maior agregação dos solos.

O processo de agregação dos solos influi diretamente sobre outras características do solo como, por exemplo, a densidade, porosidade, aeração, capacidade de retenção e infiltração de água no solo. Contudo, a agregação é o ponto de partida, sem a qual os demais benefícios para o solo não ocorrem.

Os teores de nitrogênio, potássio e manganês nas folhas mostram-se superiores nas plantas tratadas com os ácidos húmicos e fúlvicos - Crédito Erli Ropke
Os teores de nitrogênio, potássio e manganês nas folhas mostram-se superiores nas plantas tratadas com os ácidos húmicos e fúlvicos – Crédito Erli Ropke

Características

Por possuem cadeias muito grandes, as substâncias húmicas têm alta capacidade de retenção de água, o que colabora para a manutenção de agregados estabilizados nos solos. Sua capacidade de reter água é 20 vezes maior que a dos solos sem matéria orgânica, o que justifica a maior capacidade de as plantas sobreviverem melhor em solos com grande quantidade de substâncias húmicas durante o período de déficit hídrico.

Os efeitos químicos causados pelas substancias húmicas no solo estão relacionados ao aumento da disponibilidade de nutrientes para as plantas, o que se concretiza devido às características coloidais das substâncias húmicas, que possuem essa propriedade devido ao seu tamanho, maior que 250 μm, o que lhes atribui características próprias, destacando sua elevada superfície, o que lhes confere alta reatividade, podendo, então, interferir diretamente no pH, efeito tampão, CTC e dessalinização de solos com altos índices

Assim, os ácidos húmicos e fúlvicos exercem vital influência sobre o solo que, uma vez melhor estruturadofísica, biológica e quimicamente, é capaz de fornecer melhores condições para o desenvolvimento de plantas cultivadas.

Benefícios

Os efeitos positivos dos ácidos húmicos sobre as plantas são justificados por influência positiva no transporte de íons, e na permeabilidade celular, favorecendo, assim,a absorção. Propiciam aumentos da taxa respiratória e das reações enzimáticas do ciclo de Krebs, o que resulta em maior produção de ATP.

Ainda, tais substâncias promovem incremento no conteúdo de clorofila, de ácidos nucleicos e de proteínas. Acredita-se, ainda,que os ácidos húmicos absorvidos pela planta, em estágios avançados do seu desenvolvimento, são uma fonte de polifenóis, que funcionam como catalizadores da respiração.

O resultado é o aumento da atividade metabólica do vegetal; aceleração dos processos enzimáticos e da divisão celular,crescimento mais rápido da raiz e aumento de matéria seca.

Assim, o emprego dos ácidos húmicos e fúlvicos pode ser interessante na cultura da goiabeira. O uso de tais insumospode ocorrer na formação de mudas, no estabelecimento, formação e na manutenção (fase produtiva) do pomar, demonstrados por estudos e pesquisas.

Freitas et al.(2012) estudaram, em condições controladas, o efeito da adição de substâncias húmicas na germinação de sementes e desenvolvimento inicial de mudas de goiabeira. Verificou-se que as substâncias húmicas proporcionaram maior desenvolvimento das mudas, porém, não afetaram agerminação.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de julho de 2018 da Revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

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