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quinta-feira, maio 2, 2024
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Silício aumenta a resistência da melancia a pragas e doenças

Autores

Rodrigo Vieira da Silva
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e professor – IF Goiano – campus Morrinhos
rodrigo.silva@ifgoiano.edu.br
Brenda Ventura de Lima e Silva
Mestre em Fitopatologia e servidora – IF Goiano – campus Morrinhos Bruno Novaes Menezes Martins
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Horticultura – UNESP
brunonovaes17@hotmail.com
Veridiana Zocoler de Mendonça
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Energia na Agricultura
Letícia Galhardo Jorge
Bióloga e mestranda em Botânica – IBB/UNESP

Um dos grandes desafios encontrado no cultivo da melancia é reduzir os prejuízos na produtividade e na qualidade do produto em função do ataque de insetos-pragas e de microrganismos causadores de doenças. Dentre os elementos minerais utilizados no manejo integrado de pragas e doenças de plantas, o silício (Si) tem proporcionado resultados positivos. Neste contexto, o Si apresenta-se como mais uma estratégia para reduzir a severidade de doenças na cultura da melancia.

Principais pragas e doenças

A ocorrência e os prejuízos decorrentes do ataque de pragas e doenças na cultura da melancia variam de acordo com a região geográfica, época de plantio, manejo e da cultivar plantada. De uma maneira geral, as principais pragas são os pulgões, ácaros, tripes, mosca branca e as brocas, enquanto que as doenças são crestamento gomoso do caule, oídio, antracnose, alternariose, fusariose e os nematoides de galhas.

Modo de ação do silício

Pesquisas científicas realizadas em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, já comprovaram que a aplicação de Si na nutrição mineral das plantas proporciona diversos benefícios, a saber: melhor crescimento e maior produtividade, aumento da resistência à seca, pragas e doenças.

Os efeitos benéficos do Si para as plantas podem ser divididos em dois modos de ação: mecânicos e bioquímicos. O primeiro está relacionado ao acúmulo do Si na parede celular das plantas, formando uma dupla camada, constituindo, desta forma, uma barreira física à penetração de organismos causadores de doenças e de insetos-pragas.

A ação bioquímica está relacionada à maior resistência ao ataque de fitopatógenos e pragas, uma vez que o Si induz uma série de reações, proporcionando aumento na formação de compostos com atividade antimicrobiana e inseticida, a exemplo de fitoalexinas, fenóis, lignina e enzimas envolvidas na resposta de resistência das plantas.

Pesquisas com melancia

Geralmente, as dicotiledóneas apresentam baixas concentrações de Si nos tecidos, da ordem de 0,1%. Entretanto, plantas pertencentes à família das Cucurbitáceas, a exemplo da melancia, apresentam concentração satisfatória de Si em seus tecidos, variando de 2% a 4%.

O crestamento gomoso do caule da melancia, causado pelo fungo Didymella bryoniae, constitui-se numa das principais doenças da cultura, por reduzir a produtividade e a qualidade dos frutos. Resultado de pesquisa demonstrou que a aplicação de Si no solo reduziu a severidade do crestamento gomoso, além de aumentar da produtividade.

A formulação em pó na dose de 2.000 kg por hectare proporcionou os melhores resultados. Trabalho realizado na Espanha evidenciou o efeito positivo do Si na qualidade de frutos da melancia, como aumento da concentração de sólidos solúveis (° Brix), maior firmeza e espessura de casca.

Observou-se, também, que a adição de Si proporcionou um aumento acima de 10% na espessura da parede celular da planta, o que torna as plantas mais resistentes ao ataque de fungos e insetos-pragas.

Nutrição com o silício

Geralmente, aplicação do Si na forma de silicatos no solo tem proporcionado os melhores resultados. O manejo da aplicação de silicatos não encontra dificuldades, pois é similar a outros métodos empregados na lavoura pelo produtor rural durante a nutrição das plantas.

Portanto, não há restrições ou dificuldades em sua utilização na área de cultivo. Uma das estratégias para facilitar seu emprego é aplicar junto com os fertilizantes ou corretivos de solo, de modo a maximizar as práticas agrícolas e reduzir custos.

Como e quando aplicar o Si

Pode-se realizar a aplicação de Si antes da implantação da cultura, ou depois de seu estabelecimento no campo. Contudo, os métodos de aplicação dos silicatos são na forma sólida (pó ou granulado) ou líquida (via solo ou via foliar).

O emprego dos silicatos em pó deve ser pela incorporação em área total, enquanto os granulados são aplicados nas linhas de plantio, normalmente acompanhados de outros fertilizantes, como os formulados à base de nitrogênio, fósforo e potássio.

Recomendação de dose de Si

Estudos com o Si tem revelado bons resultados com as doses de silicato de cálcio (material fino em pó) a lanço, variando de 1,5 a 2,0 t ha-1, e para os solos que já estão com a acidez corrigida, a dose não deve ultrapassar 800 kg ha-1.

Por outro lado, pesquisas recomendam que a utilização de formulados granulados em doses de silicato de cálcio variando de 0,5 a 0,8 t ha-1 são suficientes no sulco de plantio, pois a sua combinação com material fertilizante (NPK= nitrogênio, fósforo e potássio, respectivamente) é uma alternativa viável.

Para a aplicação via pulverização mecânica, pesquisas recomendam doses de silicato de potássio (11,3% de Si total e 4,87% de Si solúvel) entre 1,0 a 8,0 L ha-1 de forma parcelada a cada 20 a 30 dias.

Cuidados na aplicação do Si

Com o intuito de obter um melhor aproveitamento, o Si deve ser aplicado na forma de silicatos no solo pelo menos um mês antes do plantio. O solo deve apresentar umidade adequada, capacidade de campo variando entre 60 a 80%, de modo a favorecer as reações biogeoquímicas do elemento no solo.

Merecem cuidado especial as fontes de Si disponíveis para serem aplicadas na agricultura, a exemplo das escórias siderúrgicas e silicatos, que possuem granulometria fina e fornecem maiores quantidades do micronutriente por unidade de volume. As características consideradas ideais para a utilização de fontes de Si na agricultura são: alta concentração de Si solúvel, facilidade de aplicação, pronta disponibilidade para as plantas, boa relação e quantidades de cálcio e magnésio, baixa concentração de metais pesados e reduzido custo para o produtor rural.

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