Autores
Jade Cristynne Franco Bezerra
Engenheira florestal e mestranda em Agronomia/Produção Vegetal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
jadefranco9@gmail.com
Ana Carolina Lyra Brumat
Engenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia/Produção Vegetal – UFPR
anacarolinalb08@hotmail.com
Juliana Fonseca Cardoso
Graduanda em Engenharia Florestal – Universidade Estadual do Pará (UEPA)
Gustavo Antônio Ruffeil Alves
Engenheiro agrônomo e doutor em Ciências Agrárias – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
gustavo.ruffeil@ufra.edu.br
Biorremediação é a tecnologia que utiliza microrganismos ou suas enzimas para degradar ou inativar compostos tóxicos no ambiente. Essa técnica é uma alternativa ecologicamente adequada e vem sendo muito utilizada na recuperação de áreas contaminadas com resíduos da indústria petrolífera e de agrotóxicos, podendo o tratamento ser em solo ou/e água.
Constitui-se em adição de nutrientes, ajuste de pH e o controle da umidade e da aeração, permitindo ótimas condições para a degradação biológica dos componentes tóxicos por meio de microrganismos presentes ou adicionados no ambiente.
Na agricultura, é comum o emprego dessa técnica para renovação de solos com produtos químicos, de modo que nos últimos anos há uma crescente preocupação com o uso e destino de pesticidas. Culturas como o arroz e a soja são plantadas em extensas áreas no Brasil e demandam uma grande quantidade de defensivos para proteção das plantas. Assim, essas culturas têm sido estudadas para uma aplicação eficiente da biorremediação.
Biorremediação + aminoácidos
Essa tecnologia, quando associada com aminoácidos proporcionam melhor desenvolvimento aos microrganismos, que consequentemente proporcionará melhores maiores benefícios ao solo.
A biorremediação é implementada em etapas. A primeira consiste em avaliar o grau de contaminação e o tipo de poluição existente no solo, por meio da coleta do material e análise em laboratório. Em seguida, por meio de estudos, escolhe-se a técnica mais adequada para a situação.
Manejo
O processo pode ser feito de duas formas básicas – in situ, no próprio local onde ocorreu a contaminação, não havendo necessidade da remoção dos solos contaminados; ou ex situ, quando há necessidade de remoção do material contaminado de sua origem para um local adequado, para posterior tratamento. Normalmente é feito quando há risco de contaminação de lençóis freáticos (Alexander, 1999).
Escolhendo a técnica, pode haver a necessidade de manejar os microrganismos de diferentes formas: bioestimulação dos microrganismos, por meio de adição de nutrientes, correção de pH, etc.; ou a bioaumentação dos microrganismos, que consiste em introduzir outros microrganismos no ambiente, podendo esses serem geneticamente modificados. Já autóctones consistem no isolamento e seleção conforme as propriedades de interesse a partir de amostras do ambiente, ou alóctones, quando a seleção acontece a partir de propriedades de interesse dentro de outros ambientes. A adição desses componentes pode ser feita via buracos no solo.
Com a escolha da técnica e dos microrganismos, estes são introduzidos no ambiente, e a partir de então deve-se fazer o monitoramento contínuo do ambiente, se necessário, com intervenções para possíveis ajustes.
Em campo
Experimentos de campo demonstraram um aumento de cinco a 10 vezes nas taxas de degradação. No entanto, existem dúvidas sobre os efeitos a longo prazo, uma vez que as taxas de degradação em áreas tratadas e não-tratadas tendem a se uniformizar com o tempo.
Pesquisas realizadas por especialistas constataram a influência positiva no uso de biorremediação em diferentes cultivares da família das leguminosas em relação ao uso do herbicida Tebuthiuron no solo, por meio de uma relação de mutualismo entre a planta e a flora microbiana do solo, uma vez que estas conseguem aumentar o tamanho ou estatura da comunidade microbiana degradativa na zona radicular (Pires, 2005).
Não se sabe ao certo o gatilho que proporciona a exsudação de tais substâncias pelas raízes das plantas, porém, estas conseguem aumentar a taxa de respiração no solo, configurando super população. Sabe-se também que não é a quantidade de microrganismos que minimizam os poluentes, e sim sua atividade co-metabólica, que quando associada à introdução de uma cultura tolerante é aumentada.
É importante ressaltar que para as espécies avaliadas nos estudos citados, todas obtiveram uma certa resistência a determinada quantidade de defensivo, evidenciando, desse modo, a necessidade de mais de um ciclo de cultivo para a minimização adequada do herbicida.
Várias pesquisas nesse sentido vêm sendo realizadas no Brasil para uso em diferentes tipos de defensivos, nos quais está sendo avaliada a incorporação de outras espécies biorremediadoras.
Erros
A maior incidência de erros nesse tipo de atividade está relacionada a alguns problemas encontrados durante a implantação, devido à sua complexidade, como a baixa concentração de poluição encontrada no solo, fazendo com que os microrganismos não produzam enzimas necessárias capazes de diminuir a toxidez.
Pode acontecer também de os microrganismos implementados serem incompatíveis com a poluição presente no solo, assim como a taxa de biorremediação ser muito baixa, e neste caso recomenda-se realizar as devidas análises para identificar o problema e sua possível solução.
Não se tem uma “receita de bolo” para uso da biorremediação, pois são muitos os fatores envolvidos no processo bioquímico, como: características e quantidade do material contaminante, características químicas, físicas e biológicas do solo a ser tratado, condições ambientais do local, bem como escolha da técnica a ser usada.
Por isso, para se evitar erros no processo de biorremediação é necessário um detalhado estudo prévio da situação em que o ambiente contaminado se encontra, e ainda o monitoramento intenso depois da implementação da técnica é essencial para que possa fazer as correções necessárias.
O melhor caminho
O uso de técnicas de biorremediação, por meio de espécies de plantas, seria a melhor estratégia. Certas espécies de plantas, tais como o azevém, alfafa, painço e Kochia sp. são particularmente úteis para a remediação de solos com baixo nível de contaminação ou no qual o contaminante apresente baixa solubilidade em água e partição lenta na solução do solo.
Entretanto, a técnica apresenta custo reduzido em relação à prática tradicional, que envolve a remoção do solo para tratamento fora da área, técnicas estas onerosas e muitas vezes inviáveis.
A relação custo-benefício da prática de biorremediação está associada ao reduzido investimento, porém, com o ganho de vários benéficos atrelados, como: a mitigação da atuação dos poluentes no solo associado à fixação de nitrogênio, quando incorporadas leguminosas como espécies biorremediadoras.