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Fique longe das pragas do morango

 

José Salazar Zanuncio Junior

DSc. em Entomologia e pesquisador do Incaper

jjzanuncio@yahoo.com.br

 

Créditos José Salazar Júnior
Créditos José Salazar Júnior

A principal praga do morangueiro é o ácaro rajado Tetranychus urticae, um aracnídeo de aproximadamente 0,5 mm que fica na superfície abaxial das folhas raspando-as para se alimentar, e onde é possível identificar suas colônias.

Devido a sua grande capacidade de reprodução e curto ciclo de vida (uma semana em condições favoráveis de altas temperaturas e baixa umidade relativa), suas populações têm desenvolvido resistência aos principais acaricidas utilizados, reduzindo a eficiência de controle.

Outro ácaro, Steneotarsonemus pallidus, é uma praga de tamanho muito reduzido, sendo possível identificar apenas os sintomas no campo, como brotos com encurtamento dos nós e folhas pequenas (enfezamento das plantas).

Dentre as lagartas, Duponchelia fovealis é uma mariposa de coloração castanho-acinzentado com uma linha na asa anterior formando um desenho em forma de “U”. Sua fase imatura é uma lagarta, que tece um casulo envolto em uma teia, fragmentos de solo e excrementos.

A broca do fruto Lobiopa insularis é um besouro de corpo achatado com cerca de 4 a 8 mm, de coloração marrom claro, com manchas escuras e amareladas no dorso. Põe seus ovos nos frutos, onde se desenvolvem as larvas de coloração branca creme, achatadas e com projeções laterais.

Sintoma de ataque avançado de ácaros - Créditos José Salazar Júnior
Sintoma de ataque avançado de ácaros – Créditos José Salazar Júnior

Os tripes Frankliniella occidentalis são insetos pequenos (0,8 a 1,2mm), de corpo alongado e coloração variável, sendo mais comum a amarelada de olhos vermelhos. Possui dois pares de asas franjadas e são normalmente encontrados nas flores, mas podendo estar nos frutos verdes ou maduros.

Dentre os pulgões que atacam o morangueiro, destaca-se o pulgão do colo Cerosipha forbesi, que apresenta de 1 a 2 mm, com coloração geral verde-escura e negra; pernas claras pardo-esverdeadas, estando, normalmente, associados às formigas lava-pés Solenopsis saevissima.

Ataque de pulgão do colo - Créditos José Salazar Júnior
Ataque de pulgão do colo – Créditos José Salazar Júnior

Severidade

O ácaro rajado é considerado a praga-chave da cultura do morango, devido ao seu alto potencial biótico e de destruição das lavouras, estando frequentemente associada à cultura. Atualmente, outra praga que tem ganhado destaque é a lagarta da coroa Duponchelia fovealis, uma praga que tem causado grandes prejuízos em cultivos de morango no Espírito Santo, Paraná e Minas Gerais, causando a perda de muitos campos de cultivo.

Prejuízos

As pragas podem trazer grandes prejuízos ao agricultor, podendo causar desde queda da produtividade até a perda total da plantação. Algumas pragas, como o ácaro rajado, podem causar a morte das plantas, se a infestação não for controlada.

Outras pragas, como a broca do fruto, causam também prejuízos na qualidade do produto, provocando a perda no valor comercial e perda do fruto. Assim, é importante que o produtor fique atento aos sintomas e ao nível de dano que se encontram as pragas, a fim de conhecer o momento de aplicar as táticas de controle adequadas para cada caso, evitando a aplicação indiscriminada de agrotóxicos e realizando o manejo de pragas de forma sustentável.

Lagarta da coroa - Créditos José Salazar Júnior
Lagarta da coroa – Créditos José Salazar Júnior

Principais regiões atacadas

O ácaro rajado ocorre em todo o Brasil, em todos os sistemas de cultivo de morango. Já o pulgão do colo é esporádico no sul do Brasil e frequente nos sistemas orgânicos do Espírito Santo. As outras pragas podem variar para cada região, de acordo com as condições climáticas locais, que pode favorecer algumas pragas e serem menos favoráveis para outras.

No entanto, o sistema de cultivo é importante, pois algumas pragas tendem a ser mais frequentes em sistemas protegidos, enquanto outras são associadas a cultivos de campo.

Controle químico

O controle químico deve ser usado quando as outras formas de controle não são suficientes para controlar a praga, devendo-se utilizar somente produtos registrados para a cultura.

É importante evitar produtos químicos de largo espectro de ação; não aplicar inseticidas e acaricidas de forma preventiva, identificando os focos iniciais das pragas, e realizar o controle químico nessas áreas, em reboleiras.

Phytoseiulus predando T. urticae - Créditos José Salazar Júnior
Phytoseiulus predando T. urticae – Créditos José Salazar Júnior

Deve-se dar preferência aos produtos mais seletivos (azadiractina, enxofre, propargito), deixando para utilizar os acaricidas menos seletivos, como os do grupo das avermectinas, para casos extremos.

Além disso, os trabalhadores rurais devem ser capacitados para atuar na condução da lavoura de morango e para aplicação de agrotóxicos; evitando-se riscos de intoxicação e contaminação. A aplicação dos produtos deve ser direcionada ao alvo biológico, por exemplo, para o ácaro rajado.

Já a pulverização deve ser direcionada para a parte de baixo das folhas, enquanto para o pulgão deve ser direcionada para o colo da planta, que é onde se encontra a praga. Esta prática aumenta a eficiência da aplicação, reduzindo a necessidade de várias aplicações para alcançar êxito no controle da praga-alvo.

Além disso, a aplicação direcionada reduz o impacto das pulverizações nos agentes polinizadores, importantes para a cultura do morango, pois a polinização realizada por insetos aumenta o tamanho, a qualidade e a produtividade do morango.

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