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Biológico no controle de nematoides em alface

Diouneia Lisiane BerlitzDoutora em Biologia e sócia-administrativa da DLB Soluções Biológicasdberlitz@hotmail.com

Nematoide – Crédito: Lara Guimarães

Na agricultura ocorrem muitas perdas na produtividade, que estão associadas a fatores bióticos, além da ocorrência de pragas e da utilização abusiva de defensivos químicos que causam o desequilíbrio ambiental, atingindo as espécies benéficas ao cultivo, além de contaminar o solo e a água.

Com os sistemas de cultivo orgânico, os agricultores vêm conhecendo e desenvolvendo diferentes técnicas para o controle de pragas como, por exemplo, o controle mecânico de plantas daninhas, a rotação de culturas, a manutenção de resíduos culturais, a adubação orgânica e o controle biológico de pragas.

O controle biológico é amplo e pode ser realizado em diferentes etapas por meio de microrganismos, como fungos e bactérias, por inimigos naturais dos insetos, como parasitoides e predadores. Também são utilizados feromônios sexuais que são atrativos em armadilhas de captura, além da liberação de machos estéreis na população do campo.

Em relação às pragas, os fitonematoides se destacam pela sua importância econômica, principalmente em monoculturas. As principais espécies-praga são distribuídas em quatro gêneros, que são Heterodera, Meloidogyne, Pratylenchus e Globodera, que acometem as diferentes culturas agrícolas.

No caso do gênero Meloidogyne, as espécies atacam especialmente leguminosas e frutíferas, preferindo áreas de clima tropical e subtropical (Collange et al., 2011), podendo citar quatro espécies principais: M. incognita, M. javanica, M. hapla e M. arenaria. Essas espécies correspondem a 95% da população de nematoides no mundo (Bahadur, 2021).

Danos

Esses nematoides fitoparasitas causam perdas que variam de imperceptíveis até a morte de um grande número de plantas, chegando a inviabilizar áreas para o plantio. Em termos financeiros, os danos causados por essa praga ascenderam a US$ 80 bilhões no mundo, nos últimos anos.

Dentre as hortaliças mais atacadas por fitonematoides, a alface representa uma das mais prejudicadas em razão de sua alta suscetibilidade. O sucesso do controle biológico em áreas infestadas depende de um conjunto de medidas associadas que visam reduzir o nível populacional dos fitopatógenos.

Controle biológico

No controle dos nematoides, as bactérias do gênero Bacillus são muito eficientes, atuando na fitoproteção por meio de compostos (toxinas) que interferem no ciclo reprodutivo dos nematoides no solo, pela formação de biofilmes no sistema radicular das plantas, além de melhorias na qualidade do solo.

Nesse caso, novas cepas de B. thuringiensis e B. subtilis foram testadas em laboratório e em casa de vegetação, em plantas de alface. Em laboratório, a cepa MTox 1886-2 de B. thuringiensis apresentou 96% de mortalidade corrigida para Meloidogyne sp. em ensaios realizados em triplicata.

Em casa de vegetação, essa bactéria reduziu em 36% a incidência dos nematoides juvenis (J2) nas raízes das plantas de alface. Em relação aos parâmetros de crescimento avaliados, o peso da raiz e da parte aérea das plantas foi superior no tratamento com B. thuringiensis.

No caso da nova cepa de B. subtilis avaliada em casa de vegetação com plantas de alface, foi observada a redução de 90% no número de J2 de M. javanica por sistema radicular, em comparação ao controle. Em relação ao peso da parte aérea e da raiz das plantas, houve diferença estatística entre os tratamentos e o controle.

Em ambos os tratamentos, B. thuringiensis e B. subtilis, o número de galhas não diferiu estatisticamente nas avaliações, porém, obteve-se diferença significativa no fator de reprodução dos nematoides entre os tratamentos e o controle. Esses resultados podem indicar que os agentes microbianos atuaram sobre a fecundidade e a fertilidade dos nematoides-alvo desse estudo.

Novidade

Além dos trabalhos citados, três novas cepas de B. thuringiensis foram avaliadas contra M. incognita em laboratório, apresentando mortalidade corrigida expressiva, em torno de 90%. Esses dados estão em fase de publicação, mas demonstram o potencial dessas novas cepas ao controle de fitonematoides.

A aplicabilidade a campo dessas bactérias pode ser realizada via sulco de plantio pois estará diretamente em contato com as raízes das plantas e já iniciam o seu desenvolvimento.

Em média, o custo de aplicação pode variar entre R$ 30,00 e R$ 50,00 por hectare de cultivo. É importante levar em consideração que os produtos biológicos devem ser avaliados quanto a sua compatibilidade com os produtos químicos atualmente disponíveis no mercado pois, em caso de incompatibilidade, os métodos biológicos tornam-se ineficientes.

Cabe salientar que sempre há retorno positivo em relação ao uso de insumos biológicos e isso pode ocorrer a longo prazo, uma vez que aumenta a variabilidade da microbiota do solo e esses organismos atuam diretamente na qualidade físico-química do solo, que vai retornar para a planta.

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