Autores
Cássio Pereira Honda Filho
Doutorando em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (/UFLA)
cassiop.hondafv@gmail.com
Mariana Thereza Rodrigues Viana
Doutora em Fitotecnia – UFLA
marianatrv@gmail.com
Otávio Vitor Souza Andrade
Graduando em Agronomia – UFLA
otaviovsandrade@gmail.com
Na cafeicultura, é importante estar atento à mancha de phoma. No Brasil, o principal agente etiológico é a Phoma tarda, mas estudos confirmam a presença de outras espécies do fungo.
O primeiro registro da doença foi em lavouras localizadas em altitudes elevadas no Estado do Espírito Santos e em regiões de Minas Gerais, como o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, expostas a ventos fortes e frios. A doença também tem sido relatada em outras regiões com as mesmas características climáticas.
Com os danos mecânicos causados pelos ventos fortes sendo acentuados em épocas frias, a penetração do fungo é facilitada. Nas épocas frias, normalmente a umidade relativa do ar é baixa, facilitando a ocorrência de rachaduras e injúrias nas folhas, pois as mesmas encontram-se quebradiças.
Outras injúrias causadas pela colheita também podem servir de entrada para o patógeno. Alguns tratos culturais devem ser levados em conta também, principalmente o balanço nutricional. Excessivas adubações nitrogenadas associadas a uma deficiência de cálcio e micronutrientes também favorecem a maior intensidade da doença.
Além de facilitar a entrada do patógeno, o clima frio também induz a sua reprodução. Períodos intermitentes de frio com temperaturas de 18 a 19ºC associados a ventos frios, chuva e altitude elevada propiciam condições favoráveis à reprodução do fungo. As condições favoráveis ocorrem geralmente nos meses de março, abril, setembro e outubro, podendo variar de região para região.
Danos
A mancha de phoma pode causar desfolha, queda de botões florais, abortamento de flores, mumificação de frutos, queda de chumbinhos e seca de ponteiros. Tudo isso influencia em grandes perdas na produção cafeeira.
Os sintomas são singulares, caracterizados por manchas circulares de cor escura e tamanho variados, podendo apresentar halos concêntricos. Outra característica importante na lesão é a ocorrência de pequenas pontuações de cor marrom escura, chamados de picnídeos.
Quando a injúria atinge a borda foliar, as mesmas se curvam, podem apresentar rachaduras, deformações, enrugam e podem até mostrar perfurações de tamanho variado. Quando atinge os ramos, o patógeno causa lesões profundas e escuras, podendo levar à seca da extremidade ou do ponteiro. Nos frutos verdes pode ocorrer mumificação, devido à colonização da roseta onde o fruto está inserido.
Controle
Contra o mal, algumas medidas de controle são aconselhadas, como: evitar o plantio em áreas sujeitas a ventos frios; fazer uso de quebra-ventos provisórios ou definitivos; fazer análise de solo e foliar, de modo a realizar adubações equilibradas.
A utilização de fungicidas são comumente divididas em duas aplicações chamadas de pré e pós-florada. As pulverizações em pré-florada podem ser feitas a partir de maio, de acordo com a incidência e severidade do fungo. Já a segunda aplicação deve ser feita após a abertura da grande florada visando a proteção dos chumbinhos.
Podem ser utilizadas formulações à base de trazóis e estrobirulinas, como tebuconazol + trifloxistrobina; e difeconazol + azoxystroboina, alternando com carboxamidas e com fungicidas cúpricos à base de cobre e mancozebe. É recomendada a utilização dos produtos visando a rotação de princípios ativos de modo a evitar a seleção de populações resistentes do fungo.