Autores
Andressa Cazetta
andressa_cazetta@hotmail.com
Bruna Cristina de Andrade
brunaandrade639@yahoo.com.br
Engenheiras agrônomas e mestrandas em Proteção de Plantas – Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Acredita-se que o milho (Zea mays) é uma das culturas mais antigas do mundo, com relatos que levam a crer que seu centro de origem seja o México. Sua importância econômica está caracterizada pelo fato de apresentar diferentes formas de consumo, podendo variar desde a alimentação animal até as indústrias de alta tecnologia.
Para o Brasil, o milho é considerado uma das culturas de maior importância para a economia, sendo cultivado em praticamente todo território do País. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) mostram que a produção brasileira de milho em 2018/19 foi de 99,984 milhões de toneladas, representando um crescimento de 23,9% da safra anterior. Além disso, a área plantada aumentou 5,3% e a produtividade 18%.
Baseando-se nesses fatos, e considerando a importância dos grãos para o giro da economia, é importante estar atento a todo tipo de doença que possa surgir em uma lavoura, já que relatos de perdas de produtividade devido ao ataque de patógenos são frequentes nas regiões produtoras do País.
Ainda, é importante entendermos que a evolução das doenças e o surgimento de novos problemas estão estreitamente relacionados com a evolução dos sistemas de produção, como a expansão da fronteira agrícola, a amplificação das épocas de plantio e o uso de materiais suscetíveis, por exemplo.
A estria bacteriana
A doença causada pela bactéria Xanthomonas vasicola pv. vasiculorum foi relatada pela primeira vez em 1949, na África do Sul, e vem “tirando o sono” de pesquisadores, produtores e técnicos envolvidos com a cultura do milho desde que surgiu em algumas regiões produtoras ao redor do mundo.
Nos Estados Unidos há relatos de sua existência em cerca de nove Estados produtores. Dentre eles, a maior ocorrência é nos Estados de Nebraska, Kansas e Colorado. Na Argentina, dez províncias já relataram o aparecimento da doença, e mais recentemente no Brasil há relatos do surgimento em regiões produtoras do Paraná.
O Instituto Agronômico do Paraná relata que a doença já foi observada em condições naturais em pelo menos 30 diferentes híbridos comerciais de milho e em diferentes regiões do Estado.
O que é importante saber?
Os sintomas da doença se apresentam, inicialmente, como pequenas pontuações nas folhas, que com o passar do tempo evoluem para lesões alongadas e estreitas com um halo amarelo ao redor, restritas à região internerval. Uma característica importante que ajuda a diferenciar essa doença da doença fúngica cercosporiose é o fato de as lesões serem onduladas.
Acredita-se que os danos econômicos para a cultura do milho se iniciam quando a severidade da doença atinge 40% da área foliar. Além disso, é importante saber que a bactéria pode sobreviver em restos de cultura infectados e, possivelmente, em algumas plantas daninhas.
Apesar de haver poucos estudos detalhados, há evidências de que a doença pode ser propagada por sementes, além dos outros meios típicos de propagação de bactérias, vento e água.
Ao assumir que o milho é cultivado em todo o território nacional e representa duas grandes safras no ano agrícola, o cultivo extensivo em diferentes regiões edafoclimáticas aliado à estratégia de produção que integra culturas anuais e pecuária tem gerado especulações na dinâmica e sobrevivência da bactéria causadora da estria no milho.
Integração lavoura-pecuária
O sistema de integração lavoura-pecuária lança mão de espécies forrageiras oriundas do continente africano e que são hospedeiras potenciais da bactéria, fato relevante na tomada de decisão no sistema ILP.
O modelo ILP incentiva a rotação, sucessão e diversificação das atividades agrícolas, porém, a escolha do sistema deve ser cautelosa no que se refere à escolha das forrageiras implantadas em áreas com alta pressão de estria bacteriana no milho.
A correta identificação e diagnóstico do patógeno é fundamental para decisões assertivas em diferentes modelos agrícolas, garantindo o controle mais eficaz e a redução dos danos causados pela doença, visando minimizar qualquer prejuízo produtivo no final da safra.
Mas, e o controle?
Por se apresentar uma doença recente, há poucas informações sobre a prevenção e o controle da estria bacteriana do milho, por isso, as recomendações baseiam-se naquelas medidas gerais de controle de doenças bacterianas, sendo elas:
Ü Uso de rotação de cultura, juntamente com a destruição dos restos culturais, para evitar a sobrevivência do patógeno;
Ü Controle de plantas daninhas, já que provavelmente elas podem ser hospedeiras alternativas da doença;
Ü Identificação correta do patógeno para, assim, aplicar uma molécula química que seja eficaz para o seu controle;
Ü Não cultivar materiais altamente suscetíveis à doença;
Ü Desinfestação de equipamentos antes do trânsito entre lavouras, prevenindo a disseminação do patógeno;
Ü Garantir a sanidade das sementes de milho, para evitar a transmissão do patógeno por essa via.