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Biofertilizante com l-aminoácidos é uma forma de nutrir?

Autores

Fabio Olivieri de Nobile
Doutor e professor – Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB)
fabio.nobile@unifeb.edu.br
Maria Gabriela Anunciação
Graduanda em Engenharia Agronômica – UNIFEB
Biofertilizante com l-aminoácidos é uma forma de nutrir?
Biofertilizante com l-aminoácidos é uma forma de nutrir?

A disponibilidade de nutrientes no momento certo, na quantidade adequada e da melhor forma é um diferencial na produtividade das culturas. Dessa maneira, quando se trata da nutrição de plantas, é preciso estar ciente da necessidade para externar a produtividade e, além disso, da quantidade disponível de nutrientes no substrato. Sendo assim, o diagnóstico prévio deve ser feito com uma análise de solo, no entanto, uma das formas de manejo complementar é pelo uso de fertilizantes foliares.

A nutrição foliar parte do princípio da absorção através da célula das folhas. O mercado dos adubos foliares teve incontáveis mudanças em formulações, adequando e melhorando a forma de disponibilizar nutrientes.

Atualmente, sabe-se que o uso de aminoácidos na composição dos fertilizantes tem melhorado de forma significativa os estresses abióticos e bióticos. De maneira geral, as plantas produzem aminoácidos, no entanto, quando submetidas a situações adversas elas reduzem o gasto energético, de forma a diminuir a produção destes compostos precursores das proteínas.

Um dos benefícios dos fertilizantes atrelados aos aminoácidos é justamente fornecer para a planta uma quantidade elevada destes para que ela seja capaz de completar seu ciclo e, sobretudo, realizar as atividades bioquímicas pertinentes como, por exemplo, a síntese de proteínas, ativação metabólica e a produção de substâncias reguladoras do organismo vegetal.

Integração

Os aminoácidos têm boa permeabilidade na cutícula via aplicação foliar, portanto, a melhor forma de integrá-los ao manejo é por meio desta prática. Sabe-se que no meio experimental existem relatos de que quando os nutrientes são anexados aos aminoácidos há melhorias na absorção.

Em muitas culturas, desde hortaliças até frutíferas perenes, muitos resultados foram encontrados com o uso de aminoácidos integrados aos fertilizantes foliares. Outro fator benéfico é a ideia de que a complexação de nutrientes impede a lavagem de nutrientes da cutícula da planta, pois dessa forma, ao invés de ficar retido na cutícula ou epiderme o nutriente será, de fato, absorvido.

Vantagens

A eficiência da utilização está relacionada a vários fatores, por exemplo, o aumento radicular já relatado na cultura do tomate, por meio de fertilizantes com aminoácidos como, por exemplo, a arginina.

O aumento radicular tem uma série de benefícios que vão desde a melhoria de absorção de nutrientes até o suporte da planta. Essas características indiretas acabam por melhorar as condições da cultura e, por consequência, aumentar significativamente a produtividade.

Ainda na cultura do tomate, sabe-se que o uso de aminoácidos também provocou melhorias pós-colheita, de forma a apresentar qualidade superior de frutos, maior produtividade e até mesmo a diminuição de efeitos visuais causados por toxicidade.

O manejo dos fertilizantes foliares com aminoácidos melhora o transporte dos nutrientes. Dessa forma, quando usados em conjunto, a absorção dos nutrientes é melhorada.

Gota a gota

As doses no mercado variam de 1,0 L.ha-1 a 2,5.ha-1. Além disso os fertilizantes com aminoácidos possuem efeito bioestimulante, podendo ser usados antes, com efeito preventivo, durante estresses abióticos, com efeito curativo, e até mesmo como fator de recuperação por meio da liberação de substâncias que vão levar melhorias e atenuar potenciais entraves pelos quais a cultura passou.

Importante citar o uso do fertilizante foliar no metabolismo de absorção de nitrogênio. Sabe-se que esse é um elemento de extrema importância para as culturas, no entanto, este nutriente é perdido de diversas formas no solo, independente da fonte, em função da dinâmica do nutriente no sistema solo-planta-atmosfera.

Nas hortaliças ele é largamente utilizado. O uso de aminoácidos tem sido incorporado aos fertilizantes foliares, uma vez que os aminoácidos livres reduzem as transformações químicas do nitrogênio nítrico e amoniacal em aminoácidos, sendo facilmente aderidos ao metabolismo, de forma a serem sintetizados pelas plantas.

O resultado é uma série de melhorias no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo das plantas. De maneira simplista, ao levarmos em consideração a ureia, principal fertilizante nitrogenado, sabe-se que essa precisa passar por uma série de transformações no solo e, posteriormente, ser incorporada em moléculas.

No entanto, quando agregado aos aminoácidos, o nitrogênio já está incorporado nessas moléculas, de tal forma que reduz os gastos energéticos da planta e tem capacidade de diminuir as perdas de nitrogênio no sistema solo-planta-atmosfera.

Rentabilidade

O produtor terá respostas financeiras diretas e indiretas. No primeiro caso, refere-se às melhorias no produto, uma vez que as plantas respondem aos aminoácidos melhorando sua condição em momentos não propícios ao seu cultivo por meio da indução de resistência aos fatores bióticos e abióticos.

Já de maneira indireta, expressará melhorias na absorção de nutrientes. Pesquisas relatam que as melhorias no crescimento induzem a planta a lidar com situações de adversidades, otimizando os efeitos contra estresses, além das melhorias na absorção de nutrientes e produção de fitohormônios.

Viabilidade

Na realidade experimental, o uso de aminoácidos foi capaz de aumentar os componentes de produção de culturas de expressão mundial, como o milho, e também de causar aumentos expressivos em culturas de expressão nacional, como o jiló, que quando submetido a fertilizantes com aminoácidos apresenta melhorias de até 40% em produtividade.

 Além disso, é importante citar que as tecnologias lançadas no mercado possuem como função solucionar entraves produtivos. O uso de aminoácidos atrelados à nutrição mineral tem atenuado condições problemáticas de estresse edafoclimático, como solos salinos e compactos que impedem o desenvolvimento radicular, condições destoantes de clima, tais como secas extremas, altas temperaturas que influenciam na umidade relativa do ar e granizo e até mesmo o ataque de organismos-pragas das culturas.

Erros

Um erro comum pode ser em função da composição escolhida. Diversos são os nutrientes disponíveis pela adubação foliar, com vários tipos de aminoácidos. Para isso é preciso buscar formas de disponibilizar o que a cultura precisa, visto que a formulação pode estar seguida de micronutrientes, para complementar a adubação nitrogenada ou potássica.

Sendo assim, o uso indiscriminado e sem necessidade pode causar efeitos tóxicos. Além disso, é importante enxergar o potencial da adubação foliar em complementar a nutrição via solo, de forma a não excluir a importância de fornecer e manter equilibrada a solução do solo.

Com o mercado competitivo e a necessidade de se destacar, as boas práticas de manejo são pilares-chave para o sucesso. É preciso estar sempre disposto a aplicar as tecnologias disponíveis para manter a disponibilidade de mercado e alcançar sucesso na produção. Quando se fala em hortaliças, por exemplo, o uso de aminoácidos atrelados à adubação pode agregar valor na vertente orgânica, inserindo o produto final em mais de uma cadeia de mercado.

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Qual a hora certa de utilizar os aminoácidos?

Todas as culturas são beneficiadas com a aplicação de aminoácidos, visto que eles ajudam a planta a se recuperar de algum estresse sofrido. As plantas sintetizam todos os 21 aminoácidos por ela demandadas, e a ciência moderna já consegue identificar em quais momentos dentro da fenologia da planta eles são mais demandados.

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