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sábado, maio 4, 2024
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Produtores apostam no cultivo de romã

Fotos: Pixabay

Danilo Ignacio Arellano González
Mestrando em Ciências Agropecuárias (Produção de Cultivos) – U. de Chile
Letícia Silva Pereira Basílio
Doutoranda em Agronomia/Horticultura – UNESP
Marla Silvia Diamante
marlasdiamante@gmail.com
Mônica Bartira da Silva
Doutoras em Agronomia/Horticultura – UNESP

Devido a sua flexibilidade, adaptabilidade e ampla gama de diversidade genética, o cultivo da romãzeira atrai produtores em todo o País. Essa planta, de nome científico Punica granatum L., é originária do Oriente Médio, e se destaca por produzir uma fruta que apresenta sementes revestidas por uma polpa avermelhada (granada), onde estão presentes os compostos benéficos à saúde que a tornam um produto de grande interesse comercial.

Seu consumo aumenta a imunidade de nosso organismo, pois a fruta possui atividade antimicrobiana, anti-inflamatória, atividade antioxidante, atividade hipoglicêmica e antineoplásica. 

Atualmente, cerca de 310.000 hectares são cultivados comercialmente em todo o mundo em países como: Irã, Índia, Estados Unidos, Espanha, Egito, Israel, Turquia, Marrocos, China, Argentina e Chile.

Dentre estes países, mais de 95% da produção está concentrada no hemisfério norte. Por sua vez, no hemisfério sul as plantações vêm aumentando nos últimos anos, especificamente no Chile, Peru, Austrália e Argentina, mas nenhuma excede 1.000 ha. No Brasil, algumas variedades de romã estão sendo cultivadas nos Estados de São Paulo, Bahia e Pernambuco, sendo os principais fornecedores da fruta para diferentes regiões do país.

Essa diversidade de regiões de cultivo ocorre porque a planta se desenvolve bem em áreas de clima tropical e subtropical, além de produzir em uma ampla variedade de solos e ter uma elevada resistência à salinidade. Contudo, é importante destacar que a romãzeira cresce melhor em solos profundos e argilosos e se adapta bem a solos alcalinos, no entanto, o solo ideal deve ser permeável, profundo e bem drenado.

Características

Dentre suas características, a planta apresenta bom vigor, com tendência arbustiva, folhas pequenas, flores vermelho-alaranjadas dispostas nas extremidades dos ramos, originando frutos arredondados e rosados, tendo a parte comestível carnuda, de cor avermelhada e com muitas sementes. O interior da fruta tem um tecido esponjoso branco que cria espaços cheios de sacos comestíveis, conhecidos como arilos.

No quesito produção, a maior parte vem de pequenos pomares e a comercialização é realizada, principalmente, em feiras livres na forma de fruta fresca. As formas de consumo vão de encontro às expectativas dos fruticultores que investem na cultura, pois a fruta pode ser consumida fresca, como componente de saladas ou processadas em sobremesas, geleias, aromatizante natural e corante na composição de outros produtos.

Além destes, não podemos deixar de citar a produção de suco de romã, que tem grande destaque comercial. A demanda mundial pelo suco é maior que a oferta. Devido ao apelo nutricional desta bebida, ele é rico em ácido gálico (um flavonoide), e até três vezes mais eficiente que o vinho e o chá verde na prevenção de problemas cardíacos. O suco da romã é ainda objeto de estudos em todo o mundo por suas propriedades antioxidantes. Este fato agrega valor a fruta, tornando crescente o mercado para produção.

O aproveitamento de sementes geradas como subprodutos no processamento de frutas também é de interesse dos produtores de romãs, pois permite que se minimize os impactos ambientais associados à industrialização de frutas.

No Brasil, o bagaço gerado no processamento de frutas é restrito a aplicações como adubo, e as empresas do setor de sucos, por falta de logística e tecnologia apropriada, pagam para a remoção do bagaço. Portanto, o uso da semente de romã para obtenção de produtos de alto valor agregado pode favorecer o produtor de sucos, ampliar a oferta de óleos para a indústria de cosméticos e farmacêutica, além de colaborar para a preservação do meio ambiente.

O cultivo

No Brasil, pesquisas realizadas têm demonstrado que existe a possibilidade de cultivo de espécies de clima tropical úmido, subtropical e temperada, com potencial econômico para as áreas irrigadas do semiárido brasileiro. Assim, a cultura da romãzeira está sendo introduzida e avaliada, também desde 2010, com o objetivo de encontrar uma nova opção de cultivo para os produtores desta região.

Um dos fatores que contribui para o sucesso da produção é a escolha do material genético. Dentre as cultivares de romã é possível destacar a ‘Wonderful’, que foi descoberta na Flórida, levada para a Califórnia em 1896 e hoje é a principal cultivar comercial dos Estados Unidos. É cultivada também no oeste Europeu, Israel, Chile e no Nordeste brasileiro.

Esta cultivar apresenta intensa coloração, tanto na casca quanto no suco, além de bom rendimento de suco, acidez, adstringência leve e resistência ao rachamento de frutos maduros após a ocorrência de chuvas.

As cultivares ‘Mollar de Elche’ e ‘Valenciana’, também entram na lista das amplamente comercializadas no oeste europeu, sendo melhor cultivadas em climas subtropicais. A cultivar ‘Valenciana’ é mais precoce e sua colheita pode ser antecipada, reduzindo os danos com sol, risco de ataque de pragas ou mau tempo. Contudo, possui menor rendimento, menor qualidade de suco e tamanho menor de fruto.

A cultivar ‘Mollar’ permite colheita tardia, aumentando o risco de danos com sol e problemas de rachamento, mas apresentando maior rendimento, excelente qualidade interna dos frutos, maior tamanho e, consequentemente, uma maior aceitação do consumidor.

Propagação

A romã é propagada por sementes, mas a propagação vegetativa por estacas lenhosas, pela alporquia, é de fácil realização e estacas com 3,0 a 4,5 mm de diâmetro apresentaram melhor enraizamento do que aquelas com 2,0 mm de diâmetro, quando tratadas com reguladores vegetais (auxina).

Dentre os métodos de propagação vegetativa, a estaquia é ainda a técnica de maior viabilidade econômica para o estabelecimento de plantios clonais, pois permite, a um custo menor, a multiplicação das plantas selecionadas em um curto período de tempo. Também permite a propagação por enxertia, podendo o produtor adquirir as mudas em viveiros idôneos.

Para a plantio, a cova deve ser de 30 cm x 30 cm x 30 cm e deve-se adicionar misturas de matéria orgânica em uma proporção de 3:1 (solo: matéria orgânica). Para enriquecer o solo com esterco curtido, húmus ou compostos podem ser utilizados, além de substratos como casca de pinus.

Ainda no plantio, devem ser acrescentados 200 g de calcário e 200 g de adubo fosfatado (superfosfato simples), ou substratos prontos que contenham calcários e fósforo na composição. Para que a frutífera ganhe força, as adubações devem ser feitas quatro vezes ao ano, distribuindo bem sobre o solo 50 g da fórmula NPK 10-10-10 (nitrogênio, fósforo e potássio). A adubação orgânica também é recomendada, podendo ser adicionados até dois quilos de adubo orgânico ao ano.

Quando possível, é recomendado proporcionar umidade adequada em toda a estação de crescimento (com umidades do solo semelhantes aos utilizados na produção de citros), o que contribui para o crescimento, produção e qualidade dos frutos. É importante evitar estresse hídrico durante a frutificação inicial.

O sistema de irrigação pode ser dispensado em regiões de média pluviosidade, porém deve-se evitar excessos de umidade, pois a romãzeira não tolera encharcamento. A falta de água, porém, normalmente provoca a rachadura dos frutos quando atingem o estágio de início da maturação.

Poda

Com relação a poda, os galhos devem ser cortados a cada três meses para dar formato à árvore e favorecer o enchimento da copa. O arredondamento é conseguido pela eliminação dos ramos longos. As folhas caem uns meses antes de a planta florir, rebrotando intensamente após a frutificação. A romãzeira é exigente quanto a luminosidade, sendo esta indispensável para sua floração e frutificação.

Como a floração e o amadurecimento da romã se dão de forma escalonada, a colheita também é realizada desta forma. Sob condições climáticas favoráveis (temperaturas mais elevadas e baixa pluviosidade), o tempo de colheita se inicia entre 5 a 7 meses após a floração. São observados aspectos físicos como a cor da casca (avermelhamento) e o conteúdo de sólidos solúveis (açúcar) e acidez. Na cultivar ‘Wonderful’, recomenda-se uma acidez titulável inferior a 1,85% e um teor de sólidos solúveis superior a 17%.

Colheita

Normalmente a colheita é feita de forma manual, com intuito de evitar danos mecânicos, cortando o pedúnculo próximo ao fruto.  Quando rachados, mesmo que de forma mínima, os frutos se desidratam mais rapidamente e ficam mais propensos ao ataque de patógenos. O armazenamento da romã deve ser em local bem ventilado e em baixas temperaturas (0º – 5º C).

Os frutos têm a durabilidade de até três meses quando refrigerados inteiros em sacos plásticos. Os arilos ou sementes também podem ser congelados para armazenamento a longo prazo. Por possuir uma casca resistente, a romã possui resistência a transportes longos.

Após implantadas, as romãs poderão produzir alguns frutos no segundo ou terceiro ano, caso propagada por estacas. Geralmente atingem boa produção comercial em 5 à 6 anos.  No décimo ano, as árvores devem ser estabelecidas e a produção geralmente aumenta para 100 a 150 frutos por árvore. Em um pomar bem administrado, o rendimento médio anual pode chegar a 200 a 250 frutos por árvore.

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