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Glaucio da Cruz Genuncio
Doutor em Nutrição de Plantas ” UFRRJ
Elisamara Caldeira do Nascimento
Doutoranda em Fitotecnia – CPGA-CS
Anderson Claiton Ferrari
Doutorando em Agronomia-CPGA-CS
A patogenidade de pythium, que muito preocupa os profissionais envolvidos no cultivo hidropônico, pode ser variável, causando perdas de até 100% na produção, sendo sua ocorrência associada aos fatores climáticos (excesso de radiação incidente, com consequente elevação de temperatura da estufa e da solução nutritiva); assim como manejo nutricional inadequado, com evidentes sintomas de deficiência; mudas de qualidade questionável.
Nota-se a incidência de pythium, também, em situações de ausência de limpeza do sistema, com desinfecções constantes, utilizando-se produtos à base de cloro (dióxido de cloro), ácidos e peróxidos, tais como: ácido peracético e peróxido de hidrogênio, respectivamente, com aplicações após a colheita da bancada; erros de montagem do sistema, como declividades das bancadas abaixo de 8%, em regiões cujas temperaturas são altas e ausência do uso de tecnologias que reduzem a temperatura do ambiente e/ou da solução nutritiva, tais como a aplicação de telas de sombreamento, nebulização, ventilação forçada, torre de resfriamento, lâmpadas ultravioletas, ozonização e reguladores de crescimento visando a emissão de raízes.
Alternativas contra o pythium
Em cultivos hidropônicos é sabido da correlação direta entre o surgimento de pragas e doenças e o período pós-implantação do projeto (este tempo, segundo os produtores, é de três anos para o surgimento das primeiras doenças em hidroponia).
Porém, para um adequado manejo agronômico da hidroponia, existe a necessidade do monitoramento e do controle da praga e/ou doença, visando sempre a cultura e o ambiente.
O pythium pode resistir ao uso de produtos químicos (acima citados) na desinfecção das bancadas hidropônicas, fato este explicado pela resistência de suas estruturas de sobrevivência, que permanecem em dormência até que, em condições ambientais favoráveis, ocorra indução à saÃda da dormência e consequente infecção das plantas.
Por outro lado, a introdução do pythium na hidroponia pode se dar pela semente e/ou mudas e substratos contaminados, solo (a partir da colocação das caixas em cima da bancada durante a colheita), água utilizada tanto na lavagem do sistema quanto na formulação da solução nutritiva.
Assim, o controle da doença pode se dar a partir de cuidados quanto ao manejo: manutenção de adequadas condições climáticas, principalmente a temperatura da solução nutritiva “25 ± 2ºC (com consequente controle do nível de oxigenação, sempre entre 8 a 10 mg L-1 de O2 dissolvido), limpeza do sistema com uso de sanitizantes, uso de mudas sadias, dentre outros.
Atualmente, e como supracitado, existe, por parte de alguns produtores, a adoção de tecnologias, como a irradiação com luz ultravioleta e a ozonização. Porém, por se tratarem de sistemas de custos altos (implantação e manutenção), a tomada de decisão, via de regra, se dá a partir da doença instalada, tornando-se assim um limitante quanto à eficácia do controle.
Controle químico
O uso de controle químico, com princípios ativos tais como mancozeb, metalaxyl, cymoxanil, maneb, cymoxanil, famoxadone (associados ou não), assim como espalhantes adesivos, hipoclorito de sódio e cálcio demonstram eficiência questionável quanto ao controle do pythium em sua fase micelial, além de problemas quanto à sua ausência de registro para uso em cultivo hidropônico.
Assim, a adoção do controle biológico, associado ao manejo integrado de pragas e doenças, com controle abaixo do nível de dano econômico, gera um panorama interessante para o controle do pythium em hidroponia.
Controle biológico
O controle biológico do pythium é, segundo diversos autores, um dos métodos mais promissores e eficientes para o controle da doença, tendo como principal vantagem a competição entre espécies pelos exsudados na rizosfera.
Vale ressaltar que o Trichoderma, um conhecido agente de controle biológico, age de forma antagônica, a partir do controle ao nível populacional do pythium, em função do consumo dos exsudatos radiculares. Atualmente, existem diversos produtos registrados à base de Trichoderma, com aplicação via solução nutritiva e/ou no substrato, no momento do plantio.
Quanto às doses a serem aplicadas, recomenda-se a avaliação das quantidades de conÃdios viáveis por mililitro de produto comercial (UFC/ml), variável de acordo com as empresas, porém, com quantidade mÃnima de 109 UFC/mln de conÃdios no produto comercial.
Entretanto, via de regra, a recomendação de aplicação é a de 0,2 a 1,0 ml do produto comercial por litro de calda pra aplicação no substrato e/ou imersão das mudas no momento do transplante, tanto para a fase intermediária quanto para a fase definitiva.
Por outro lado, recomenda-se a dose de 1,0 a 2,0 L de produto comercial para cada 1.000 L de solução, com aplicação semanal (alta infestação) ou quinzenal (preventiva), nos períodos de maior temperatura.
O custo é alto, com reduções significativas no decorrer dos anos. Porém, o benefÃcio está na necessidade de garantia da produção. Assim, o uso do Trichoderma apresentará excelente custo/benefÃcio, quando constatado o controle do agente causal (pythium).