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Potássio: Nutrição da goiabeira em produção

Autores

Alexandre Dutra Villas Boas
Graduando em Agronomia – Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF, Garça – SP) fisicahoje@hotmail.com
Marcelo de Souza Silva
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Horticultura e professor de Agronomia – FAEF – Garça – SP mrcsouza18@gmail.com
Fotos: Shutterstock

O potássio é considerado como macronutriente essencial para as plantas cultivadas, sendo responsável por inúmeras funções no tecido vegetal, como a manutenção da organização celular, no que se refere à hidratação e permeabilidade, a participação no processo de fotossíntese e na fosforilação oxidativa.

Ainda, auxilia na translocação de carboidratos, na abertura e fechamento dos estômatos, assim como no desenvolvimento do sistema radicular das plantas. Pode-se destacar, ainda, a melhoria na reposta ao fósforo, na resistência a algumas doenças e fortalecimento da parede celular com lignina.

O potássio é um dos nutrientes mais requeridos pela cultura da goiabeira, pois está diretamente ligado ao crescimento da planta e melhoria dos frutos, auxiliando no aumento de peso do fruto, intensificação do sabor e aroma, além de ajudar a melhorar o tempo de armazenamento pós-colheita.

Equilíbrio

A disponibilidade em níveis corretos desse nutriente no solo fará com que a planta aumente sua absorção de forma equilibrada, proporcionando assim menor suscetibilidade ao ataque de pragas e doenças, tolerância maior a variações hídricas, entre outros estresses.

Porém, o excesso causa impacto negativo na qualidade dos frutos. Vale destacar que a cultura da goiabeira é muito exigente em potássio, sendo este nutriente o mais exportado pelos frutos.

A disponibilidade em níveis corretos desse nutriente no solo fará com que a planta aumente sua absorção de forma equilibrada, proporcionando assim maior tolerância ao ataque de pragas e doenças, além de contribuir com a maior resistência das goiabeiras a variações hídricas, entre outros estresses.

Benefícios proporcionados

Os benefícios desse nutriente, juntamente com o nitrogênio, começam nas plantas ainda em desenvolvimento vegetativo, proporcionando aumento foliar e, por consequência, maior atividade fotossintética, ocasionando crescimento vegetativo mais acelerado.

No que se refere ao fornecimento deste nutriente, deve ser dada atenção especial durante o estádio final de crescimento da planta (fase produtiva), quando as goiabeiras necessitam de maiores quantidades de potássio, porque nessa fase há maior translocação de carboidratos. 

O potássio tem grande participação na ativação de algumas enzimas que são responsáveis para a manutenção da parede celular, diminuindo assim a perda de firmeza do fruto no período de amadurecimento e aumentando o tempo de armazenamento pós-colheita.

É importante mencionar, também, que uma maior disponibilidade de potássio para as plantas promove mudanças metabólicas que implicam em maior produção do amido, celulose e proteínas, e menor concentração de nitrato, açúcares e aminoácidos nas plantas, que levam a esta maior tolerância a patógenos.

Outros benefícios do potássio são a melhoria dos atributos de qualidade dos frutos; aumento nas propriedades organolépticas (conteúdo de aminoácidos, compostos aromáticos; coloração e sabor); aumento no conteúdo de compostos funcionais (vitamina C e outros antioxidantes), além das melhorias na conservação pós-colheita (maior tempo de vida dos produtos nas prateleiras).

Além dessas, cito exemplos da melhor eficiência no uso de nitrogênio pelas plantas quando há adubação balanceada com potássio, incluindo efeitos sobre o ambiente, com menores perdas de nitrato por lixiviação.

Manejo

Para ter aumento na produtividade e na qualidade dos frutos, é necessário um programa de adubação durante a fase de produção, no entanto, plantas com alta produtividade requerem bom estado nutricional desde a fase de formação do pomar.

Dessa maneira, torna-se fundamental saber quais as fontes, concentrações e a melhor forma de aplicação do potássio para se obter os melhores resultados no campo.

Um parâmetro de grande importância para a determinação correta da adubação é a fertilidade do solo. A concentração de K na solução do solo é pequena em relação à quantidade absorvida pela planta, tornando-se necessário uma transferência contínua entre as diferentes formas para suprir a demanda de K pela planta.

Assim, as adubações realizadas devem ser compatíveis com a remoção pela planta. É o caso do fornecimento da adubação potássica, que deve levar em conta alguns fatores, como a CTC do solo, quantidade de K disponível, forma predominante do K no solo (solúvel, trocável, não trocável e fixado), a temperatura, a umidade e manejo do solo.

Para as variedades Rica e Paluma, o pesquisador William Natale sugere, no segundo ano de cultivo, a dose de 120 e 100 g planta-1 de K2O, respectivamente, se o solo apresentar teor entre 1,6 – 3,0 mmolc dm-3, enquanto a recomendação do Boletim 100 do IAC é de 60 g/planta de K2O.

A aplicação prévia de matéria orgânica é interessante porque, além de contribuir com o aumento do K, aumenta a CTC do solo, o que contribui para reduzir as perdas deste nutriente por lixiviação.

O parcelamento da adubação potássica é recomendado devido à alta lixiviação do elemento e ainda devido ao índice salino do cloreto de potássio (KCl), que é de 116,3. O excesso de aplicação de KCl pode provocar a queima de raízes e o ferimento pode servir de porta de entrada para patógenos do solo.

Adubação x produtividade

A adequada adubação mineral da goiabeira é uma prática indispensável para garantir produtividades elevadas, sobretudo quanto ao fornecimento de K, dada a grande exigência das plantas por este nutriente.

Já é do conhecimento de todos que a adubação potássica contribui para aumentar a produtividade da cultura e melhora a qualidade dos frutos, mas muito desses efeitos só é conseguido quando os níveis dos demais nutrientes também estão em equilíbrio, sobretudo os de nitrogênio.

Porteira adentro

Os resultados de alguns estudos sugerem, para a adubação de pomares de goiabeiras, não especificando as cultivares, a faixa de 0,32 a 0,65 kg de K2O planta-1, em função das concentrações de K no solo e da produtividade esperada.

Por outro lado, Natale et al. (1996) sugere, especificamente para a cultivar Paluma, a faixa de 0,15 a 1,5 kg de K2O planta-1, em função das concentrações de K no solo, da idade das plantas e da produtividade esperada do pomar. Esses mesmos pesquisadores relatam que os níveis de adubações potássicas podem ser recomendadas para produtividades superiores a 100 t ha-1 ano-1.

Avaliando os resultados práticos em campo, estudos indicam o uso de adubações de 0,30 kg de K2O planta-1, quando o solo se encontra com concentrações médias de K, para pomares de goiabeira ‘Paluma’, visando produtividades de até 60 t ha-1 ano-1, manejados no sistema de sequeiro, com uma colheita por ano.

Neste mesmo sentido, existem pesquisas que já sugerem adubações de 0,64 a 0,78 kg de K2O planta-1, em função do espaçamento entre plantas, para pomares de goiaba para indústria, visando produtividades acima de 50 t ha-1.

Sem errar

Os fertilizantes potássicos são altamente solúveis e sua dinâmica no solo varia em função do tipo de solo e da sua CTC. Em solos argilosos, por exemplo, o potássio permanece relativamente próximo do ponto de aplicação.

A lixiviação ocorre com maior intensidade nos solos de textura média a arenosa, os quais geralmente possuem CTC mais baixa. Quando as quantidades demandas de potássio excedem a 50 kg ha-1 de K2O, recomenda-se parcelar a adubação. Lembre-se, o potássio pode se perder facilmente por lixiviação, sobretudo em solos de textura mais leves, dessa forma, o parcelamento das doses aplicadas garante maior absorção pelas plantas.

Vale destacar que muitos produtores não consideram, no momento do fornecimento do potássio, as perdas por lixiviação e por erosão, o que pode limitar a melhor resposta das plantas.

Como evitar

Para evitar erros quanto às doses corretas de aplicação de potássio em cobertura na cultura da goiabeira, faz-se necessário a análise periódica da fertilidade do solo e diagnose nutricional das plantas, mediante análise foliar em laboratórios confiáveis.

Em lavouras já instaladas de goiabeira, o parcelamento de potássio deve ocorrer após a realização da poda de produção, sendo a primeira aplicação 20 a 30 dias da poda, a segunda no pleno florescimento, a terceira quando os frutos apresentarem tamanho médio de 1,5 cm e a quarta e última aplicação de potássio quando os frutos estiverem com tamanho médio de 2,0 a 3,0 cm de diâmetro, o que equivale a 150 dias da poda de produção.

Deve-se ter atenção também com as concentrações elevadas de potássio no solo, que podem aumentar os riscos do efeito salino nos solos. Além disso, ele pode inibir a absorção de Ca e Mg, comprometendo funções fisiológicas das plantas.

Custo envolvido

Outra avaliação importante que auxilia na eficiência do manejo da adubação é a análise econômica. Vale destacar que, no caso dos fertilizantes potássicos, as importações desses adubos representam mais de 90% do volume total consumido no País, logo, inúmeros fatores podem impactar o preço deste adubo no mercado nacional, e, consequentemente, no custo final de produção das culturas.

Uma das fontes potássicas mais utilizadas é o KCl, adubo que teve um registro de aumento no seu valor de 49% entre março de 2018 e março de 2019, passando de R$ 1.321,50/ton para R$ 1.962,98/ton, o que impacta diretamente na sustentabilidade do agronegócio da goiaba.

Investimento x retorno

É importante destacar que, a depender do destino de produção dos frutos de goiabeira, o preço pago pelo quilo da fruta é diferente, ou seja, o investimento em fontes de nutrientes deve levar em conta este contexto, uma vez que as goiabas no mercado in natura (fruta de mesa) são comercializadas ao preço médio de R$ 4,18, enquanto que o quilo da fruta destinada ao processamento varia de R$ 0,20 a R$ 0,50.

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