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Manejo de produção da couve-manteiga

Crédito: Fábio Nobile

Denilze Santos Soares
Graduanda em Agronomia – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), campus Paragominas
denilzesoares@gmail.com
Luana Keslley Nascimento Casais
Engenheira agrônoma – UFRA
luana.casais@gmail.com
Luciana da Silva Borges
Doutora e professora – UFRA e coordenadora do Grupo de Pesquisa em Horticultura da Amazônia (Hortizon) e Núcleo de Pesquisa em Agroecologia (NEA)
luciana.borges@ufra.edu.br

A couve é uma hortaliça típica de outono-inverno, apresentando uma amplitude de temperatura que varia entre 16 e 22°, com temperaturas mínimas de 5 a 10° e máxima de 28°. Temperaturas acima das recomendadas podem provocar prejuízos no desenvolvimento das plantas.

Sua propagação pode ser realizada por sementes ou mudas. No método de propagação vegetativa recomenda-se colocar os brotos, após a retirada das folhas adultas, em saquinhos de plástico com 5,0 a 6,0 cm de diâmetro e 10 a 15 cm de altura, ou em bandejas, para que haja o enraizamento.

Destaca-se que esse método é pouco utilizado atualmente, uma vez que as sementes de cultivares comercial de couve não produzem brotos.

Propagação

Na propagação via sementes recomenda-se a utilização de bandejas de poliestireno expandido, de 128 células, na qual as mudas estão adequadas para transplante, quando estiverem com quatro a seis pares de folhas definitivas, ou com 8,0 a 10 cm de altura.

Após o preparo das mudas, as mesmas devem ser levadas a campo, sendo que o espaçamento recomendado para plantios comerciais é de 80 a 100 cm entrelinhas, e 50 a 70 cm entre plantas.

O sistema de plantio em linhas simples é o mais utilizado, entretanto, alguns produtores optam pelo uso do sistema em linhas duplas, no qual se utiliza o espaçamento de 80 a 100 cm entrelinhas duplas, e 40 a 50 cm entre plantas.

Recomendações

Para que se tenha uma boa produção, recomenda-se a implantação de faixas de proteção com bananeiras, pupunheiras e outros palmitos, os quais, além de impedir ou minimizar a passagem de ventos, proporcionam uma renda extra ao produtor (Trani et al., 2015).

Deve-se observar sempre as condições climáticas, pois o déficit hídrico pode provocar o murchamento das plantas, além de queimaduras nas folhas e brotos, podendo ocasionar até a morte das plantas. Em contrapartida, o excesso de umidade pode causar podridão nas raízes e o surgimento de doenças.

Para a realização da adubação, recomenda-se a realização da análise de solo, para que, com base nesta, seja prescrita a quantidade necessária de fertilizantes, levando sempre em consideração a necessidade da planta e o que já existe no solo.

Pode-se utilizar a adubação orgânica. No caso de esterco bovino, é indicada a aplicação de 20 a 40 toneladas por hectare, ou 5,0 a 10 toneladas por hectare de cama de frango. Ambos devem ser bem preparados e aplicados cerca de 30 dias antes do plantio, para que assim seja possível garantir que os mesmos estão bem compostados.

Para o uso da adubação mineral, é importante o auxílio da análise de solo, e a mesma pode ser dividida em adubação de plantio e de cobertura. A de cobertura deve ser realizada a cada 15 ou 20 dias aplicando de 20 a 40 kg ha¹ de nitrogênio, 5,0 a 10 kg ha¹ de fósforo e 10 a 20 kg ha¹ de potássio, que devem ser fornecidos próximo às plantas.

Além destes, é necessário a aplicação de micronutrientes, pois a couve é uma hortaliça exigente em boro e molibdênio. Os mesmos devem ser fornecidos juntamente com os fertilizantes de plantio, na dose de 1,0 a 2,5 kg ha¹, e é importante observar a quantidade já existente no solo e assim se fazer a complementação, pois doses altas podem ocasionar sérios problemas para a cultura, visto que são micronutrientes e as plantas necessitam dos mesmos em menores quantidades.

Visto de perto

É importante, durante o cultivo, realizar o monitoramento nutricional das plantas, por meio da análise foliar, realizar o controle de pragas e doenças, e manejo de plantas daninhas, pois estes são fatores que, se não forem bem manejados, podem acarretar prejuízos à produção final.

Controle de pragas e doenças

Dentre os principais cuidados a serem tomados durante o cultivo da couve, destaca-se o controle de pragas e doenças, pois este é o fator que mais gera perdas durante o ciclo da cultura.

Dentre as principais pragas que atacam a espécie, podemos destacar o pulgão, lagarta curuquerê, lagarta-mede-palmo, traça-das-crucíferas, mosca-branca, lesmas e caramujos, entre outros. Os mesmos podem causar severos danos, que acarretarão em uma grande perda econômica.

Sendo assim, é preciso ficar atento e fazer o controle na hora certa, quando a praga ainda estiver no início e em baixa quantidade, sendo sempre recomendado o uso de inseticidas naturais. Porém, ao se atingir um nível alto de insetos, é necessário fazer o uso de produtos químicos, para garantir o controle e a produção.

Em relação às doenças, as que mais se destacam são a podridão negra, que provoca o amarelecimento do limbo foliar e o surgimento de manchas necróticas, e a podridão mole, que apresenta uma podridão úmida e mole na haste, a qual acaba destruindo o caule e levando à morte da planta. Ambas são causadas por bactérias e influenciadas pelas altas temperaturas e umidade do ar.

Além destes problemas, podem haver danos causados por doenças fúngicas de solo e bacterioses. Sendo assim, é importante realizar um bom preparo do terreno que será utilizado, para proporcionar o melhor ambiente para o desenvolvimento das plantas.

O controle de plantas daninhas deve ser realizado sempre que necessário, pois em muitos solos há uma grande incidência destas plantas invasoras, que podem competir com o cultivo principal, diminuindo assim a produtividade.  

Produtividade

O cultivo de espécies como a couve pode melhorar a produtividade da propriedade, principalmente se cultivada em consórcio com outras culturas, visto que haverá uma diversificação da produção e produtos diferentes para serem fornecidos durante o ano, garantindo assim uma maior rentabilidade.

É uma espécie que tem ganhado destaque devido à grande procura dos consumidores pela mesma, pois é uma das hortaliças mais ricas em diversos nutrientes, além de apresentar ações anticancerígenas.

A produtividade média da couve é de 3,0 a 5,0 kg de folhas por planta, durante o ciclo de seis a oito meses (Trani et al., 2015). Sendo assim, a produtividade estimada por hectare é de 8.000 kg/ha.

Custo

O custo de produção da couve é de aproximadamente R$ 8.000,00 por hectare, sendo a maior parte direcionada à mão de obra, com cerca de 27,5% do valor. O segundo maior valor é com os insumos agrícolas, em que se encontra cerca de 23,3% deste montante total. O preparo da área e tratos culturais correspondem a 20% deste total, e os 29,2% restantes são com custos com formação de mudas, arrendamento, caso tenha, entre outros.

Colheita

A colheita da couve se inicia de dois a três meses após o transplante das mudas, sendo realizada a cada sete a 10 dias, quando são retiradas as folhas que estão bem desenvolvidas e com o tamanho exigido pelo mercado, que varia de 20 – 30 cm de comprimento. Após serem colhidas, junta-se as folhas em maços com oito a 12 unidades.

Investimento x retorno

Os preços das hortaliças são muito variáveis durante o ano, pois são influenciados pela época de produção e pelo período chuvoso da região, entretanto, a couve possui um consumo estável dentro de grande parte das famílias e assim consegue ter seu valor estabilizado.

A couve folha é uma hortaliça muito consumida e bem aceita pelos consumidores brasileiros, logo, sua produção se torna de fácil escoamento no mercado local. Porém, por se tratar de um produto perecível, a logística acaba influenciando, pois se o transporte for a longas distâncias esta produção acaba ficando comprometida.

Entretanto, é uma cultura que possui uma boa margem de lucro, em torno de 15%, podendo ser até maior, dependendo da forma e da época em que é comercializada. Atualmente, a comercialização predominante é em maços, com oito a 12 folhas, e seu preço pode variar de R$ 2,00 a R$ 4,00.

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