Â
Giovani Belutti Voltolini
Ricardo Nascimento Lutfala Paulino
Graduandos em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Tiago Teruel Rezende
Engenheiro agrônomo, doutorando em Agronomia – Fitotecnia pela UFLA
Atualmente, o feijão possui grande importância na cadeia alimentÃcia, sendo um dos mais consumidos do Brasil. Entretanto, alguns fatores externos à cultura fazem com que a sua produção seja reduzida, como pragas, doenças e também adversidades climáticas. Entre esses fatores, os que mais impactam negativamente na produtividade da cultura são as doenças, principalmente a antracnose e a mancha angular.
A antracnose
A antracnose é causada pelo fungo Colletotrichum lindemuthianum, apresentando ampla dispersão no Brasil. Esta doença vem sendo muito pesquisada devido à severidade dos danos causados, visto que, em casos de ampla infestação devido a condições favoráveis ao patógeno, pode acarretar em perdas de 100% da produção do feijoeiro.
Prejuízos trazidos pela antracnose ao feijoeiro
Os danos causados pela antracnose podem se estender por toda a planta de feijão, estando presentes na parte aérea e também no sistema radicular. Entre os prejuízos causados pela ocorrência da doença, destacam-se a produtividade, que pode ser severamente afetada, e também a depreciação do grão, tornando-o, assim, impróprio para o consumo.
Estes prejuízos são influenciados pelo tempo de ocorrência do fungo à cultura, sendo que quanto mais cedo o patógeno estiver presente nas lavouras, maior será a intensidade dos danos causados às plantas.
Outros fatores, como o clima e a sanidade das sementes utilizadas no plantio, são considerados, visto que as maiores fontes de disseminação da doença são as próprias sementes.
Condições propÃcias à disseminação da doença
As condições favoráveis ao desenvolvimento da doença são temperaturas moderadas, variando de 15 a 22ºC, associadas à alta umidade relativa do ar, principalmente quando superiores a 80%. Estudos mostram que períodos de molhamento foliar entre 18 e 24h aumentam acentuadamente a severidade da antracnose.
Devido a esses fatores necessários à disseminação, a ocorrência da doença se limita a alguns períodos, visto que em algumas épocas as condições climáticas não favorecem o desenvolvimento do patógeno.
Sobretudo, esta não ocorrência durante todo o ano agrícola ajuda na inferência de uma análise temporal, auxiliando assim na escolha da melhor variedade a ser plantada ou também das melhores épocas para realizar a pulverização visando o controle do patógeno.
Uma das causas que auxilia na potencialização desta doença no feijoeiro é a disseminação, que pode ocorrer de variadas formas, sendo a mais importante pelas sementes utilizadas no plantio. Outras formas também são muito utilizadas pelo fungo para sua reprodução, sendo estes os fatores climáticos, como ventos e chuvas.
O agente causal da antracnose pode permanecer no solo, por meio dos restos da cultura, por até 24 meses, possibilitando assim maiores condições de disseminação. Este fator auxilia principalmente na disseminação por sementes, como o local onde o fungo permanecerá até as próximas safras.
Regiões mais atacadas
Pelo exposto anteriormente, as regiões que mais sofrem com a incidência da antracnose na cultura do feijão são o Sudeste e Nordeste, cujas temperaturas e umidade relativa do ar propiciam maior desempenho desta doença. Consequentemente, tais regiões devem se atentar para um controle eficaz do patógeno, evitando assim prejuízos aos produtores.
Sintomas da doença na lavoura
A ocorrência da antracnose no feijoeiro pode ser observada na face abaxial das folhas, onde ocorre o escurecimento das nervuras, podendo até necrosar as áreas ao redor das nervuras. Os sintomas podem ocorrer nas hastes e nas vagens, sendo que, nesses tecidos, os sintomas caracterÃsticos são lesões circulares e deprimidas, com centro cinza e bordos pardo-avermelhado e salientes. Nos grãos podem surgir manchas quando a infecção pelo fungo ocorrer na fase de enchimento de grãos.