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Escolha de híbridos de tomates deve ser por microrregiões

Rafael Rosa RochaEngenheiro agrônomo e mestrando em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola – Universidade Estadual do mato Grosso (UNEMAT)rafaelrochaagro@outlook.com

Fernanda Lourenço DippleZootecnista, engenheira agrônoma, especialista em Perícia e Licenciamento Ambiental, mestra em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola e docente adjunta – UNEMATfernanda.dipple@gmail.com

Tomate – Fotos: Shutterstock

A tomaticultura é um segmento do agronegócio mundial e nacional de grande importância na geração de trabalho e renda. Em 2018, 182 milhões de toneladas de tomate foram produzidas em 4,7 milhões de hectares em todo o mundo. No Brasil, que é o décimo maior produtor mundial, foram produzidas 4,0 milhões de toneladas de tomate em 57 mil hectares (FAO, 2020), apresentando grande rentabilidade devido à alta demanda de consumo desta hortaliça -fruto.

Genética a favor do campo

O sucesso da lavoura de tomate depende muito do híbrido plantado na propriedade rural, levando em consideração todos os aspectos de adaptação para sua microrregião produtora.

Dessa maneira, as características regionais climáticas, socioeconômicas e a proximidade do mercado determinaram diferentes híbridos de tomate por microrregião homogênea, onde a utilização de híbridos já está consolidada e atende todos os mercados para a produção de tomate, principalmente dos dois grandes grupos, tomates para a indústria e tomates de mesa.

Hora de escolher

Do ponto de vista botânico, o fruto do tomate é uma baga que pode apresentar diferentes formas, tamanhos e cor variáveis. Atualmente, é possível encontrar disponíveis no mercado diversos híbridos de tomateiro, resumindo-se, basicamente, a cinco grupos específicos de diferentes frutos: grupo Santa Cruz, grupo Salada, grupo Italiano, grupo saladete e grupo Cereja ou Minitomate. Possui, geralmente, dois tipos de crescimentos: indeterminado e determinado.

Em relação à coloração, quando imaturos eles são verdes, tornando-se amarelos ou alaranjados, e vermelhos ao amadurecer, o que oscila com a variedade em questão. Com base nas opções disponíveis, a escolha do material a ser utilizado deve ter por direcionamento o mercado consumidor.

Com relação ao formato, o grupo Santa Cruz continua sendo o mais cultivado e consumido, sendo também crescente a busca por frutos de formato mais comprido, como os do grupo Italiano e Saladete.

É também crescente demanda do grupo minitomate ou cereja, sendo este último muito apreciado em pratos que exigem o mínimo de processamento.

Pontos de atenção

Para otimizar a rentabilidade da cultura, é necessário utilizar fatores adequados para seu crescimento, como a época de implantação, o sistema de condução e, principalmente, cultivares adaptadas que permitam maior desenvolvimento da planta e menor ataque de pragas e doenças, além de variedades que sejam termotolerantes, pois altas temperaturas acarretam impactos negativos no desenvolvimento e crescimento das plantas, resultando em baixa produtividade.

Assim, para regiões como o Centro-oeste, encontrar cultivares de tomateiro que sejam tolerantes pode favorecer seu cultivo em diferentes regiões.

Em campo

Outro critério a ser observado na escolha do híbrido é o ambiente de cultivo, pois os diferentes híbridos ou os materiais genéticos têm respostas adaptativas diferentes no sistema de produção em ambiente protegido e/ou a céu aberto.

Em cultivo protegido pode-se ter maior controle ambiental, assim, neste caso, podem ser utilizados materiais ou híbridos mais sensíveis. Híbridos com frutos coloridos são os preferidos neste caso, pois apresentam alto valor agregado.

Em relação ao cultivo a céu aberto, a resistência do híbrido é preconizada, evitando-se aqueles que apresentam maior sensibilidade a condições extremas de temperatura e de umidade, que podem causar problemas como a queda de flores e a diminuição da produção, sendo empregados, neste caso, híbridos ou materiais genéticos mais resistentes a essas condições.

Cuidados, tratos e manejos

Quanto ao plantio e população de plantas, os cuidados são os mesmos, comparando com variedades de tomates. Entretanto, é preciso ter cuidado na escolha do híbrido mais adaptado à região e seguir as recomendações da empresa que o desenvolveu.

O tomateiro é uma cultura de estação quente, sendo muito sensível à geada em qualquer estágio de crescimento. Se exposto a temperaturas abaixo de 10°C, as plantas podem ser prejudicadas por demora na germinação e crescimento inicial menos vigoroso.

Temperaturas frias também reduzem o pegamento dos frutos e atrasam a maturação. Da mesma forma, temperaturas extremas acima de 35°C reduzem o pegamento de frutos e restringem a coloração vermelha nos frutos. Se o estresse hídrico e altas temperaturas ocorrerem ao mesmo tempo, a planta irá produzir frutos mais frágeis.

A faixa de temperatura ótima para o tomate é entre 18 e 27°C. Acima de 27°C, a formação de flores é prejudicada. Por essa razão, a maioria das plantações ao ar livre são implantadas em climas temperados, entre os paralelos 30 e 40, tanto no hemisfério norte quanto sul.

No entanto, com a introdução de variedades modernas, o cultivo de tomate está se tornando cada vez mais comum em condições tropicais de alta temperatura. Umidade relativa ótima em culturas conduzidas em casa de vegetação variam de 60-80%. Em hidroponia, as umidades de 75 e 85% são níveis típicos para período diurno e noturno, respectivamente.

Colheita

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As datas para a maturação variam entre 60 a 70 dias para as variedades cultivadas em determinadas latitudes localizadas mais ao norte, até mais que 95 dias, onde uma única temporada de colheita é mais utilizada. O tomate é sensível a condições de baixa iluminação, exigindo um mínimo de seis horas de luz solar direta para florescimento.

No entanto, se a intensidade da luz solar for muito alta, podem ocorrer rachamentos, escaldaduras e coloração desigual nos frutos maduros. Por essa razão, nos cultivos em estufa, o sombreamento dos frutos é muito benéfico. O comprimento do dia não é crítico para a produção de tomate, fazendo com que o cultivo de tomates em estufas ocorra em diversos tipos de latitudes ao redor do mundo.

Assim, vale ressaltar que a escolha deve se basear também na adaptação da cultivar ao clima do local de cultivo, sempre optando pelo híbrido que seja adequado ao clima local.

Seja assertivo

Os erros mais comuns que observamos começam pela falta de atenção na escolha do híbrido de tomate adaptado à região de produção. Algumas vezes vimos agricultores visitando lavouras de Estados vizinhos, gostando da lavoura e adaptando o híbrido à sua fazenda. Porém, ele não se deu conta que aquele material vai bem somente na região específica, e que não é recomendado para outra.

Assim, o agricultor peca por problemas de adaptação do híbrido e tem maior custo de produção. Portanto, fica a dica – sempre que for plantar uma lavoura de tomates híbridos, procure orientação de um agrônomo e/ou técnico para isso. 

Produtividade

Materiais híbridos têm um custo de sementes maior, porém, seus benefícios são extremamente vantajosos, incluindo a produtividade. Estes materiais são desenvolvidos visando maior resistência a pragas, doenças e estresses, e assim sofrem menos durante seu ciclo, que por consequência entrega maior produção com menor custo.

A produção a mais, com os híbridos, pode chegar a 20%, comparando com variedades de tomates comuns. Além de maior produção, os híbridos entregam frutos mais bonitos e sadios, conseguindo assim melhores preços na venda e tempo de prateleira nos distribuidores.

Em campo

Pesquisas sobre teste de híbridos em todas regiões são necessárias para auxiliar o produtor na escolha.  Em Nova Mutum (MT), no centro do Estado, região de divisa de bioma Cerrado e Amazônico têm sido realizadas grandes pesquisas sobre diferentes híbridos, principalmente do tipo salada e saladete de crescimentos determinado, visando o mercado de mesa “in natura”.

Em uma destas pesquisas com híbridos, conduzidos sem poda, tutorados no sistema meia estaca sob cultivo protegido, cultivados em condições de altas temperaturas, entre janeiro e maio de 2018, notou-se que um híbrido se sobressaiu sobre os demais, sendo ótimo para essa microrregião.

Outra pesquisa nessa microrregião é com o cultivo de nove cultivares avaliadas, de hábito de crescimento determinado, do tipo Saladete, em que duas se destacaram.

Já em experimentos de Schwarz et al. (2013), no município de Pinhão, na região centro-sul do Paraná, com clima subtropical úmido mesotérmico, com verões frescos, invernos com ocorrência de geadas severas e frequentes, não apresentando estação seca, utilizou-se, em cada experimento, 10 híbridos de tomate, que foram cultivados de forma rasteira.

Todos os híbridos são de crescimento determinado, com exceção de um. Já nessa situação e em anos de experimento, outro híbrido destacou-se com a maior produção, diferindo estatisticamente dos demais.

Nota-se que em cada região os resultados foram diferentes, deixando o lembrete ao produtor que é fundamental entender que em cada microrregião há um determinado material ideal.

Custo

Se a recomendação for correta para determinada microrregião o custo x rentabilidade do híbrido será ótimo e promissor, pois a produção será satisfatória. Já a escolha e compra de um material que não seja determinado para tal região acarretará em custo alto e prejuízos futuros na hora de colher.

Assim, a utilização de híbridos que permitem aumentar a produção e o rendimento dos frutos, gerando possibilidades de maior eficiência produtiva, o que torna essa uma opção interessante, pois permite acréscimo da produtividade, o que está aliado à lucratividade da atividade.

E compensa o uso de híbridos? Compensa. O benefício de evoluir para materiais híbridos é enorme, começando pelo incremento médio de 20% na produção e redução de custos com controle fitossanitário em 10%. Em outras palavras, é mais produção com qualidade, geração de mais receita e menor custo de produção.

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