Autores
Milena Christy Santos Jorge – Engenheira agrônoma, coordenadora de Qualidade/RT Substituta – Helix Sementes e Mudas Ltda – milena.santos@agroceres.com
Anália Aurea Alves – Engenheira agrônoma e analista de laboratório de sementes – Helix Sementes e Mudas Ltda – analia.a.alves@hotmail.com
É difícil pensarmos em implantar uma lavoura sem tratamento de sementes com fungicidas, inseticidas e inoculantes. Tanto inseticidas como fungicidas protegem a semente de ataques no solo, principalmente em situações em que o plantio ocorre em condições adversas de umidade e temperatura.
Os inoculantes visam disponibilizar nutrientes e outros compostos, melhorando o desenvolvimento e reduzindo custos. Hoje, boa parte dos produtores busca por soluções para uma inoculação mais eficiente e ágil, como a aplicação no sulco de semeadura.
O sucesso do plantio depende de vários fatores, mas um dos mais importantes é o uso de sementes com alta qualidade e valor agregado para que aconteça o rápido estabelecimento da lavoura na área.
Nas mãos da semente
A semente é o veículo de toda tecnologia gerada e entre os atributos que devem ser atendidos para que ela expresse sua máxima qualidade está a sanidade, que pode ser garantida com o uso de tratamento de sementes.
O tratamento de sementes consiste na aplicação de processos e substâncias que preservam ou aperfeiçoam o desempenho das sementes. Dentre os produtos geralmente aplicados estão os defensivos agrícolas (fungicidas, inseticidas e nematicidas), os produtos biológicos (Trichoderma, bacillus) e inoculantes (Rhizobium fixadoras de nitrogênio), os bioestimulantes (reguladores vegetais) e os micronutrientes.
A semente protegida na fase inicial reduz o ataque de pragas, ajudando na manutenção do estande de plantas. Ademais, as sementes podem trazer consigo patógenos aderidos externamente, no tegumento, ou estar infectadas, acabando por contaminar áreas isentas, sendo aquelas consideradas o principal veículo de transporte e, consequentemente, de contaminação de áreas antes livres de determinado patógeno.
Tratamento de sementes
Em termos de produtividade, quando o tratamento de sementes é feito de forma eficaz, estamos assegurando o controle de alguns fungos e insetos específicos, para que ocorra uma germinação uniforme. Com isso, têm-se plântulas bem desenvolvidas e, consecutivamente, uma lavoura de melhor produção. Além disso, o uso de inoculantes pode melhorar a performance da lavoura, levando a incrementos significativos na produtividade.
O tratamento de sementes pode ser realizado em duas modalidades: o tratamento industrial de sementes (TSI) e o tratamento realizado no pré-plantio, na própria propriedade “on farm”.
O tratamento de sementes industrial preserva melhor a qualidade física e fisiológica das sementes, pois é um processo que evita danos mecânicos, além de garantir a máxima eficiência no uso das moléculas, pois é realizado com máquinas com alta tecnologia.
Entre os benefícios do TSI, se destacam o baixo risco de operação e menor exposição do operador, maior longevidade de armazenamento, assegurando melhor germinação e expressão do potencial produtivo.
Como fazer
O tratamento de sementes nas fazendas ocorre geralmente momentos antes da semeadura. Faz-se o preparo da calda (de acordo com cada fabricante); a semente é separada e a mistura ocorre em equipamentos como betoneiras.
Fazendas com maior tecnologia possuem tratadoras mecânicas específicas, em que, de uma maneira geral, há uma tratadora com compartimento para as sementes, outro compartimento para o produto químico e um compartimento para misturar as sementes e a calda, que é uma bombona que homogeneíza o produto final.
Não se engane
Um ponto importante que deve ser levado em conta no tratamento on farm é que o uso de produtos sem registro e uso de dose equivocada aceleram a resistência de pragas e doenças às moléculas, além do prejuízo à produtividade.
Outros pontos, como o desconhecimento da interação entre os produtos utilizados, como adição de micronutrientes e/ou estimulantes junto ao TS, sem recomendação, com alta incompatibilidade; equipamentos desregulados; fitotoxidade; atraso no desenvolvimento inicial; estande desuniforme; e plantas dominadas devem ser levados em conta, pois todos estes fatores podem contribuir para uma frustração na colheita.
Segundo Amélio Dall’Agnol e Ademir Assis Henning, pesquisadores da Embrapa Soja, no Brasil as sementes mais tratadas são as de milho e de soja e estima-se que mais de 95% das sementes destas culturas sejam protegidas no Brasil via TSI ou on farm, em percentuais quase iguais.
Eles ainda afirmam que a tendência indica que futuramente todos os produtores optarão pelo uso de sementes tratadas, dado seu baixo custo ante os benefícios econômicos. Não vale a pena economizar no tratamento da semente, assim como na qualidade da semente.
Os ganhos de produtividade resultantes do tratamento de uma boa semente compensam o investimento realizado.