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Aplicação de altas doses de fósforo no cafeeiro

 

Adelber Vilhena Braga

Administrador de empresas, cafeicultor e pós-graduando em Cafeicultura pelo IFsul de Minas, campus Muzambinho

adelbervbraga@hotmail.com

Aplicação de altas doses de fósforo no cafeeiro - Cristiano Soares de Oliveira
Aplicação de altas doses de fósforo no cafeeiro – Cristiano Soares de Oliveira

A aplicação de altas doses de fósforo no cafeeiro é uma nova técnica desenvolvida após experiências que mostraram melhoria da produtividade de outras culturas com aplicações elevadas desse mineral. No entanto, seu uso tem se mostrado um tema bastante polêmico e controverso, haja vista que as instituições de pesquisa não se entendem a respeito do assunto.

Por ser um tema recente, poucos estudos foram conduzidos a respeito, e alguns ainda estão em andamento. Entretanto, o que se percebe é que os resultados das pesquisas tendem sempre a confirmar as hipóteses testadas, ou seja, o tipo de solo, o clima, o sistema de plantio e a forma de condução da lavoura devem estar influenciando os resultados.

Momento de incertezas

O aumento da produtividade do café aliado à melhoria da qualidade dos grãos e redução dos custos de produção são os pilares básicos para dar competitividade e sustentabilidade à cafeicultura brasileira. Mas, para que esse fim seja alcançado, há necessidade de repensar continuamente o sistema produtivo de café, buscando sempre novos conhecimentos que permitam manter esses pilares.

A cafeicultura nacional vive dias de incertezas e insegurança, principalmente por questões climáticas, por isso, é preciso priorizar a otimização dos recursos por meio do uso correto de fertilizantes, principalmente dos macronutrientes mais limitantes de produção, nitrogênio, fósforo e potássio.

Segundo Mendes (2009), pesquisas nas principais regiões cafeeiras têm demonstrado que um dos fatores limitantes de produção é a carência de macronutrientes, apontando a necessidade de informações concretas quanto às exigências nutricionais em diferentes condições de manejo, tipos de solo e estádios fisiológicos da planta.

O fósforo é um nutriente importante em todo o ciclo do cafeeiro Fotos Cristiano Soares de Oliveira
O fósforo é um nutriente importante em todo o ciclo do cafeeiro Fotos Cristiano Soares de Oliveira

Nutrição x produtividade

O café é um dos principais produtos de exportação do Brasil, sendo que o seu cultivo ocupa extensas áreas agrícolas do País. A maioria dos solos tropicais, incluindo os brasileiros, apresenta elevada capacidade de retenção de fósforo e baixos teores desse nutriente em formas disponíveis. Sendo assim, a adubação fosfatada realizada nessas regiões, dentro dos critérios atuais, demonstra-se pouco eficiente, visto que grande parte do nutriente adicionado é retida pelo solo.

Analisando lavouras em produção no Cerrado, chegou-se à conclusão de que a aplicação ou não de fósforo era o principal fator que diferenciava as áreas com repetição de safra das áreas de baixo pegamento de florada. Por esses e outros motivos, várias pesquisas foram desenvolvidas com o intuito de se verificar as consequências da aplicação de diferentes doses de fósforo no cafeeiro em várias regiões do país, doses essas que variam entre 0 e 600 quilos de P por hectare/ano.

 Encontrar a dose de fósforo ideal é essencial para o sucesso da atividade Fotos Cristiano Soares de Oliveira
Encontrar a dose de fósforo ideal é essencial para o sucesso da atividade Fotos Cristiano Soares de Oliveira

Desenvolvimento

Por muitos anos, o cafeeiro foi considerado uma planta que não respondia à aplicação de doses maiores de fósforo no solo em sua fase de produção. Provavelmente, chegou-se a esta conclusão devido ao fato de o fósforo ser um dos nutrientes menos exportados pelo cafeeiro, como descrito nos trabalhos do professor Eurípides Malavolta, que também creditava ao nutriente o papel de armazenar e transferir energia para a planta.

O fósforo é um nutriente importante em todo o ciclo do cafeeiro, pois participa da fotossíntese, respiração e, principalmente, do desenvolvimento do sistema radicular. A fixação desse nutriente no solo tem sido considerada o maior limitante à sua manutenção em níveis adequados, o que dificulta a nutrição do cafeeiro.

Segundo Martins (2008), a manutenção de razoável concentração de fósforo na solução do solo pode ser considerada como ponto chave para se promover uma adubação fosfatada eficiente. A concentração de fósforo na solução depende da dose adicionada, do volume de solo fertilizado, do tempo de reação do fósforo com o solo e da sua capacidade de adsorção. Adsorção é a capacidade do solo de reter o fósforo, reduzindo o aproveitamento pela planta. Nesse caso, solos argilosos apresentam maior capacidade de adsorção do que solos arenosos.

O elemento

Segundo Guimarães (2014), quando se faz adubações com baixas quantidades desse fertilizante, quase sua totalidade fica retida no solo, sobrando pouco para a planta. É importante lembrar que as tecnologias que se tem até hoje de fósforo existem desde 1840, e, desde então, houve uma evolução muito pequena em termos de tecnologia.

As pesquisas acerca do comportamento do fósforo no solo foram intensificadas a partir do desenvolvimento da tecnologia do estresse hídrico controlado pela equipe da Embrapa Cerrados.

Existia uma demanda crescente por informações sobre a influência da adubação fosfatada no desenvolvimento, vigor, sanidade das plantas e pegamento da florada, e ainda a ideia de que o nível de fósforo observado nas análises do solo de alguma forma não representava o que realmente estava disponível para os cafeeiros.

Por isso, pesquisas foram desenvolvidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais ” Epamig em parceria com a Universidade Federal de Lavras ” UFLA, pela Embrapa Cerrados e pela Fundação Procafé, todas instituições participantes do Consórcio Pesquisa Café.

Essa matéria completa você encontra na edição de fevereiro da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira a sua para leitura integral!

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