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Arroz: Recorde de exportações e preço triplica

Wilson José Oliveira de Souza  Doutor em Agronomia e professor de Mecanização Agrícola e Plantio Direto – UNESP –  Campus de Registro (SP) wilson.souza@unesp.br

Alana Novaes da Silva

Gabriel Farina de Andrade

Luis Renato Fernandes

João Pedro Martins de Osti

Graduandos do Curso de Engenharia Agronômica – UNESP

Arroz – Crédito: Ricetec

O preço do arroz produzido no Brasil mais que triplicou de janeiro de 2010 até o final de agosto deste ano. O encarecimento do arroz para os consumidores nos últimos meses está relacionado à queda da área plantada nos últimos anos, devido à baixa remuneração aos produtores, além do aumento das exportações.

Com o dólar num patamar mais elevado, os produtores tendem a exportar mais. Isso diminui a oferta no mercado interno e contribui para a alta do preço.

Confira os fatores responsáveis pela alta de preço do arroz:

þ De janeiro a setembro exportações superaram 665 mil toneladas (2019) e 1,15 milhões de toneladas no mesmo período deste ano;

þ Venezuela comprou 20% de todo o exportado (aumentou em 32% – 60.000 t adquiridas) neste ano;

þ Cuba, que compra 11%, aumentou em 110% a importação do Brasil;

þ O México, que compra arroz principalmente dos EUA, também comprou do Brasil, via Montenegro (tarifas alfandegárias com o México são mais elevadas);

þ África do Sul também entrou no rol de compradores do arroz brasileiro;

þ A China, maior produtora e consumidora mundial do grão (recorde de produção de 148,9 Mi toneladas em 2019), também comprou arroz no Brasil este ano;

þ Adição de 25 novos países compradores, que não compraram em 2019.

þ Desvalorização do real, frente ao dólar. Para cada unidade exportada em dólar, o produtor está recebendo mais reais pela unidade. O mercado interno remunera menos, sob este aspecto.

þ Outro aspecto, a política de estoques reguladores: em 2010, o Brasil tinha um estoque de mais de 2,5 Mi de toneladas, em 2018/19, menos de 1/5 disso e em 2019/2020, menos de 450 mil t em estoque. 

Produção nacional

Em 2019 o Brasil produziu aproximadamente 12 milhões de toneladas de arroz, e neste ano houve redução de aproximadamente 13% na produção, em função dos preços do produto que não estavam remunerando o produtor desde 2015 e condições adversas de clima, especialmente período de longa estiagem.

4. Qual a produtividade média do Brasil e da região mais tecnificada?

Brasil (2018/2019) RS (2018/2019) Mais tecnificado (região Sul)
Produz 11 Mi toneladas Produziu  9,18 Mi toneladas
Produtividade média: 6.741 kg/ha Produtividade média 8.300 kg/ha
Área cultivada: 1,65 Mi ha Área cultivada: 1.10 Mi ha

Se pegarmos a safra de 1976/77, com 8,9 Mi t, para 11 Mi t (2019/20), com produtividade saindo de 1.500 para 6.741 kg/ha, a área sofreu declínio de 60,4% no período (de aproximadamente 6,0 Mi ha para 1,65 Mi ha).

O arroz tem perdido área cultivada ao longo dos anos, com ganhos de produção, especialmente pelo aumento da produtividade, decorrente do uso de novas tecnologias, como variedades mas produtivas, melhor manejo fitossanitário e máquinas agrícolas mais eficientes.

O Brasil consome aproximadamente 10,5 Mi t, o equivalente a quase toda a produção nacional, que se retraiu desde 2010, exigindo do Brasil realizar importações do produto.

Produção pelo mundo

O arroz é o cereal mais consumido no mundo – na safra 2018/19 chegou a 494 milhões de toneladas. O maior consumidor mundial é a China, com 142,9 Mi t (2018/19).

A China é o maior país produtor de arroz do mundo (148,9 Mi t em 2019), seguida da Índia (116,48 Mi t produzidas em 2018/19), que também é o maior exportador, com 10,42 Mi t, logo após o Vietnã (27,34 Mi t), que é o terceiro maior exportador, com 6,58 Mi t, e a Tailândia (20,34 Mi t), segundo maior exportador, com  7,56 Mi t. O Brasil é o 11º produtor no ranking mundial.

Do manejo

O arroz é cultivado em áreas de sequeiro, também chamadas de terras altas, com produtividades menores. Há também o arroz irrigado, que alcança produtividades maiores. Em terras altas, o cultivo é realizado em sistema de cultivo convencional, envolvendo o preparo do solo com aração e gradagem e posterior semeadura, seguido de controle de plantas daninhas com herbicidas.

Chamo a atenção para alguns trabalhos que fizemos no Vale do Ribeira, comparando sistemas de produção conservacionista (cultivo convencional, cultivo mínimo e plantio direto). Neste momento em que a cultura apresenta uma rentabilidade favorável, não se pode desprezar a significativa redução de custos de produção, com a adoção do sistema de plantio direto ou cultivo mínimo.

Trabalhos têm demonstrado que o cultivo mínimo é uma boa opção para a retomada da cultura na região, com produtividade compatível com o sistema convencional e com a média nacional, mas com um custo reduzido a aproximadamente 65% do cultivo convencional.

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