As culturas de
inverno, além de auxiliar agronomicamente o solo para o plantio das culturas de
verão, este ano vão trazer renda ao produtor. Esta é a avaliação dos convidados
do Agropauta Web Talks, realizado na noite desta segunda-feira, 10 de maio.
Além disso, a demanda pela nutrição animal também é um fator preponderante para
a alta procura pelos cultivos. Participaram do debate o presidente da Federação
das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS) e
presidente da Coopatrigo, de São Luiz Gonzaga (RS), Paulo Pires, o chefe-geral
da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, e o gerente de pesquisa da CCGL e
coordenador da Rede Técnica Cooperativa (RTC), Geomar Corassa.
Corassa trouxe números da RTC que apontam que a área de trigo no Rio Grande do
Sul deve crescer ao menos 10% nesta safra e que pode, inclusive, as
expectativas superarem este indicativo inicial. “Conseguimos vislumbrar
uma expansão das culturas de inverno, com destaque para a cultura do trigo,
muito em função de o produtor em tentar usar melhor sua área no inverno e
também baseado em uma expectativa de uma realidade de preço diferenciado que a
gente não via há muitos anos e isso anima o produtor para uma expansão de área.
Mas também uma expansão de áreas de outras culturas como aveia, canola, cevada,
centeio e triticale que também buscam seu espaço e trazem um viés de
rentabilidade. Temos relatos de muitas cooperativas que a área de canola está
crescendo assim como a de cevada”, observou.
De acordo com Pires, o aumento deve ocorrer especialmente em áreas em que não
eram tradicionais a implantação da cultura, além da manutenção em áreas
intensivas como as Missões e a região de Santa Rosa. Sobre a questão dos custos
em relação à renda, o dirigente reforçou que o produtor tem um cenário
favorável como não se via há tempos. “Todos os produtores e técnicos sabem
do potencial da lavoura de trigo hoje. Não tenho dúvidas que é um momento
extraordinário para levar renda para a propriedade. Saímos de uma safra boa de
verão, com remuneração igualmente boa. É muito importante que os que trabalham
com a pesquisa apresentem o trigo como uma cultura fundamental na propriedade,
mostrando a cultura como uma cultura promissora, do lado agronômico, técnico e,
neste ano, também do lado econômico”, salientou.
Já Lemainski apresentou que no Brasil Central o cenário era de 220 mil hectares
cultivados e há uma expectativa de aumentar para 250 mil hectares. Já no Sul do
Brasil o indicativo de quebrar a barreira de um milhão de hectares no Rio
Grande do Sul. “Sob o ambiente do aspecto técnico, a utilização da terra é
imprescindível para melhorarmos a condição de estrutura do solo. Sob o ponto de
vista da intensificação sustentável necessária, a melhor safra de verão é
preparada no inverno. Reduzo o custo em R$ 120,00 por hectare no uso de
herbicidas numa lavoura de soja com uma lavoura de inverno. Sob esse ponto de
vista de manejo eficiente eu posso ter estas oportunidades que estão postas.
Não só na lavoura de trigo para consumo humano, que é a principal vertente, mas
há liquidez estabelecida no mercado”, ressaltou.
O Agropauta Web Talks é promovido pela AgroEffective e quinzenalmente traz nas
segundas-feiras um debate virtual sobre temas relacionados ao setor. O próximo
assunto será dia 24 de maio, às 19h, discutindo o novo status sanitário para o
Rio Grande do Sul com a perspectiva de confirmação pela Organização Mundial de
Saúde Animal (OIE) para livre de aftosa sem vacinação.