27.1 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosPulgão no milho safrinha

Pulgão no milho safrinha

Talis Melo Claudino
Engenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia/Energia na Agricultura – UNESP/FCA de Botucatu
t.claudino@unesp.br
Tarciso Melo Claudino
Técnico agrícola e graduando em Engenharia Mecânica Empresarial – Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
tarcisoclaudino@furg.br

A cultura do milho apresenta grande importância econômica para o agronegócio brasileiro, em que sua maior época de cultivo é a safra de inverno, sendo semeado logo após a colheita da soja.
A opção de realizar a segunda safra em seu início foi denominada como “safrinha”, mas com o passar dos anos se viu a grande importância deste cultivo e da rentabilidade que traz ao agricultor. Entretanto, é um cultivo de risco, e exposto a faltas de chuvas e à possibilidade de geada as áreas semeadas mais tardiamente podem ter um colapso.

O pulgão

Como descrito anteriormente, o pulgão-do-milho é uma praga secundária que encontra o seu principal desenvolvimento na faixa de temperatura de 18 a 24°C, com longevidade de até 28 dias em ambientes com temperatura média de 20°C.
Causando prejuízos principalmente em períodos mais secos, esse afídeo se hospeda em diversas culturas, como o milho, sorgo, cevada, aveia, triticale e as mais diversas gramíneas. Suas colônias são encontradas no cartucho da planta de milho, onde sua comunidade é formada por colônias de fêmeas adultas ou ninfas.
Para sua sobrevivência, o pulgão-do milho se alimenta de seiva elaborada da planta, principalmente os tecidos mais jovens, onde, a partir de sua câmara-filtro, que exsuda o que foi absorvido em excesso pela praga, deposita sobre as folhas estes exsudados formados por açúcares e outros polissacarídeos, substâncias denominadas “honeydew”.
A deposição deste composto sobre as folhas a deixa meladas e pegajosas, em virtude do caráter açucarado do honeydew. Fungos são beneficiados e nestes lugares se alojam, onde o principal gênero favorecido é o Capnodium. Há, então, a formação de uma camada escura sobre as folhas, conhecida por fumagina.
Os danos da fumagina se iniciam pela diminuição da capacidade fotossintética da planta, visto que a concentração do filme escuro sobre a folha impede a entrada de luz para realização da fotossíntese. Além disso, na fase de emissão do pendão, o acúmulo da substância açucarada e pegajosa realiza a aglutinação dos grãos de polén, os impedindo de serem disseminados, assim como quando depositado o honeydew no estigma, ocorrem falhas de polinização e fecundação dos grãos.
Pelo modo de alimentação do pulgão-do-milho (estiletar), a transmissão de vírus é comum, haja vista que o vírus fica aderido ao estilete, e quando ocorre a picada, a planta é infectada.

Incidência

A infestação do pulgão-do-milho acontece em plantas isoladas, se dispersando em reboleiras nos campos durante o período vegetativo e próximo ao lançamento do pendão. Até V10 as perdas são de 8%, quando a infestação se encontra em 818 pulgões por planta, já no estágio reprodutivo R2-R4, quando a planta possui até 1.038 pulgões, as perdas médias são de 16%.
Por efeito de curiosidade, Ávila e colaboradores (2015) observaram que a adubação nitrogenada contribui para o aumento da incidência de pulgão no milho, independente da sua espécie. Ou seja, adubações nitrogenadas em excesso, estresses hídricos e falta de manejo no início do desenvolvimento do pulgão podem trazer grandes prejuízos.

Controle

Entretanto, o manejo dele é possível. Deve-se pensar inicialmente no manejo integrado de pragas, utilizando as tecnologias químicas, biológicas e físicas para o controle desta praga no momento correto, quando o pulgão irá começar a causar danos econômicos à lavoura.
Alguns híbridos apresentam maior tolerância, e como dito anteriormente, por relações hídricas, há anos em que o pulgão apresenta maior incidência e prejuízo às lavouras.
Grande variedade de inimigos naturais realizam o equilíbrio ecológico no controle do pulgão. Predadores como joaninhas, larvas de sirfídeos, tesourinha e crisopídeos, além de parasitoides como o Aphidius sp., e por fim doenças fúngicas, podem realizar o controle biológico.
Todavia, um diagnóstico precoce deve ser realizado para observar a presença da praga na lavoura, para que, desta forma, seja realizado seu controle de forma eficaz, diminuindo a possibilidade do alavancamento de populações. Isto é dado desde a escolha de híbridos mais resistentes às pulverizações de agroquímicos.

Manejo

As pulverizações realizadas à base de neonicotinoides, amplamente comercializados no mercado sob diversas marcas e associações com piretroides, são uma ótima alternativa para o controle deste inseto, já que o neonicotinoide apresenta residual na planta, quando o pulgão realiza a picada, ele absorve o defensivo que o leva à morte. Por se tratar de um produto residual, este apresenta carência, que deve ser respeitada.
O agricultor precisa ter em sua consciência que a entrada com defensivos causa um desequilibro no sistema natural, e que por isso deve ser realizado o MIP à risca. Com o manejo integrado de pragas realizado corretamente o produtor terá o maior rendimento de sua produção, observando a produtividade atingida e os custos com defensivos aplicados em sua lavoura.
Sempre deve-se procurar um engenheiro agrônomo responsável pela diversidade biológica e a rentabilidade para esclarecer dúvidas e realizar as aplicações nos momentos corretos, com as moléculas corretas e buscando o menor impacto ao sistema.

ARTIGOS RELACIONADOS

Controle biológico de pragas florestais em pinus

O pinus pode ser atacado por diversas pragas, destacando-se as seguintes: vespa-da-madeira, pulgões-gigantes-do-pinus, gorgulho do pinus e as formigas cortadeiras. A que provoca mais danos ao pinus é, sem dúvida, a vespa-da-madeira (Sirex noctilio), um inseto originário da Europa, Ásia e norte da África.

Controle eficiente de plantas daninhas em eucalipto

O Brasil está entre os maiores países em área de florestas plantadas. Dentre as espécies destaca-se ...

Controle das brocas-das-cucurbitáceas

As brocas-das-cucurbitáceas Diaphania nitidalis e D. hyalinata (Lepidoptera: Crambidae) ...

Principais pragas e doenças da framboesa

O Botrytis, ou mofo cinzento – agente causal Botrytis cinerea, tem sintomas que surgem ...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!