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Propagação e formação do pomar

Paula Almeida NascimentoDoutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)paula.alna@yahoo.com.br

Framboesa – Créditos Luciano Ilha

A framboeseira pode ser propagar pelo método da estaquia e micropropagação. A propagação dessa fruteira via sementes não é recomendada, considerando a variabilidade genética e do longo tempo de espera para frutificação.

Estaquia

A estaquia consiste no enraizamento de estacas herbáceas de 15 a 20 cm de comprimento, retiradas da própria lavoura nos meses de maio a julho. Essas estacas devem ser colocadas em tubetes com areia esterilizada e, posteriormente, transplantadas para recipientes maiores contendo substrato, ou elas podem ser colocadas em feixes e enterradas no solo em local sombreado.

Micropropagação

No método de micropropagação, milhares de clones de uma planta são produzidos a partir de uma única célula vegetal somática ou de um pequeno pedaço de tecido vegetal (explante).

Esse método baseia-se nas técnicas da cultura de tecido vegetal in vitro, seguindo os seguintes passos para a produção da muda: pré-tratamento de plantas matrizes (quanto à presença de pragas); coleta do explante; indexação; desinfecção dos explantes; extração de meristemas; estabelecimento in vitro; multiplicação; enraizamento; transplantio em casa de vegetação e aclimatação.

A micropropagação é empregada com sucesso para diversas fruteiras, em função de possibilitar a produção de grande quantidade de mudas sadias a partir de um pequeno volume de material genético, em curto período de tempo e pequeno espaço físico.

Plantio de mudas

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O pH do solo deve ser corrigido de seis meses a um ano antes do plantio, considerando que, normalmente, esse é o período necessário para a sua correção. Nitrogênio, fósforo, potássio e magnésio devem ser incorporados nas covas de um a três meses antes do plantio. A exceção está no nitrogênio, que pode ser adicionado ao solo nas semanas posteriores.

Condução e formação do pomar

Logo após o plantio as mudas começam a se desenvolver, havendo crescimento das hastes e formação da parte aérea, a qual necessita de condução. O sistema de condução mais indicado para a maioria das variedades de framboesa é o de espaldeira.

Esse sistema facilita a colheita, a aplicação de agroquímicos, melhora a luminosidade dentro da plantação e evita que as frutas entrem em contato direto com o solo.

Espaldeira simples

Na espaldeira simples, as plantas são presas em um único arame, amarrado de 0,90 a 1,20 m do solo. Os mourões devem ser colocados a cada 6,0 a 9,0 m. As hastes devem ser presas no fim do inverno ou início da primavera. Esse sistema é fácil de construir e não requer grandes investimentos, contudo, a iluminação da linha é reduzida, ocorrendo o surgimento de brotos na entrelinha.

Espaldeira em “V”

O arame é amarrado a três mourões, sendo dois alinhados à frente do terceiro e colocados em ângulos de 20 a 30º da margem do solo, o que forma um “V”. Deve-se amarrar metade das hastes em cada lado do arame. Esse sistema minimiza a competição por luz, facilita os tratos culturais e aumenta a produtividade, porém, é mais caro.

Espaldeira em “T”

Esse é o sistema mais utilizado. Nele, estacas de 0,75 a 1,0 m de comprimento são colocadas nos mourões e o arame é passado ao seu redor. Os mourões também devem estar distanciados a cada 6,0 a 9,0 m.

As hastes podem ser presas ao arame ou simplesmente ficar apoiadas. A condução em forma latada não é recomendada, pois a framboeseira tem hábito de crescimento próximo às plantas rasteiras, apresenta constante renovação da parte aérea e só produz nas extremidades dos ramos.

Geralmente, as plantas começam a produzir de 1,0 a 1,5 ano, após as mudas serem transplantadas. A frutificação ocorre a partir de novembro, com colheitas se estendendo de dezembro a março, em função da variedade, local de cultivo e condução.

Nas variedades tipo remontantes pode existir produção no outono (de março a maio). A framboeseira atinge a maturidade quatro anos após o plantio, com produtividade de 5,0 a 6,0 t/ha. As plantas devem frutificar por, pelo menos, seis anos, mas se bem conduzidas podem produzir por até 20 anos.

Ressalta-se que no mesmo ano que as mudas são plantadas, também pode ocorrer florescimento e frutificação. Isto acontece porque as mudas são provenientes de tecido adultos e encontraram condições ambientais favoráveis. Entretanto, o produtor deve descartar as flores e impedir a frutificação, mantendo a energia para o crescimento da planta. Isso a deixará mais reforçada e garantirá a produção nos próximos anos.


Tratos culturais

; Espaçamento/densidade de plantio: o espaçamento recomendado para a framboesa varia de 0,30 m a 0,70 m entre plantas e de 2,0 a 3,0 m entre linhas de plantio. 

; Preparo do solo: recomenda-se a subsolagem do solo, e posteriormente o encanteiramento da linha de plantio com o uso de enxada rotativa (encanteiradeira) para proporcionar o destorroamento do solo, com incorporação dos fertilizantes orgânicos e/ou minerais, dosados com base na interpretação da análise do solo. 

; Plantio das mudas: mudas com torrão em tubetes ou sacos plásticos precisam ser plantadas de preferência após precipitações pluviométricas, em condições de solo com boa umidade. As mudas de estacas enraizadas ou de brotações de raiz nua devem ser plantadas no início da estação chuvosa ou utilizar sistema de irrigação.

; Sistema de irrigação: o sistema de irrigação recomendado é por gotejamento, com distância de 33 a 50 cm entre os gotejadores. O manejo da irrigação pode ser monitorado pela observação visual ou com o uso de equipamentos específicos.

; Fertilização:  a adubação de pré-plantio é efetuada de acordo com a interpretação da análise do solo, com uma fonte mineral de fósforo e potássio com correção do solo, bem como a utilização de esterco de aves ou bovinos. As adubações de manutenção são executadas no final do inverno/antes da brotação e no pós-colheita. Também são utilizadas adubações foliares com o uso do fosfito de potássio, que aumenta a resistência das plantas a doenças, e cálcio e boro, que melhoram a qualidade e aumentam a consistência dos frutos.

; Condução das plantas/tutoramento: são implantados palanques na linha de plantio a cada oito metros de distância que deverão ser enterrados em torno de 1,0 m. Na cultivar Heritage, que pode atingir até 2,0 m de altura, as travessas para suportar os arames serão fixadas em três alturas, a primeira a 40 cm do solo (dois arames paralelos a 40 cm distantes um do outro), a segunda travessa a 1,0 m do solo (dois arames paralelos a 50 cm) e a terceira travessa a 1,60 m do solo (com arames paralelos a 60 cm). Alguns produtores utilizam somente duas travessas com arame duplos, na altura de 0,8 m e 1,60 m.

; Poda: as hastes que brotam na linha de plantio devem ser raleadas, eliminando-se os excessos, deixando-se em torno de 12 a 15 hastes por metro linear. No inverno se despontam as plantas que frutificaram durante o outono anterior e se selecionam as mais vigorosas para produção de primavera, deixando em torno de sete a dez hastes por metro linear, com a finalidade de obter a colheita de primavera/verão, aproveitando as potencialidades das variedades reflorescentes.

Existe a possibilidade de se obter dessas variedades somente produção de outono. Para tanto, na poda de inverno, em vez de despontar os ramos que produziram no outono, faz-se a poda total das plantas ao nível do solo, o que vai determinar que toda produção do ano seguinte seja nas hastes novas, que brotarão a partir da primavera e produzirão no outono.

Existe, ainda, a poda de verão, que consiste na eliminação de todas as hastes de dois anos que produziram na primavera/verão, logo após a colheita, cortando-se ao nível do solo. Todas essas práticas de seleção e poda de hastes exigem a utilização de muita mão de obra, que, sem dúvida, constitui o principal gasto no manejo do pomar de framboesa, juntamente com a colheita.

Portanto, a opção do produtor por um ou outro manejo poderá ser determinada por condições de mercado e disponibilidade de mão de obra para o manejo da plantação.

; Quebra de dormência: a dormência é um estado fisiológico de repouso, no qual plantas de clima temperado e subtropical entram para sobreviver às condições desfavoráveis ao seu desenvolvimento. Normalmente, a dormência é induzida pelas baixas temperaturas de inverno (frio) e pela redução do comprimento do dia e aumento da noite (fotoperíodo).

Quando a região atinge a quantidade de horas necessária para a quebra da dormência (no caso da framboesa, 250 horas de temperaturas e 7ºC), e logo em seguida apresenta aumento da temperatura, a planta sai naturalmente da dormência e inicia a brotação.

Entretanto, quando não há quebra de dormência natural é preciso intervir no processo e ajudar a planta a brotar, o que pode ser feito com produto químico. No Brasil, o produto eficientemente utilizado para forçar a brotação da planta é a cianamida hidrogenada.

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