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Reflorestamento e consorciação com Acacia mangium

Kyvia Pontes Teixeira das Chagas kyviapontes@gmail.com

Daniela MininiEngenheiras Florestaisdaniminini16@gmail.com

Reflorestamento – Crédito Flávio Pereira

O crescimento populacional e as demandas de produção, bem como a necessidade de construção de moradia, empreendimentos e novas rotas de acesso, juntamente com diversos outros fatores, como o uso indiscriminado da madeira para queima em fornos, venda ilegal e limpeza de áreas para cultivo e criação de animais, fazem com que ocorra a supressão da vegetação natural em ambientes variados.

Em algumas formações vegetais o impacto não é tão intenso, mas existem situações em que é ocasionada uma modificação intensa na estrutura das plantas. Desse modo, são necessárias estratégias antrópicas que visem amenizar o efeito negativo das atividades anteriores. Assim, uma das alternativas comumente utilizadas é a prática de reflorestamento.

O reflorestamento compreende uma técnica de regeneração natural ou artificial das florestas e fragmentos vegetais que foram explorados ou modificados anteriormente, principalmente em casos devido ao desmatamento.

Existem reflorestamentos de tipos e com propósitos variados, alguns são aplicados visando a compensação ambiental por algum dano específico, enquanto outros possuem a finalidade de produção madeireira para retorno econômico. Todos estes processos têm que cumprir princípios obrigatórios relacionados a legislação ambiental vigente.

A Acacia mangium

Um dos tipos mais comuns de reflorestamento é com espécies exóticas, de interesse comercial e com rápido crescimento, tendo como intuito a produção madeireira para utilização em subprodutos. Dessa maneira, uma das espécies mais utilizadas é Acacia mangium Willd., que produz madeira de excelente qualidade para fabricação de móveis, é melífera, com produtos apícolas de boa qualidade, sua casca é rica em taninos, além de ser utilizada na forragem animal e para o sequestro de carbono.

Além disso, o produtor pode optar por utilizar a espécie em cultivo consorciado, onde é possível ter o plantio florestal juntamente com outras atividades rentáveis, como o cultivo agrícola formando um sistema agroflorestal, ou um sistema silvipastoril com a criação de bovinos, ovinos ou caprinos na mesma área, ou até mesmo com sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, que possibilita a junção dos três e otimiza a renda do produtor rural.

Como implantar a técnica

Para um plantio de sucesso é importante escolher a área adequada. Muitas vezes o produtor não possui um terreno com relevo uniforme, com alguns locais mais propícios a alagamento, por exemplo.

Assim, o primeiro passo é escolher o local mais adequado para a implantação das mudas, bem como obter mudas de qualidade superior. O segundo item importante é o espaçamento, que pode variar de acordo com a finalidade do produtor.

Realizar o plantio com um espaçamento mais adensado normalmente demanda mais atenção no manejo durante os anos, pois para obter plantas com elevado diâmetro será necessário realizar desbastes seletivos.

Um espaçamento muito utilizado é 3,0 x 2,0 m, mas também pode ser utilizado 3,0 x 1,75 m, com total de 1.904 mudas por hectare. É recomendada a adubação durante o plantio, aplicando cerca de 50 g de adubo NPK 5-20-15 por muda. Além disso, alguns cuidados iniciais são necessários, como remover as plantas daninhas para evitar a competição por nutrientes e a observação de prováveis ocorrências de formigas.

Obstáculos

É importante lembrar que o sucesso de um plantio vem da sobrevivência e crescimento das mudas. Assim, um dos erros mais comuns e que resulta no insucesso do plantio costuma estar relacionado à compra de mudas mais suscetíveis e com baixa variabilidade genética.

Uma alternativa para evitar esse erro é adquirir mudas com aspectos saudáveis e sempre provenientes de viveiros ou produtores confiáveis. Outro fato que merece atenção são as técnicas realizadas no pré-plantio – sempre se deve preparar a área da maneira mais apropriada, por exemplo, com o combate a formigas feito no período certo e o preparo do solo adequado.

Produtividade, custo e benefício

A produção de madeiras de espécies florestais de rápido crescimento tem proporcionado uma boa rentabilidade, principalmente quando consorciadas com culturas em sistemas de integração no Brasil.

A Acacia mangium, por exemplo, é uma árvore com elevada capacidade de crescimento, cerca de 6,0 m de altura por ano, e mesmo com esse rápido crescimento produz uma madeira de elevado valor comercial. Tecnologicamente, a madeira apresenta características que indicam sua utilização para a indústria de colagem de madeira, principalmente em razão dos baixos teores de extrativos e de acidez.

No continente asiático, a espécie vem sendo implantada em substituição à Tectona grandis, tendo grande vantagem econômica e gerando maior lucratividade para o produtor. Algumas estimativas indicam que um hectare de floresta da Acacia mangium apresenta retorno financeiro superior ao obtido com a maioria dos plantios realizados com as espécies de eucalipto.

Esse padrão pode estar relacionado a sua utilização em diversas áreas, possibilitando ao produtor distintas fontes de renda e em períodos alternativos aos ciclos de corte madeireiro. Tanto a madeira como a casca podem ser utilizadas para a comercialização.

Como já citado, a casca desta espécie apresenta altos teores de tanino. Esta substância é utilizada para diversos fins, como adesivo para painéis de aglomerado, para o tratamento e descontaminação de efluentes, pois atua como agente floculante, é um ingrediente ativo responsável pela transformação do couro animal fresco em um material compacto, resistente e durável e para tratamentos medicinais.

Desse modo, optar por realizar os plantios de Acacia mangium individuais ou em consórcios demonstra ser uma alternativa economicamente e ecologicamente interessante. Além disso, o risco de insucesso no plantio pode ser considerado baixo, pois no Brasil já foram plantados mais de 100 mil hectares e não são mencionadas perdas significativas devido a pragas ou doenças.

Somado a isso, a espécie é muito adaptável e o plantio pode ser estabelecido de acordo com a demanda e prioridades do produtor. Caso deseje ter mais de uma espécie florestal, alguns estudos relatam o sucesso no plantio consorciado com os diferentes tipos de eucalipto ou nim indiano, bem como é possível realizar consórcios com espécies nativas. Também é verificado o sucesso em sistemas de integração com a criação de bovinos ou com produção melífera.

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