Pablo Henrique de Almeida Oliveira – Mestrando em Produção Vegetal – Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) – pablohenrickk@gmail.com
André dos Santos Melo – Mestrando em Entomologia – UFRPE – andre.mello004@gmail.com
Dhyene Rayne dos Santos Becker – Mestranda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará (UFPA) – drayneagro@gmail.com
Os insetos são grandes responsáveis por perdas agrícolas e transmissão de várias doenças. Para atenuar o dano causado por eles, a principal forma de controle utilizada são os produtos químicos.
No entanto, o uso descontrolado desses produtos pode causar contaminação do meio ambiente e intoxicação de seres humanos. Com o intuito de contornar essa problemática do uso desses produtos, uma alternativa bem interessante é a utilização de bioinseticidas, que são mais viáveis que os agroquímicos, além de serem microrganismos selecionados em ambiente natural.
Os bioinseticidas
Os produtos biológicos ou bioinseticidas utilizados para o controle de pragas agrícolas, no Brasil, são regulamentados pela Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989 (Brasil,1989), a lei de agrotóxicos e afins.
Essa lei define que “os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos são destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos”.
Seguindo esse contexto, são considerados agentes de controle biológico (entomopatogênicos, parasitoides, predadores e nematoides).
No Brasil, os órgãos federais responsáveis pela avaliação e pelo registro de agrotóxicos e afins são o Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
Dentre os bioinseticidas conhecidos, pode-se mencionar a bactéria Bacillus thuringiensis e os fungos Metarhizium spp. e Beauveria bassiana.
Para o milho
O milho (Zea mays) é uma das culturas alimentícias básicas mais importantes do mundo. Por isso, o manejo de eventuais danos deve ser realizado.
A cigarrinha-do-milho causa várias doenças que impossibilitam o bom desenvolvimento produtivo desse vegetal. Além disso, esse inseto possui ciclo biológico muito rápido, podendo ter de cinco a seis gerações por ano, levando em consideração a temperatura.
Além da cigarrinha, outras pragas causam dano à cultura do milho, como corós rizófagos, larva-alfinete, lagarta-do-cartucho, lagarta-elasmo, lagarta-rosca, broca-da-cana, mosca-branca e percevejo barriga-verde, e por isso, novas pesquisas devem ser realizadas para poder ter um planejamento no controle de pragas e para produzir outros produtos que não sejam danosos ao meio ambiente.
Resultados práticos
Conforme notícia da Embrapa (2021), uma pesquisa inédita desenvolveu um bioinseticida natural que controla a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis). A tecnologia utiliza um método de fermentação líquida do fungo Metarhizium robertsii que resulta em leveduras chamadas blastosporos.
Essas células podem ser diluídas e veiculadas com água, são tolerantes à dessecação e controlam adultos da cigarrinha após a pulverização, pois rapidamente germinam e infectam o inseto pela cutícula, matando-o em poucos dias.
Como é específico para a praga-alvo, preserva a fauna e a flora locais. O trabalho foi desenvolvido por cientistas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), Embrapa Meio Ambiente (SP) e Universidade de Copenhague (KU), na Dinamarca.
Essa pesquisa é importante, pois é uma possibilidade de utilizar brevemente um produto natural comercial, que poderá ser usado em lavoura. Além do mais, esse bioproduto pode ser aplicado via aérea ou terrestre, favorecendo a aplicação com equipamentos existentes na propriedade do produtor, de forma barata, eficiente e produzindo uma grande quantidade de blastosporos em poucos dias.
Ou seja, com esse trabalho observou-se que os blastosporos, as estruturas infectivas do fungo, podem controlar a cigarrinha-do-milho, uma praga que pode causar até 90% de dano na produção do milho. Além disso, o fungo pode ser manipulado para resistir a estresses abióticos, como dessecação, altas temperaturas e radiação ultravioleta.