27.1 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosAnálise correta do solo e das folhas

Análise correta do solo e das folhas

Araína Hulmann Batistaaraina@ufu.br

Wedisson Oliveira Santoswedisson.santos@ufu.br

Doutores em Agronomia e professores – Instituto de Ciências Agrárias – Universidade Federal de Uberlândia (UFU-ICIAG)

José Geraldo Mageste Engenheiro florestal, Ph.D. e professor – UFU-ICIAGjgmageste@ufu.br

Análise de solo – Crédito: Shutterstock

Quando se trata da saúde das plantas cultivadas e seu desenvolvimento e produtividade satisfatórios, todo cuidado é necessário. Ainda bem que não faltam tecnologias disponíveis. A adequada nutrição das plantas cultivadas é condição necessária para a obtenção de produtividades economicamente viáveis e pode ser alcançada por meio do correto diagnóstico da fertilidade do solo, bem como através de análises foliares. Estas últimas refletem o estado nutricional das culturas em determinado estágio de desenvolvimento.

 De fato, doses excessivas ou hipossuficientes de fertilizantes e corretivos podem acarretar desequilíbrios nutricionais, fitotoxidez, gastos desnecessários ou baixas produtividades, diminuindo a rentabilidade do empreendimento agrícola.

Além disto, o uso de subdoses de nutrientes pode não representar um prejuízo imediato quando o solo possui boa fertilidade, mas pode promover o esgotamento progressivo dos nutrientes. Assim, é necessário avaliar corretamente a fertilidade atual do solo para se ter um bom suporte para recomendação de corretivos e fertilizantes para as diferentes culturas agrícolas, florestais ou sistemas de produção. 

Nutrição em equilíbrio

Relacionar o adequado fornecimento de nutrientes para uma cultura por meio da observação das plantas é prática comum nas áreas agrícolas. A concentração de nutrientes nas folhas das plantas pode indicar uma deficiência antes mesmo do aparecimento de sintomas visuais, o que, muitas vezes, já indicaria queda na produtividade.

A análise foliar possibilita o diagnóstico do estado nutricional das culturas com base no teor total de nutrientes em “folhas de referência” (que permitem comparações entre plantas sadias), em fases nutricionais críticas.

Portanto, analisar o solo e folhas, rotineiramente, possibilitará diagnosticar previamente a disponibilidade de nutrientes e pontualmente o estado nutricional da cultura, respectivamente, dando suporte para recomendação de corretivos e fertilizantes.

O início do sucesso da lavoura

Para que uma planta expresse todo o seu potencial produtivo, é fundamental que receba luz, água e nutrientes conforme suas demandas. O melhoramento das espécies cultivadas ao longo dos anos veio acompanhado de práticas de manejo do solo, que possuem como prioridade conhecer os atributos químicos do solo para o planejamento das corretas doses de corretivos e fertilizantes a serem utilizados. 

[rml_read_more]

Solos de fertilidade construída, por exemplo, podem necessitar de menores quantidades destes produtos, o que torna menores os custos para a implantação e condução das lavouras, acarretando aumento de rentabilidade para o produtor. Por outro lado, solos com baixos níveis de nutrientes, quando corrigidos conforme a demanda das plantas, possibilitam a obtenção de altas produtividades. 

Desta forma, a análise química do solo para fins de fertilidade representa o início do sucesso potencial da lavoura, pois é necessário conhecer previamente a disponibilidade de nutrientes (teores disponíveis) e a presença de elementos potencialmente tóxicos, como o alumínio e manganês (Al3+, Mn2+), tão presentes nos solos brasileiros.

A análise de solo tem caráter preditivo e é essencial para a recomendação racional dos corretivos e fertilizantes.

Programas de adubação

Para culturas perenes, a análise foliar pode subsidiar os programas de adubação durante todo o ciclo da cultura, pois há tempo para isso. Já para culturas de ciclo curto, como grãos e olerícolas, em geral esta análise contribui para o planejamento de adubação para os próximos cultivos.

Conhecer somente os teores dos nutrientes disponíveis nos solos pode não responder sobre o que realmente as plantas estão aproveitando. Isto porque as análises químicas do solo, independentemente do método adotado, apenas simulam a extração de nutrientes pelas plantas.

Mesmo que consolidados, estes métodos não consideram o transporte de nutrientes no solo, que pode ser afetado por vários fatores, como: umidade do solo, porosidade, compactação, potencial de oxirredução, crescimento radicular, etc.

Assim, a análise foliar surge como ferramenta complementar para o diagnóstico do estado nutricional das culturas, pois mesmo com teores satisfatórios no solo, nutrientes podem enfrentar grandes restrições de transporte até a superfície radicular, o que afetará diretamente a nutrição das plantas.

Pode-se concluir que a análise química do solo e a análise foliar são ferramentas indispensáveis para as boas práticas de manejo nutricional das culturas.

Custo e viabilidade

A análise completa de solo por amostra (teores disponíveis de P, K, Ca, Mg, S, Zn, Cu, Mn, Fe e B; pH; P remanescente; matéria orgânica; acidez trocável (Al3+) e acidez potencial (H+Al) varia de R$ 37,00 a R$ 60,00, de acordo com o laboratório escolhido.

O custo da análise foliar completa (teor de N, P, K, Ca, Mg, S, Zn, Cu, Mn, Fe e B) se aproxima dos valores apontados para a análise de solo (entre R$ 36,00 e R$ 55,00).

A relação custo/benefício da análise de solo e foliar/retorno financeiro é irrisória. Considerando o custo de produção das culturas, deve ser considerado o relatado anteriormente.  Tomando como exemplo a cultura da soja, de baixo valor agregado, com custo de produção de cerca de R$3.500,00/ha na safra 2020/21, gleba de amostragem de 10,0 ha (tamanho da gleba arbitrário, apenas para simulação) e custo da análise de R$50,00/ha, a análise representaria apenas 0,14% do custo final, diante de todos os benefícios apontados anteriormente. 

ARTIGOS RELACIONADOS

Fertilizantes especiais: Tecnologia para altas produtividades

Autores Miguel Henrique Rosa Franco Doutor em Agronomia – Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Reginaldo de Camargo Professor de Gestão Ambiental na Agricultura -...

Fitorremediação de solos contaminados por herbicidas

Lucas Guedes Silva Engenheiro agrônomo e mestrando em Fitopatologia - Universidade Federal de Lavras (UFLA) lucasguedess.agro@gmail.com Luciano Bastos Moreira Engenheiro agrônomo e mestrando em Entomologia " UFLA lucianoauburn@gmail.com Vanessa Sciani...

Atemoia – Alternativa para diversificar a fruticultura

A atemoia é uma fruta exótica que foi introduzida recentemente no Brasil, apresentando mercado interno e expansão com indicação de cultivo em pequenas propriedades agrícolas, devido à exigente dedicação em todas as etapas de cultivo.

Óleo da casca de laranja otimiza pulverização

As produtividades das culturas vêm passando por um incremento de produtividade no decorrer dos anos, isso devido ao melhoramento genético, que busca cada vez mais tornar as plantas mais estáveis e produtivas, às melhorias na nutrição de plantas com fertilizantes mais eficientes e com mais tecnologia embutida, à construção do perfil de solo e ao manejo fitossanitário das culturas.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!