Araína Hulmann Batista – araina@ufu.br
Wedisson Oliveira Santos – wedisson.santos@ufu.br
Doutores em Agronomia e professores – Instituto de Ciências Agrárias – Universidade Federal de Uberlândia (UFU-ICIAG)
José Geraldo Mageste – Engenheiro florestal, Ph.D. e professor – UFU-ICIAG – jgmageste@ufu.br
Quando se trata da saúde das plantas cultivadas e seu desenvolvimento e produtividade satisfatórios, todo cuidado é necessário. Ainda bem que não faltam tecnologias disponíveis. A adequada nutrição das plantas cultivadas é condição necessária para a obtenção de produtividades economicamente viáveis e pode ser alcançada por meio do correto diagnóstico da fertilidade do solo, bem como através de análises foliares. Estas últimas refletem o estado nutricional das culturas em determinado estágio de desenvolvimento.
De fato, doses excessivas ou hipossuficientes de fertilizantes e corretivos podem acarretar desequilíbrios nutricionais, fitotoxidez, gastos desnecessários ou baixas produtividades, diminuindo a rentabilidade do empreendimento agrícola.
Além disto, o uso de subdoses de nutrientes pode não representar um prejuízo imediato quando o solo possui boa fertilidade, mas pode promover o esgotamento progressivo dos nutrientes. Assim, é necessário avaliar corretamente a fertilidade atual do solo para se ter um bom suporte para recomendação de corretivos e fertilizantes para as diferentes culturas agrícolas, florestais ou sistemas de produção.
Nutrição em equilíbrio
Relacionar o adequado fornecimento de nutrientes para uma cultura por meio da observação das plantas é prática comum nas áreas agrícolas. A concentração de nutrientes nas folhas das plantas pode indicar uma deficiência antes mesmo do aparecimento de sintomas visuais, o que, muitas vezes, já indicaria queda na produtividade.
A análise foliar possibilita o diagnóstico do estado nutricional das culturas com base no teor total de nutrientes em “folhas de referência” (que permitem comparações entre plantas sadias), em fases nutricionais críticas.
Portanto, analisar o solo e folhas, rotineiramente, possibilitará diagnosticar previamente a disponibilidade de nutrientes e pontualmente o estado nutricional da cultura, respectivamente, dando suporte para recomendação de corretivos e fertilizantes.
O início do sucesso da lavoura
Para que uma planta expresse todo o seu potencial produtivo, é fundamental que receba luz, água e nutrientes conforme suas demandas. O melhoramento das espécies cultivadas ao longo dos anos veio acompanhado de práticas de manejo do solo, que possuem como prioridade conhecer os atributos químicos do solo para o planejamento das corretas doses de corretivos e fertilizantes a serem utilizados.
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Solos de fertilidade construída, por exemplo, podem necessitar de menores quantidades destes produtos, o que torna menores os custos para a implantação e condução das lavouras, acarretando aumento de rentabilidade para o produtor. Por outro lado, solos com baixos níveis de nutrientes, quando corrigidos conforme a demanda das plantas, possibilitam a obtenção de altas produtividades.
Desta forma, a análise química do solo para fins de fertilidade representa o início do sucesso potencial da lavoura, pois é necessário conhecer previamente a disponibilidade de nutrientes (teores disponíveis) e a presença de elementos potencialmente tóxicos, como o alumínio e manganês (Al3+, Mn2+), tão presentes nos solos brasileiros.
A análise de solo tem caráter preditivo e é essencial para a recomendação racional dos corretivos e fertilizantes.
Programas de adubação
Para culturas perenes, a análise foliar pode subsidiar os programas de adubação durante todo o ciclo da cultura, pois há tempo para isso. Já para culturas de ciclo curto, como grãos e olerícolas, em geral esta análise contribui para o planejamento de adubação para os próximos cultivos.
Conhecer somente os teores dos nutrientes disponíveis nos solos pode não responder sobre o que realmente as plantas estão aproveitando. Isto porque as análises químicas do solo, independentemente do método adotado, apenas simulam a extração de nutrientes pelas plantas.
Mesmo que consolidados, estes métodos não consideram o transporte de nutrientes no solo, que pode ser afetado por vários fatores, como: umidade do solo, porosidade, compactação, potencial de oxirredução, crescimento radicular, etc.
Assim, a análise foliar surge como ferramenta complementar para o diagnóstico do estado nutricional das culturas, pois mesmo com teores satisfatórios no solo, nutrientes podem enfrentar grandes restrições de transporte até a superfície radicular, o que afetará diretamente a nutrição das plantas.
Pode-se concluir que a análise química do solo e a análise foliar são ferramentas indispensáveis para as boas práticas de manejo nutricional das culturas.
Custo e viabilidade
A análise completa de solo por amostra (teores disponíveis de P, K, Ca, Mg, S, Zn, Cu, Mn, Fe e B; pH; P remanescente; matéria orgânica; acidez trocável (Al3+) e acidez potencial (H+Al) varia de R$ 37,00 a R$ 60,00, de acordo com o laboratório escolhido.
O custo da análise foliar completa (teor de N, P, K, Ca, Mg, S, Zn, Cu, Mn, Fe e B) se aproxima dos valores apontados para a análise de solo (entre R$ 36,00 e R$ 55,00).
A relação custo/benefício da análise de solo e foliar/retorno financeiro é irrisória. Considerando o custo de produção das culturas, deve ser considerado o relatado anteriormente. Tomando como exemplo a cultura da soja, de baixo valor agregado, com custo de produção de cerca de R$3.500,00/ha na safra 2020/21, gleba de amostragem de 10,0 ha (tamanho da gleba arbitrário, apenas para simulação) e custo da análise de R$50,00/ha, a análise representaria apenas 0,14% do custo final, diante de todos os benefícios apontados anteriormente.