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Todo fungicida multissítio é protetor?

Liliane Marques de Sousa liliane.engenheira007@gmail.com

Alasse Oliveira da Silva alasse.oliveira77@usp.br

Engenheiros agrônomos e mestrandos em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV/Viçosa) e ESALQ/USP

Walleska Silva TorsianEngenheira agrônoma e doutoranda em Fitotecnia – ESALQ/USP, Departamento de Produção Vegetalwalleskatorsian@usp.br

Jhonatah Albuquerque Gomes Graduando em Agronomia – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) jhonatahgomes@gmail.com

Lavoura – Crédito: Case IH

Fungicidas sítio-específicos atuam apenas contra um único ponto da via metabólica de um patógeno ou uma única enzima ou proteína vital para o fungo. Já os fungicidas multissítios, por sua vez, afetam diferentes pontos metabólicos do fungo.

Contudo, cabe destacar que a ação protetora de um fungicida multissítio está ligada ao momento de aplicação dele (antes ou depois da infecção do patógeno), ou seja, um fungicida exerce ação protetora quando é aplicado antes da infecção do patógeno.

Tipos e fungicidas

Na agricultura, o controle químico de fungos é realizado principalmente com a utilização de fungicidas que são capazes de controlar estes organismos nas áreas cultivo. Além disso, são produtos de fácil aplicação nas lavouras e obtenção de respostas imediatas em campo.

Dentre estes, existem os fungicidas sítio-específicos, que são ativos contra um único ponto da via metabólica de um patógeno ou contra uma única enzima ou proteína necessária para o fungo. Já os multissítios, por sua vez, são fungicidas capazes de inibir mais de um processo na célula dos fungos, simultaneamente, em diferentes locais ou organelas.

Baseado na sua recomendação de uso, pode-se dizer que são produtos protetores sem efeito curativo, não-sistêmicos, isto é, apresentam ação preventiva, tendo melhores resultados quando a aplicação é realizada em plantas ou sementes sadias, ou seja, antes do ataque do fungo.

No entanto, estes produtos também têm sido recomendados para outras finalidades, como melhoria da eficácia dos fungicidas específicos, ou misturas (dois ou mais ativos na formulação) e manejar problemas de resistência causadas pelo uso intensivo de fungicidas de sítio-específicos.

Benefícios dos multissítios

A utilização de fungicidas multissítio nos sistemas agrícolas, aplicados de forma adequada, constitui-se uma importante estratégia para a proteção das lavouras, principalmente de grandes culturas, como soja, milho e algodão.

As vantagens geradas pela adoção dessa prática são: aumento da produção, estratégia antirresistência, maior eficiência dos produtos (56 a 67%), proteção contra falhas de controle na aplicação e, consequentemente, maior controle das doenças, resultando em maior produtividade.

Além disso, o uso do mancozebe, muito usado nas lavouras de soja, milho e algodão, mostra efeitos fisiológicos positivos, como a diminuição da fitotoxicidade de triazóis e, ainda, aumento na concentração foliar de micronutrientes como zinco e manganês.

Manejo

Existem diversas formas de realizar a aplicação de fungicidas, manual ou mecanizada, aérea ou terrestre, via solo ou por meio do tratamento de sementes, ou aplicar na parte aérea das plantas.

Entretanto, isso dependerá do custo/benefício e para qual finalidade o seu produto está sendo aplicado, visto que os fungicidas multissítios são usados no tratamento de sementes e nas lavouras, a exemplo do mancozebe, clorotalonil, cúpricos (oxicloreto de cobre; óxido cuproso; hidróxido de cobre), entre outros.  

Quanto ao uso dos fungicidas multissítios, assim como qualquer aplicação de produtos químicos na agricultura, deve ser recomendada e acompanhada por um técnico agrícola ou engenheiro agrônomo. Além disso, é necessário tomar alguns cuidados durante o preparo da calda e aplicação do produto, como segurança do aplicador, evitar aplicar em horários quentes e com ventos fortes.

Cuidados

A primeira medida que os produtores devem observar é que os fungicidas multissítios são produtos protetores, não-sistêmicos, isto é, têm ação preventiva, sendo mais eficazes quando aplicados em tecidos sadios, antes do ataque do fungo nas lavouras.

Com isso, os melhores resultados são obtidos quando as pulverizações são bem posicionadas, sob baixa incidência da doença desde o início, pois esses produtos não corrigem erros de posicionamento, quer dizer, não possuem efeito curativo.

Por isso, durante a aplicação do fungicida é importante que o produto atinja o alvo biológico, por meio de boa deposição e distribuição uniforme de gotas sobre toda arquitetura das plantas para que se obtenha bom controle da doença.

A segunda medida a ser observada é que são produtos para serem utilizados como reforço das aplicações, quer dizer, devem ser associados a fungicidas sistêmicos, como misturas de estrobilurinas + carboxamidas e estrobilurinas + triazóis.

No entanto, há produtos em que o multissítio já está incluso na formulação, sobretudo, as misturas triplas. Esses já são produtos prontos para aplicação, sem precisar adicionar mais reforço.

Produtividade

Em termos de produtividade, a aplicação adequada dos fungicidas multissítios nas lavouras significa aumento da produção e produtividade das culturas em torno de 5,0 a 9,0 sacas e, consequentemente, maiores ganhos econômicos com a atividade agrícola.

Para isso, a aplicação e manejo desses produtos nas áreas agrícolas devem ser feitos de forma correta e acompanhada de um profissional da área, possibilitando o avanço de uma agricultura com sustentabilidade por meio da conservação e manutenção da qualidade dos produtos, bem como das áreas agricultáveis.

Resultados em campo

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Recentemente, tem sido recomendada a utilização de fungicidas multissítios visando melhorar a eficácia dos fungicidas específicos, ou misturas. Diversas pesquisas citam mancozebe, clorotalonil, cobre e fluazinam como os fungicidas multissítios recomendados para o manejo da ferrugem.

Estudos de campo mostram que a aplicação de mancozebe, assim como o clorotalonil, promoveram incremento na eficácia de controle da ferrugem asiática, quando associados ao carboxamida, e também resultaram em maiores produtividades para três cultivares de soja avaliadas.

Portanto, a utilização correta dos fungicidas multissítio em campo tem mostrado êxito em produtividade, uma vez que eles protegem as culturas contra a incidência de doenças fúngicas. Com isso, conforme ocorre eficiência na proteção das lavouras, existe um efeito direto na diminuição dos prejuízos causados nas lavouras pelo ataque de doenças fúngicas.

Erros mais frequentes

Dentre os erros mais frequentes está o uso de estrobilurinas, que devem ser aplicadas combinadas com triazóis, triazolinthione e ou/carboxamidas. Além disso, os triazóis e triazolinthione não devem ser utilizados de forma isolada, por apresentarem níveis de resistência.

Com isso, as carboxamidas devem ser utilizadas sempre em combinações com estrobilurinas. O controle deve ser iniciado preventivamente, evitando assim a exposição dos produtos a altas populações dos patógenos. O período de aplicação adequado e a formulação correta, podem ser estratégias de controle para esta prática.

Investimento x retorno

Pesquisas mitigam processos de resistência de fungicidas específicos e melhora resultados de produção da soja, em que o produtor, com baixo investimento, pode ter resultados satisfatórios.

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