A história de sucesso do
pecuarista Áureo Carvalho começou há 8 anos. De uma propriedade de 36 hectares
no Sul de Minas, como produção modesta, ele e sua esposa Sônia evoluíram a
ponto de se tornaram referência na região, graças aos investimentos em gestão,
melhoria genética e na alimentação dos bovinos.
“Nós vivemos em uma região de produtores pequenos, onde a maioria sempre
criticava a produção leiteira, por achar que não era rentável. Então além do
prazer de olhar pra trás e ver o crescimento na produção, a gente se sente como
uma referência, ajudando outras pessoas também, mostrando o valor da
atividade”, afirmou Áurea Carvalho.
Os dois cuidavam de um pequeno rebanho na fazenda Cachoeirinha das Antas,
município de Santa Rita de Caldas. A maioria dos animais era voltada para
corte, criada em regime de confinamento. O casal também produzia uma quantidade
de leite suficiente apenas para cobrir as despesas mensais da família. Um
resultado que não estava agradando e, então, o produtor recorreu à Emater para
mudar a situação.
“Nas primeiras visitas que fiz ao local, vi um grande potencial na propriedade
e no produtor para produzir leite. Percebi que ele não estava muito contente
com o confinamento de animais devido ao alto custo. Partimos para intensificar
a produção de leite”, explica o técnico da Emater-MG no município, Rodrigo Beck
Júnior.
Na época, a propriedade contava com 15 vacas, sem muito potencial genético, que
produziam cerca de 130 litros de leite por dia. O técnico da Emater explica que
o trabalho de melhoria da atividade começou com mudança no sistema de pastejo e
também com a incorporação ao rebanho de animais geneticamente superiores.
“O trabalho inicial foi focado em dinamizar os processos de produção, de
redução dos custos, sem perder a qualidade. Foram feitas divisões do espaço
onde ficavam os animais, recuperação e arrendamento das pastagens para plantio
de vegetais, além de trabalhar a melhoria genética do rebanho”, explica Rodrigo
Beck.
No caso do arrendamento das pastagens degradadas, o objetivo era fazer a
recuperação da área com plantio de mandioquinha-salsa, batata e milho. O
produtor recebia um valor pelo arrendamento e, ao mesmo tempo, tinha suas áreas
corrigidas e adubadas. Ele também conseguiu de um pecuarista do município que
fornecesse um tourinho da raça holandesa, geneticamente superior, para fazer a
cobertura das vacas da propriedade.
Como efeito das mudanças, em 2015, Áureo de Carvalho conseguiu adquirir um
financiamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf), para a compra de mais cinco vacas. O projeto foi elaborado pela
Emater-MG. No ano seguinte, a produção diária de leite da propriedade já tinha
passado para 300 litros.
O melhoramento genético propiciou uma nova geração de bezerras que ajudaram a
alavancar ainda mais a produção. Foi feita a troca do tanque de resfriamento de
leite por outro maior. E novos animais foram adquiridos. Dessa vez, sem
financiamento. A atividade leiteira se tornava cada vez mais rentável.
Associação e sala de ordenha
Em 2018, a produção já havia aumentado em mais de 380%, ao bater a marca de 500
litros por dia. Áureo começou a vender o leite para a Associação de Produtores
de Leite de Santa Rita de Caldas e Região (APROL). Ao final daquele ano, por
intermédio da associação, ele passou a comercializar o leite para a Danone.
Começou a fazer inseminação artificial nas vacas e, logo depois, investiu no
processo de fertilização in vitro. Nesta técnica, embriões de fêmeas doadoras,
com padrão genético superior, são transferidos para as vacas receptoras,
chamadas de barriga de aluguel.
Em 2020, com a boa gestão dos custos e aumento da produção, o pecuarista
precisou ampliar e modernizar a estrutura dedicada à atividade. Foi realizado
um investimento de aproximadamente de R$ 750 mil para construção de uma nova
sala de ordenha e de uma pista de alimentação para os animais, além de uma
caixa de dejetos para armazenar o esterco, a ser utilizado nas pastagens e
áreas de plantio de milho. Também foram adquiridos um novo tanque, com
capacidade para 2,5 mil litros de leite, e uma ordenhadeira mecânica com
extração automática para uso em seis animais simultaneamente. “Este novo
equipamento permite que ele gaste menos tempo na ordenha dos animais e tenha o
manejo dos animais facilitado”, explica o técnico da Emater-MG.
Crescimento de 1.000%
Atualmente, a propriedade conta com o certificado de Boas Práticas de Produção,
concedido pela empresa internacional QCONZ. São 37 vacas no rebanho e uma
produção diária de 750 litros de leite. O produtor possui ainda cerca de 30
novilhas com previsão de parto para o segundo semestre deste ano. Com isso, a
produção estimada é de mais de 1,3 mil litros de leite por dia, um aumento de
1.000% em relação a 2014.
Para o produtor, o acompanhamento de todo o processo de evolução feito pelo
técnico Rodrigo Beck, foi fundamental para “Não tem um dia que a gente não se
fala, que ele deixa de perguntar como as coisas estão. Ele parabeniza quando
fazemos as coisas certas, e também aponta onde erramos para sabermos como
melhorar”, conta o produtor.
Por causa da evolução obtida nos últimos oito anos, a propriedade Cachoeirinha
das Antas se tornou uma unidade de referência para outros produtores da região.
O produtor Áureo e sua esposa Sônia continuam à frente dos trabalhos na
propriedade, cuidando da ordenha e contratando apenas algumas pessoas para
serviços temporários. “A receita de sucesso inclui gostar muito do que faz,
muito trabalho e uma boa gestão”, afirma Rodrigo Beck.