João Augusto Dourado Loiola
Andreia Laurindo de Almeida Gomes
Ana Carolina Muniz de Araújo
anacarolinamuniz33@yahoo.com.br
Graduandos em Engenharia Agronômica – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Júlio César Ribeiro
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e consultor
Entre as doenças que atingem o cafeeiro, algumas possuem maior relevância e exigem atenção do produtor, tendo em vista a frequência em que ocorrem, bem como as áreas de ocorrência e os danos causados às plantas. Para conseguir alcançar o máximo de rendimento da cultura é preciso estar atento ao manejo correto do solo, nutrição mineral, bem como atenção ao controle de doenças e pragas, que podem provocar perdas significativas de produtividade.
A ferrugem, causada pelo fungo Hemileia vastatrix L., e a cercosporiose causada pelo Cercospora coffeicola, são as doenças que mais preocupam o cafeicultor brasileiro. A ferrugem está amplamente distribuída pelo território brasileiro.
A cercosporiose, também conhecida como mancha-de-olho-pardo, é uma doença causada por Cercospora coffeicola Berk & Cooke e afeta todas as regiões produtoras de café do Brasil.
Esta é uma das principais doenças cafeeiras, podendo causar sérios prejuízos no campo, em plantações malconduzidas e, principalmente, na formação de mudas no viveiro, onde provoca lesões nas folhas, derruba os frutos em expansão e pode prejudicar a qualidade da bebida.
A temida ferrugem
A ferrugem forma manchas pulverulentas amareladas na face inferior das folhas. As folhas lesionadas caem e ocorre a seca progressiva dos ramos, debilitando a planta, que não consegue formar botões florais, podendo reduzir a produção em 35%, em média.
Isso se dá pelas suas características e prejuízos causados, quando ocorre o estabelecimento da doença na planta. O uso do controle químico tornou-se necessário quando a doença teve sua maior amplitude devido ao favorecimento das condições climáticas no desenvolvimento do fungo.
Formas de controle
A seleção e recomendação de materiais genéticos de café com resistência à ferrugem é uma forma de controle preventivo da doença. Alguns cafeicultores utilizam cultivares resistentes à ferrugem, como Obatã IAC 1669-20, Tupi IAC 1669-3, Iapar 59 e Acauã, porém, como a maioria das cultivares é susceptível à doença, faz-se necessário um manejo integrado para combater o ataque dos fungos patogênicos.
Desta forma, o manejo da construção do perfil do solo, com a adoção de técnicas como calagem, gessagem e fosfatagem é importante, para que o café possa ter uma maior exploração do perfil através do seu sistema radicular.
Onde entra o triazol
A consorciação de uma boa nutrição mineral (manejo preventivo) com o uso de triazois (manejo preventivo e curativo) no controle dos fungos patogênicos é um método eficaz no controle das doenças.
O uso de triazois no manejo preventivo é feito no tratamento de mudas, antes mesmo da muda chegar ao campo, assim evitando o estabelecimento dos fungos patogênicos. O manejo de forma curativa é feito por químicos.
O manejo fitossanitário da ferrugem é feito com misturas de fungicidas dos grupos de triazois com estrobilurinas. A aplicação pode ser realizada na parte aérea, no solo ou no colo da planta. As aplicações devem ser realizadas nos intervalos de 60 a 90 dias, conforme período residual dos fungicidas.
O fungo do gênero Hemileia tem como característica a penetração e a sua esporulação nos estômatos na face inferior das folhas e o controle deverá ser feito a partir da cobertura dessa face. O uso de fungicidas sistêmicos granulados tem como vantagem a liberação lenta e gradual do princípio ativo e o efeito terapêutico contra o patógeno, além da diminuição da aplicação, quando comparado a outros fungicidas e menores riscos de intoxicação por deriva durante a aplicação.
Contra doenças
Quando ocorre a infecção do agente patogênico nas plantas, há uma alteração na taxa fotossintética e no metabolismo de carboidratos. Isto ocorre pela colonização nos tecidos que influencia diretamente no fotossistema II, responsável pela produção de ATP e NADPH, usados no processo de fixação de CO2 e na biossíntese de carboidratos e ácidos nucléicos.
Para que ocorra uma diminuição da interferência do fungo no metabolismo da cultura de café, recomenda-se o uso de triazol. O fungo será inibido de realizar a biossíntese de ergosterol.
Com a diminuição do ergosterol, que é um importante lipídio para a formação das membranas dos fungos, haverá um colapso das células fúngicas. Desta forma, é de suma importância que o agricultor tenha conhecimento sobre o modo de ataque dos fungos patogênicos e demais pragas.
Manejo
A aplicação do produto pode ser via parte aérea, solo ou via substrato por meio de pulverizador costal manual ou enterrada no solo, respectivamente, no caso de mudas. É recomendável que o produtor construa um bom perfil de solo para que a planta possa aproveitar melhor os nutrientes, usufruindo de uma adubação de boa qualidade, rotação de culturas e, principalmente, o uso de triazois, que são eficazes no controle de doenças fúngicas e que não venham a causar nenhum tipo de dano quando aplicado à planta.
Produtividade
Quando o tratamento preventivo é feito logo na fase de produção de mudas, antes mesmo do plantio a planta estará protegida, diminuindo as chances de evidenciar as doenças da ferrugem e a cercosporiose.
O manejo preventivo com tratamento de mudas, adubação e demais manejos do solo, bem como a aplicação de fungicidas triazois via solo, podem promover um acréscimo no vigor dos cafezais, isto porque os manejos adotados têm a capacidade de aumentar a absorção de nutrientes devido ao aumento do sistema radicular.
Como a utilização de novas moléculas de triazois pode aumentar a eficiência fisiológica das plantas, dificilmente a cultura será acometida de ataque de fungos. Desta forma, evidencia a ausência de ataque de folhas e frutos, obtendo ganhos na produtividade.
Em campo
Cafezais cultivados em solos arenosos, com nutrição desequilibrada ou deficiente, especialmente em N/K, e lavouras expostas ao sol da tarde podem ser mais atacados pela cercosporiose.
A doença pode ser controlada antes mesmo de ir a campo na fase dos viveiros, por produtos fungicidas. Em condições de campo, recomenda-se evitar o cultivo em solos arenosos e manter um manejo adequado da adubação do cafezal, principalmente durante o período de formação do fruto. A utilização de fungicidas também faz parte do programa de tratamento.
Alerta
A aplicação de fungicidas não deve ser feita em períodos com precipitação, evitando horários em que a velocidade dos ventos esteja elevada e períodos de intensa brotação ou florescimento. Em situações como essas, os intervalos entre as aplicações devem ser reduzidos.
A má regulagem do equipamento de aplicação também é um complicador para a correta aplicação dos fungicidas, uma vez que a aplicação não será feita de forma homogênea em todo o cafezal.
Portanto, o ideal é realizar o plantio em épocas favoráveis ao café, como épocas não muito chuvosas e com temperaturas elevadas, para não ocorrer o favorecimento das doenças.
Evitar plantio em áreas com intensidade de ventos e a implantação de quebra-ventos, quando necessário, também é uma maneira de evitar erros. Nas áreas com histórico de doenças, o plantio também deve ser evitado, pois o local poderá estar suscetível às doenças.