Engenheira agrônoma, mestra e doutora em Horticultura – FCA-UNESP/Botucatu
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em estudo publicado em 2021, traz o panorama da produção de hortifrúti no País, onde 40% da produção concentra-se na região sudeste, seguida por nordeste, com 21,58%; sul com 17,33%; norte com 14,46% e o Centro-oeste com 5,76%; sendo este último grande produtor de milho e soja.
Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POFs) do IBGE, nos últimos 10 anos o hábito de consumo de hortaliças do brasileiro não teve grande variação. Tomate, batata, cebola e cenoura, respectivamente, seguiram sendo os líderes do ranking.
A alface obteve um recuo, passando da 7ª para 8ª mais consumida. Mesmo os gastos com alimentação tendo se mantido, o consumo de hortifrúti diminuiu, o que, analisando a situação econômica atual do País, deve-se ao aumento nos preços desses produtos.
Alface na liderança
A alface está entre as hortaliças folhosas mais consumidas, seguida por rúcula, couve, acelga, coentro, espinafre e agrião. No panorama mundial dessa, que é a folhosa mais consumida no mundo, a China encabeça como o maior produtor (23 milhões de toneladas), seguido por EUA e Índia.
No Brasil, a produção conta com 1,5 milhão de toneladas. É importante ressaltar que a cultura, além de suas propriedades nutricionais (vitaminas, fibras, minerais, ação antioxidante, etc.), exerce também um papel fundamental na geração e manutenção de empregos, 6.500 empregos diretos, além de favorecer o desenvolvimento do setor de produção de sementes, fertilizantes, defensivos agrícolas, e no campo da pesquisa/extensão.
Outro ponto importante é que, devido as técnicas empregadas, produção intensiva anual e à profissionalização, a atividade ganha status de prática empresarial, ressaltando a importância do emprego de tecnologias que propiciam o cultivo sob diferentes condições de clima e temperatura, no caso, a utilização de variedades adequadas às condições do local de plantio.
Pragas e doenças
Em toda cultura, é imprescindível saber sobre os fatores que limitam seu crescimento e desenvolvimento. As pragas e doenças são um desses fatores, pois podem causar perdas de até 100%, dependendo do causador e do grau de infestação.
O indicado é sempre consultar um profissional licenciado para que possa efetuar e indicar, de forma segura, o controle mais adequado ao tipo de problema relatado pelo produtor. As pragas e doenças mais comuns que acometem a cultura podem ser encontradas na sequência.
Entre as pragas, tem-se os pulgões, que ocorrem de forma ampla nos vegetais folhosos. Eles sugam a seiva de folhas e flores. As lesmas também são um problema para a cultura, pois se alimentam das folhas.
Tanto o ataque de lesmas quanto de pulgão causa lesões nos órgãos vegetais, que ficam suscetíveis à entrada e à ação de patógenos causadores de doenças. Além disso, o ataque de pragas deprecia o produto, que não pode ser comercializado ou então é comercializado com um valor bem abaixo do tabelado.
Em relação às doenças, a esclerotínia é um problema para as mais diversas culturas, incluindo a alface, resultando em plantas amareladas e com murchamento.
O míldio tem como agente causal Bremia lactucae, com as características de causar amarelecimento e manchas necróticas nos tecidos mais velhos.
Controle de pragas e doenças
O controle, tanto de pragas como doenças, deve ser preventivo, porém, nem sempre há essa possibilidade, e aí ocorre a necessidade de profilaxia. Sempre utilizar sementes certificadas e variedades resistentes, pois elas garantem, além de boa produtividade, resistência a diversos tipos de doenças ou pragas.
Estimular a presença e permanência de inimigos naturais, ou em caso de necessidade, recorrer ao controle biológico comercial, com a aquisição de insetos que sejam benéficos à cultura.
Utilizar coberta de fileira e telas para a proteção da cultura. Atentar sempre para a recomendação de adubação, pois plantas com excesso de nitrogênio são um atrativo para pragas.
O controle de plantas invasoras deve ser realizado com frequência, pois podem ser espécies hospedeiras de patógenos que prejudicam o desenvolvimento da cultura. O controle químico indicado deve ser prescrito por um profissional responsável e licenciado.
Evite fazer uso de qualquer produto sem conhecimento prévio, pois o tipo de molécula e as doses são indicadas e calculadas de acordo com o tipo de agente causador e nível de infestação na lavoura.
Manejo de lagartas
Quando houver ocorrência de lagartas, o recomendado é o uso de armadilhas que trazem na composição feromônios sexuais. Se for constatada a presença de mariposa, recomenda-se a liberação do parasitoide de ovos do gênero Trichogramma.
Outra possibilidade é o emprego de Bacillus e outros produtos registrados no Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), que devem ser utilizados assim que for observada a presença de lagartas na cultura.
Quando houver necessidade de utilizar controle químico, o aplicador deve estar equipado com os EPIs necessários.