Aurélio Herraiz
Engenheiro agrônomo, mestrando no MPGAP-INPA e professor de Agronomia/Ciências Agrárias no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM
O cultivo do açaizeiro vem aumentando progressivamente nas últimas décadas em toda a região norte como cultura comercial promissora. A expansão de novas áreas, o melhoramento genético, o desenvolvimento de tecnologias e o manejo do açaí são desafios primordiais para a busca de produtividades cada vez mais elevadas.
Palmeira elegante e tÃpica da Região Norte, mais especificamente da Floresta Amazônica, se adapta bem a alta pluviosidade e elevada temperatura deste bioma. Muitas vezes é transportado e propagado de forma natural pela fauna amazônica.
Ele se adapta bem à fertilidade e acidez dos solos tropicais, sejam eles gleissolos (várzea) ou latossolos vermelhos e amarelos (terra firme), para o qual tem desenvolvido um potente sistema radicular superficial que aproveita eficientemente os nutrientes das camadas superficiais por distâncias de até cinco metros.
Como açaizeiro na região Amazônica são reconhecidas duas espécies, seja a espécie ocidental, Euterpe precatória Mart., denominado popularmente de açaí-solteiro, açaí-da-mata ou açaí-do-amazonas ou a espécie oriental, oEuterpe oleraceaMart.denominado popularmente de açaí-do-pará, açaí-do-baixo-amazonas, açaí-de-touceira, açaí-de-planta, açaí-da-várzea, juçara, juçara-de-touceira e açaí-verdadeiro.
Esta última é responsável pela maior produção nacional, seja em termos quantitativos ou geográficos, fruto atualmente de moda pelas propriedades nutricionais e potente antioxidante, cujo consumo está crescendo, apesar de formar parte do cardápio regional tradicional do Norte desde tempos remotos.
Expansão comercial
Em virtude da expansão comercial dessa bebida, muitos produtores brasileiros vêm mostrando interesse em seu cultivo emescala comercial, especialmente nas regiões norte e nordeste.
Segundo o IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica), a produção do Brasil vem crescendo ao longo da última década, se destacando como cultura preferencial na região norte, destacando com grande vantagem o Estado do Pará, realidade que tem provocado um aumento do cultivo de açaí influenciandoindiretamente a queda do extrativismo deste fruto.
Outros Estados têm aumentado o extrativismo deste tipo de produto, indicador positivo para produtores que podem encontrar na cultura uma aposta interessante de um mercado consumidor crescendo, seja no âmbito doméstico ou internacional. A cultura apresenta riscos reduzidos por serem espécies que apresentam rusticidade, boa adaptação aos solos e clima tropical com pragas e doenças fáceis de controlar.
Figura 1. Séries históricas da produção do extrativismo do açaí a nível nacional e na região norte. Fonte IBGE, 2016.
Produtividade
O açaí-do-pará (Euterpe oleraceaMart.), com um habitat geográfico definido na Amazônia Oriental (PA, TO, MA, AP), perfilha constantemente, facilitando a renovação e a frutificação constante, chegando a emitir uma boneca floral a cada 30 dias e garantindo uma nutrição adequada e uma irrigação na estiagem, consegue alcançar a maturidade dos frutos com 180 dias após a floração.
Deste modo, permite obter uma produção contÃnua ao longo de todo o ano, garantindo maior rentabilidade. Quando comparado com a outra espécie de açaí, o açaí-de-touceira, inicia sua produção no 3º ano, vantagem comparativa que faz dele uma opção maisatraente pelo retorno mais precoce.
Mantendo um marco de plantio de 5 x 5 m em terra firme com 400 touceiras por hectare ou 1.200 estipes por hectare (3 estirpes/cova), consegue-se obter produtividades de 3 toneladas/hectare durante as duas primeiras safras.Ela aumenta progressivamente, com quatro toneladas no 5º ano, e alcança 10 toneladas no 8º ano.
Safra
A safra do açaí depende de vários fatoresgenéticos ou ambientais. Nestes últimos, o manejo adequado da cultura é fator diferencial. De maneira geral, a safra do açaí-do-mato ou açaí-do-amazonas (Euterpe precatóriaMart.) começa no final do ano, em novembro, principalmente na várzea, áreas sob uma maior influência do regime hidrológico dos rios e, portanto, com maior umidade, o que termina por adiantar e aumentar a produtividade.
A colheita deste tipo de açaí se prolonga até os meses de abril, quando apenas resta o açaí que fica nas áreas mais distantes na terra firme, áreas com maior disputa por nutrientes e luminosidade, atrasando assim a maturação dos frutos e prolongando a safra.
De outro lado, o açaí-de-touceira ou açaí-do-pará (Euterpe oleraceaMart.), apesar de ter a safra definida entre os meses de julho até dezembro, intervalo concomitante ao do açaí-do-amazonas, responde positivamente à irrigação, conseguindo aumentar em até 40% a produtividade.
Ante a falta de recursos para investimento em sistemas de irrigação, uma combinação entre ambas espécies pode significar uma produção contÃnua no tempo, conseguindo maior rentabilidade para o produtor.
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Fonte: IBGE, 2016.
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