Walkymário de Paulo Lemos
Chefe de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Amazônia Oriental
Lindaurea Alves de Souza
Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental
Dentre os fatores que comprometem a produção racional do açaizeiro, pode ser destacada a ocorrência de insetos. Com a expansão de cultivos comerciais na região norte do Brasil, os problemas causados por esses organismos têm surgido com maior evidência e aumentado a preocupação quanto aos prejuízos que vêm causando ao açaizeiro.
Diversos insetos são capazes de atacar o açaizeiro, desde a fase de sementeira até o plantio adulto. As pragas que atacam o açaizeiro ainda são pouco conhecidas, fato que dá importância às informações sobre o assunto.
Principais pragas
→Cerataphis brasiliensis(Hempel): As publicações sobre ocorrência e injúrias de pulgões em palmáceas na Amazônia, até 2011, mencionavam Cerataphis lataniae (Boisduval). Embora, C. lataniae tenha sido referida tradicionalmente como praga das palmáceas, a correta denominação para o afÃdeo-das-palmeiras na Amazônia Oriental é C. brasiliensis.Conhecida comopulgão-preto-do-coqueiro, ataca mais intensamente o açaizeiro no viveiro e durante os três primeiros anos de vida no campo. No Brasil, ocorre nos Estados do Amazonas, Bahia, Pará, ParaÃba, Pernambuco, PiauÃ, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Maranhão, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Esse inseto provoca o atraso no desenvolvimento das mudas do açaizeiro, tornando-as raquÃticas e com as folhas amareladas, por causa da seiva que tanto as ninfas como os adultos sugam para se alimentarem.
No viveiro, o controle é feito separando as mudas atacadas das sadias e os insetos retirados manualmente com auxÃlio de um pano umedecido em água. As mudas atacadas são mantidas isoladas fora do viveiro e observadas, por cerca de 10 dias, até que haja a certeza de que a praga foi completamente eliminada, quando então poderão retornar ao viveiro.
Ainda não existe um método de controle dessa praga no campo, por isso, deve haver o cuidado de não levar mudas atacadas para o plantio definitivo.
→ Alleurodicus cocois:conhecida por mosca-branca, causa maior dano ao açaizeiro no viveiro, mas pode atacar essa palmácea nos primeiros anos de vida no campo. A mosca-branca ataca um grande número de fruteiras e diversas palmeiras. É encontrada de Norte a Sul do Brasil.
Por se alimentar da seiva, torna a planta amarelada, debilitada e depois clorótica, atrasando o desenvolvimento e a produção, podendo causar a morte do açaizeiro no caso de ataque severo. Esse inseto favorece o aparecimento do fungo fumagina, que provoca a diminuição na fotossíntese da planta.
Tanto no viveiro como no campo, as medidas de controle são as mesmas propostas para C. brasiliensis.
→Atta spp.:conhecidas popularmente por saúvas, tanajuras e formigas-saúvas, atacam as plântulas do açaizeiro na sementeira, as mudas no viveiro e as plantas nos primeiros anos de vida no campo. No entanto, os ataques são mais drásticos na sementeira e no viveiro, em virtude das folhas estarem muito tenras. As espécies mais comuns são: A. laevigata (saúva-da-mata), A. cephalotes (saúva-cabeça-de-vidro) e A. sexdens sexdens (saúva-limão-do-norte ou formiga-da-mandioca).
Essas saúvas são encontradas em todos os Estados do Brasil. A saúva-da-mata, além do açaizeiro ataca diversas fruteiras.A saúva-cabeça-de-vidro também ataca diversas fruteiras, assim como o açaizeiro, coqueiro (Cocos nucifera L.) e o dendezeiro (Elaeisguineensis Jack.), e a saúva-limão-do-norte ou formiga-da-mandioca ataca o açaizeiro e outras palmeiras e fruteiras.
As saúvas cortam os folÃolos do açaizeiro no viveiro, provocando o desfolhamento parcial ou total das mudas, concorrendo para o atraso no desenvolvimento ou até mesmo a morte da planta.
Como controle preventivo são observados os locais de instalações dos viveiros. Devem ser evitadas as proximidades de áreas de matas, pois são os ambientes preferidos das saúvas. Outro fator a ser observado é se existem sauveiros nas proximidades e, quando se tratar de áreas infestadas, esses deverão ser retirados e queimados, seguidos de tratamento do solo com inseticida. Essas providências são de grande importância, não só antes da instalação do viveiro, como antecedendo ao plantio do açaizeiro no local definitivo.
O controle químico ainda é o mais utilizado, comprodutos líquidos (termonebulizáveis-fenitrothion e deltametrin) e iscas granuladas (diflubenzuron), que são mais práticos, eficientes e econômicos.
As saúvas também podem ser controladas por inimigos naturais, como fungos, nematoides, ácaros parasitas, formigas predadoras e um coleóptero da família Scarabaeidae, predador das rainhas (Della Lúcia, 1993). Pode também ser feita a gradagem do terreno para destruir os ninhos no solo.
→Rhynchophorus palmarum Linnaeus: conhecida por broca-do-olho-do-coqueiro, bicudo e broca-do-coqueiro, ataca o açaizeiro, no campo, a partir dos três anos de idade, quando as plantas estão com o estipe suficientemente desenvolvido. Além do açaizeiro, essa praga ataca outras palmeiras, principalmente o coqueiro e o dendezeiro.
O gênero Rhynchophorus é encontrado disperso por todo o Brasil.O açaizeiro atacado apresenta porte reduzido, folhas mais curtas e amareladas, com o pecÃolo bronzeado, redução do número de folhas, redução ou ausência de cachos, inflorescências abortadas e estipe com furos enegrecidos junto à região da coroa.