Genética garante brócolis mais resistente

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Foto: Shutterstock

Carlos Antônio dos Santos
Engenheiro agrônomo e doutor em Fitotecnia/Produção Vegetal – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
carlosantoniods@ufrrj.br
Laura Carine Candido Diniz Cruz
Engenheira agrônoma e mestranda em Fitotecnia – UFRRJ
Margarida Goréte Ferreira do Carmo
Engenheira agrônoma, Doutora em Fitopatologia e professora – UFRRJ
gorete@ufrrj.br

A genética favoreceu o cultivo de brócolis (Brassica oleracea var. italica). Já estão disponíveis híbridos que possibilitam o cultivo mesmo em áreas ou períodos com temperatura mais elevadas, pois esses materiais toleram as condições tropicais de chuvas. Se comparado a outros híbridos de verão, seus pontos fortes são um menor índice de brácteas na cabeça e precocidade de colheita.

Mercado

O brócolis apresenta boa saída no mercado de hortifrútis e tem ganhado destaque na mesa dos brasileiros que buscam alimentos de maior valor nutricional. Estimativas recentes apontam que a produção e o mercado de brócolis têm avançado consideravelmente e com incrementos de cerca de 4,5% ao ano.

As cultivares de brócolis atualmente disponíveis no mercado são divididas em dois grupos: ramoso e americano. O brócolis do grupo ramoso é comercializado em maços, resultantes da colheita de várias inflorescências que são produzidas por planta ao longo do tempo, uma apical e várias resultantes de ramificações laterais.

Já o brócolis americano produz uma inflorescência ou “cabeça” única, emitida na parte apical da planta. Por ser única, tem maior diâmetro e é mais compacta, semelhante à couve-flor.

O brócolis americano também vem ganhando espaço no mercado de hortaliças minimamente processadas e congeladas, o que agrega valor ao produto e cria maiores possibilidades para o consumo.

Genética a favor do brócolis

A produção de brócolis exige alguns cuidados, como a escolha de cultivar adequada às condições climáticas de cada região e época de cultivo, manejo adequado da fertilidade do solo e manejo fitossanitário.

As plantas de brócolis, assim como de várias outras hortaliças da família Brassicaceae, requerem temperaturas amenas para florescer e produzir. No geral, as cultivares tradicionais de brócolis exigem temperaturas entre 15 – 25ºC para correto desenvolvimento foliar, indução e crescimento das inflorescências.

Esses requisitos, no entanto, têm sido reduzidos com o melhoramento genético visando maior adaptação climática. O desenvolvimento de novas cultivares, em sua maioria híbridos, menos exigentes em frio, ou mais tolerantes a temperaturas moderadas a elevadas, tem permitido a ampliação das regiões e épocas de cultivo de brócolis, ampliando a oferta ao longo do ano. 

Hora da escolha

Em regiões e/ou épocas com temperaturas mais elevadas, o produtor deve procurar, dentre as cultivares disponíveis no mercado, aquelas que apresentem maior tolerância a estas condições.

Caso contrário, o ciclo da planta e a produção da cultura podem ser afetados, resultando em perdas de produtividade e qualidade comercial. Ou seja, quando cultivada sob condições inadequadas, as plantas da cultivar em questão não expressam todo seu potencial genético e podem, desde não florescer, como produzirem inflorescências defeituosas e de baixo valor comercial em virtude de distúrbios fisiológicos. 

Dentre estes distúrbios, pode-se ressaltar a presença de folhas e brácteas nas inflorescências; a abertura precoce dos botões florais, conhecida como “olho de gato”; descoloração da inflorescência e intensificação do talo oco, que está também associado a outros, fatores como deficiência de boro.

Vantagens dos híbridos

O cultivo de brócolis, atualmente, tem sido possível durante praticamente o ano todo em algumas regiões, graças ao desenvolvimento de novas cultivares precoces ou super precoces mais tolerantes ao calor.

Estes novos materiais, em geral híbridos, podem ter também outras características interessantes. Este é um ponto positivo para os produtores, que assim conseguem maior flexibilidade no escalonamento da produção e melhores preços em determinadas épocas do ano e, para o consumidor, pela possibilidade de ter o produto o ano todo. 

O produtor, no entanto, deve se atentar às exigências específicas de cada cultivar a ser escolhida para plantio em sua região e época do ano. É sempre interessante uma avaliação prévia, ou pequenos ensaios, para averiguar o desempenho local da cultivar e identificar as melhores épocas de plantio visando a obtenção de melhores resultados.

Diferenciais dos novos híbridos

No mercado brasileiro de sementes, é possível encontrar materiais de brócolis com diversas características promissoras. Dentre estes atributos ou vantagens, estão: maior precocidade; maior vigor; melhor tolerância ao calor e oscilações de temperatura e de umidade; maior uniformidade no florescimento; melhor qualidade comercial das “cabeças” – inflorescências mais compactas e uniformes; melhor durabilidade pós-colheita; maior adequação ao processamento e; resistência a algumas doenças.

Dentre as doenças priorizadas nas cultivares, ressalta-se a resistência à podridão-negra das crucíferas, causada por Xanthomonas campestris pv. campestris. Ainda, é possível encontrar cultivares de brócolis com resistência a outras doenças foliares, como a mancha de alternaria (Alternaria sp.) e míldio das brássicas (Hyaloperonospora brassicae), bem como para a murcha de fusarium, causada pelo patógeno de solo Fusarium oxysporum f. sp. conglutinans.

As novas cultivares existentes no mercado têm proporcionado um grande salto na flexibilidade de cultivo de brócolis em várias regiões brasileiras onde o brócolis ainda não era cultivado, bem como a ampliação do cultivo em épocas mais quentes em regiões tradicionais.

Estudos realizados por Santos et al. (2020) e Macedo et al. (2022), por exemplo, demonstraram a viabilidade da produção de brócolis em condições de clima quente e úmido da Amazônia Central e da Baixada Fluminense, respectivamente.

Custo-benefício

O mercado para esta hortaliça está aquecido nos últimos anos e ainda tem grande potencial de crescimento.

A utilização de cultivares de brócolis com tolerância a temperaturas mais elevadas e com características genéticas promissoras apresenta boa relação custo-benefício para os produtores.

Sabe-se que a escolha correta da cultivar é o primeiro passo para o sucesso na lavoura e que estas características são muito interessantes, por colaborarem para o aumento da flexibilidade no cultivo desta cultura (regiões e épocas), redução dos riscos, e por proporcionarem maior produtividade no campo e melhorias quanto à qualidade comercial das inflorescências.

Portanto, os produtores devem atender aos critérios técnicos para escolher a cultivar, a época adequada de plantio e o correto manejo da cultura, visando a obtenção de altos rendimentos.

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