22.6 C
Uberlândia
sexta-feira, novembro 22, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosHortifrútiNutrição na ponta do lápis para a pimenta de cheiro

Nutrição na ponta do lápis para a pimenta de cheiro

Talita de Santana Matos

Elisamara Caldeira do Nascimento

Glaucio da Cruz Genuncio

glauciogenuncio@gmail.com

Doutores em Agronomia

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

A espécie Capiscumchinense é a mais brasileira das espécies domesticadas e se caracteriza pelo aroma acentuado dos seus frutos e uma expressiva variabilidade de formatos e cores.

A pimenta ‘de cheiro’, que predomina no Norte do País, possui frutos de tom amarelo-leitoso, amarelo-claro, amarelo-forte, alaranjado, salmão, vermelho e até preto, sempre com aroma bem marcante. A pungência também é variável – são encontrados frutos doces a muito picantes.

Entre pimentas pungentes e não pungentes no Brasil, estima-se uma área cultivada aproximada de 1,9 mil ha. Apesar de sua importância, as estatísticas de produção e comercialização de pimenta no Brasil são escassas e a informação disponível não reflete a realidade econômica dessa hortaliça, visto que grande parte da produção é comercializada em mercados regionais e locais, e não faz parte das estatísticas.

A produtividade varia com as tecnologias empregadas, com a idade das plantas, densidade da copa e condições climáticas. Dependendo da cultivar e do manejo, cada pé de pimenta produz, em média, 05 kg.

Exigências nutricionais

Segundo dados da Epamig, há associação entre a absorção de nutrientes e o desenvolvimento da planta. Muitas vezes a fase de rápido desenvolvimento da cultura é acompanhada por grande aumento na absorção de nutrientes, que declina quando a taxa de crescimento diminui.

Vários pesquisadores já observaram que o período de maior extração de nutrientes em plantas de pimenta de cheiro ocorreu entre 120 e 140 dias após o transplantio (DAT), coincidindo com o maior acúmulo de biomassa seca.

O maior acúmulo de magnésio (Mg) e de cálcio (Ca) ocorreu nas folhas, enquanto nitrogênio (N), potássio (K), enxofre (S) e o fósforo (P) foram mais acumulados nos frutos.

Apenas 08 a 13% da quantidade total dos macronutrientes acumulados aos 140 DAT foram absorvidos até os 60 DAT. Dos 61 aos 100 DAT, o potássio foi o macronutriente mais absorvido (60% do total acumulado no ciclo); P, Ca e S foram mais absorvidos no final do ciclo. Os macronutrientes mais absorvidos, em gramas por planta, foram: N (6,6) > K (6,4) > Ca (2,6) >Mg (1,3) > S (1,1) > P (0,7).

Uma adubação equilibrada que contemple os nutrientes necessários para o bom crescimento e desenvolvimento da planta favorece a resistência a ataques de pragas e doenças, assim como permite uma boa produção com frutos de qualidade, gerando melhores rendimentos.

Para tal, é importante saber qual a função dos nutrientes e suas interações com outros elementos minerais, bem como a identificação dos sintomas de deficiência ou excesso destes nas plantas para que não ocorram desordens fisiológicas.

Fertirrigação em pimenta biquinho - Crédito Leandro Santos Lobo
Fertirrigação em pimenta biquinho – Crédito Leandro Santos Lobo

Manejo

As pimentas são plantas exigentes em calor, sensíveis a baixas temperaturas e intolerantes a geadas. São cultivadas principalmente em regiões de clima tropical, com precipitação pluviométrica variável de 600 a 1.200 mm e uma temperatura média em torno de 25ºC.

Temperaturas inferiores a 15ºC prejudicam o desenvolvimento vegetativo da planta. O solo mais recomendado é o que apresenta textura leve, com pH entre 5,5 a 6,0, e boa drenagem.

Nas regiões mais frias, o plantio deve ser feito de agosto a outubro e nas regiões mais quentes em qualquer época do ano. Uma média de 02 a03 g de sementes por metro quadrado vão primeiro para sementeiras, distribuídas em sulcos distanciados 10 cm.

Um grama contém 300 sementes. Para o plantio de 01 ha é preciso cerca de 300g de sementes. A germinação ocorrerá de 15 a 20 dias após o plantio e as mudas devem ser transplantadas para o campo, canteiros ou vasos quando apresentarem de quatro a seis folhas, com 15-20 cm de altura, cerca de 50-60 dias após a semeadura.

Recomenda-se fazer a correção da acidez do solo e adubação com base na análise química do solo. A adubação com micronutrientes como boro, zinco e enxofre é importante.

Até a fase de florescimento, as adubações de cobertura são feitas com intervalos de 30-45 dias até o final do ciclo. Normalmente utilizam-se 30 kg/ha de N e 30 kg/ha de K2O.

 

Custo x rentabilidade

O custo para implantação de um hectare de pimenta de cheiro está em torno de R$ 5.000,00, desconsiderando os gastos com a colheita. Em muitos casos, esta etapa compreende 50% das receitas obtidas com a cultura.

A rentabilidade rápida que a cultura possibilita é o que mais atrai o produtor. A pimenta de cheiro é colhida a cada 15 dias e produz durante mais de seis meses. Para um bom desenvolvimento das plantas, as mudas devem ser plantadas em fevereiro, durante o ciclo de chuvas.

Em cerca de quatro meses as plantas começam a produzir frutos e a colheita vai de junho a janeiro. Existem duas formas de escoar a produção – na bandeja de isopor e na caixa de 10 quilos.

Para quem está começando na atividade, é importante buscar orientação técnica sobre a produção e também sobre a comercialização do produto. É importante ter em mente que o produto beneficiado, na forma de conserva, agrega valor ao produto e garante que a venda será feita durante todo o ano.

Essa matéria você encontra na edição de maio 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua.

ARTIGOS RELACIONADOS

Maior período de maturação garante uvas mais doces

  Giuliano Elias Pereira Engenheiro agrônomo, doutor em Viticultura e Enologia e pesquisador da Embrapa Uva e Vinho/Semiárido giuliano.pereira@embrapa.br A maturação das uvas do Vale do São Francisco...

Fertirrigação em cafeeiros – Como escolher, dosar e parcelar os adubos

José Braz Matiello Engenheiro agrônomo da Fundação Procafé André Luis Teixeira Fernandes Engenheiro agrônomo e professor da Uniube   No uso de adubação via água de irrigação...

Centro-Oeste produz cerca de 42% da safra brasileira de grãos

Região é hoje principal celeiro agrícola do país. Na safra 2014/2015, colheu 88 milhões de toneladas O Centro-Oeste respondeu por cerca de 42% da produção...

‘Mal do tronco’ avança em lavouras de café conillon no Espírito Santo

José Braz Matiello Engenheiro agrônomo da Fundação Procafé jb.matiello@yahoo.com.br Franco Cosme Robson R. Campos Engenheiros agrônomos da Defesa Agrícola Bruno S. Marques Engenheiro agrônomo O mal do tronco, uma doença que...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!