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Fertirrigação em cafeeiros – Como escolher, dosar e parcelar os adubos

José Braz Matiello

Engenheiro agrônomo da Fundação Procafé

André Luis Teixeira Fernandes

Engenheiro agrônomo e professor da Uniube

 

Crédito Luize Hess
Crédito Luize Hess

No uso de adubação via água de irrigação ” a fertirrigação ” a pesquisa e a prática têm demonstrado que, em lavouras de café, as fontes, doses e parcelamentos dos adubos podem ser ajustados, de forma mais simples, facilitando o entendimento do técnico recomendante e seu emprego pelo cafeicultor.

Quanto às fontes, os fertilizantes empregados via água de irrigação podem ser sólidos ou líquidos (fluidos). Os fertilizantes sólidos devem ter, preferencialmente, alta solubilidade. Eles devem ser escolhidos conforme suas características e propriedades, e não conterem ferro.

A pesquisa evidenciou que podem ser utilizados fertilizantes comuns, como ureia, cloreto de potássio (branco) e MAP purificado, dentre outros semelhantes, no lugar daqueles mais puros e com maior custo de aquisição.

Ainda, com relação às fontes, deve-se analisar a compatibilidade entre elas, para que não se formem precipitados que podem causar problemas de entupimentos nos sistemas de irrigação localizada. Como os fertilizantes são sais, deve-se também estar atento ao índice salino dos mesmos.

Tabela 1 ” Produção média, em cinco safras, em cafeeiros irrigados por gotejamento, sob dois tipos de adubos e modos de aplicação, Uberaba (MG)

  Tratamentos Produção (sc/ha)
Fertirrigação Adubo químico importado, 16 aplicações 53,5a
Adubo químico convencional, 16 aplicações 50,1a
Cobertura, sólida, solo Adubo químico convencional, 04 aplicações 54,0a

Químico convencional = form. 20-05-20; químico importado = 99% de solubilidade

Fonte: Fernandes et al, Anais 31CBPC, Mapa/Procafé, 2005

Na tabela 2 podem ser observados os principais fertilizantes utilizados na fertirrigação, com as respectivas composições, solubilidades, salinidades e pH.

Tabela 02 ” Principais fontes e características de fertilizantes utilizados em fertirrigação

Produto Composição Condutividade elétrica (dS/m) pH Solubilidade
Ureia 46% de N 0,07 5,8 2,2
Nitrato de amônio 33% de N 1,5 5,6 1,6
Sulfato de amônio 20% de N 2,1 5,5 2,4
Nitrato de cálcio 15% de N + 26% de CaO 1,1 5,9 1,1
MAP Purificado 11% de N + 54% de P2O5 0,8 4,9 3,5
Ácido fosfórico 54% de P2O5 1,7 2,5 0,2
Cloreto de potássio branco 60% de K2O 1,7 5,4 2,9
Nitrato de potássio 13% de N + 46% de K2O 1,2 7,0 4,8
Sulfato de potássio 50% de K2O 1,4 7,1 12,5
Sulfato de magnésio 13% de S + 10% de Mg 0,7 4,0 1,4
Nitrato de magnésio 11% de N + 16% de MgO 0,9 5,4 2,0
Ácido bórico 17% de B 0 0 15,9

Dosagens

No pós-plantio podem ser feitos 03-04 parcelamentos mensais, iniciando com 05 g de ureia ou similar nitrogenado, aumentando para sete e 10 g, se o período quente persistir, podendo, nesse caso, com a irrigação, prolongar o período de fertirrigação até um pouco mais tarde, até abril-maio, quando o normal seria acabar em março/abril.

Em seguida, de 06-18 meses pós-plantio, recomenda-se utilizar de 25-35 g de N e 20-30 g de K2O por planta, e no ano seguinte usar 50-70 g de N e 50-70 g de K2O, o que corresponderia a 200-250 kg de N e K2O por hectare, quando se vai colher o equivalente a cerca de três litros de frutos por planta.

Na realidade, como vai haver um melhor aproveitamento dos adubos, especialmente do N, pela fertirrigação, poderia ser usada uma dose cerca de 20% menor. Porém, como a planta, pela irrigação, cresce e frutifica mais, pode-se manter essa dose e, em alguns casos de produções altas, até aumentar.

Na lavoura adulta, recomenda-se manter (às vezes aumentar) a dose de fertilizantes, via água, também baseada no critério de necessidade nutricional dos cafeeiros, para seu crescimento (vegetação) e para a produção de frutos.

Quanto ao efeito do parcelamento dos adubos em função da fertirrigação, a pesquisa mostrou que em solos com textura normal não é necessário parcelar demasiadamente as fertirrigações, bastando usar 08-16 parcelamentos no ano.

A época de aplicar os fertilizantes via água de irrigação é semelhante àquela da adubação normal, de outubro a março, quando se concentra o crescimento e frutificação do cafeeiro. Em regiões quentes, as fertilizações podem ser ampliadas durante a maior parte do ano.

Para o sucesso da fertirrigação, é necessário avaliar a distribuição de água do sistema de irrigação. Existem metodologias próprias para a avaliação de pivô central, gotejamento, aspersão, e os cafeicultores devem avaliar o sistema pelo menos uma vez por ano, antes do início da estação de irrigação. Não há como aplicar uniformemente os adubos se a própria água não é aplicada corretamente.

A distribuição dos adubos pela água é totalmente dependente do sistema de irrigação utilizado - Crédito Ana Maria Diniz
A distribuição dos adubos pela água é totalmente dependente do sistema de irrigação utilizado – Crédito Ana Maria Diniz

Cuidados

Finalmente, um cuidado adicional, na verificação da distribuição dos adubos na água, é a abrangência da maior parte do sistema radicular, e dos dois lados da linha do cafeeiro, pois a absorção de alguns nutrientes pelas raízes se dá de forma radial.

Assim, em cafeeiros mais jovens e em terrenos com declive a distribuição fica adequada, pelo escoamento lateral da água. Em locais muito planos e em lavouras mais velhas, com grande diâmetro de saia, a prática tem mostrado que, anualmente, deve-se fazer 01-02 parcelamentos com adubos sólidos, esparramados em cobertura, com isso melhorando a distribuição dos mesmos junto às raízes.

A distribuição dos adubos pela água é totalmente dependente do sistema de irrigação utilizado. Para os sistemas com aplicação em área total, não há este problema. Para os chamados sistemas de irrigação localizada, tanto para os de gotejamento quanto para os de pivô central com emissores localizados (LEPA’s, por exemplo), este cuidado deve ser tomado.

Essa matéria você encontra na edição de junho de 2018 da Revista Campo & Negócios Grãos. Adquira o seu exemplar.

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