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Helicoverpa armigera devasta tomateiros

Cecilia Czepak

Professora Titular da Escola de Agronomia/UFG – Atuação no Manejo Integrado de artrópodes pragas em cultivos de soja, milho, tomate, algodão e feijão.

ceciczepak@yahoo.com.br

 

A H. armigera se encontra em vários Estados brasileiros e em diferentes culturas, especialmente em soja, algodão, tomate, milho e feijão. Algumas regiões ainda não confirmaram oficialmente sua presença, mesmo depois de mais de três anos da sua identificação, mas com certeza essa praga já se encontra disseminada pelo Brasil, tanto que sua erradicação nem foi aventada, no ano da sua descoberta oficial em 2013.

Sabe-se que casos de ataque da praga foram se multiplicando entre regiões e cultivos ao longo dos meses e, portanto, dificilmente podemos dizer que ela não está em todos os Estados brasileiros.

Outro fato importante a ser registrado se refere aos estudos de genética de populações que comprovaram que H. armigera está a mais tempo do que se pensa no Brasil e sua detecção, infelizmente, foi tardia, pois surtos de Heliothinae foram observados nos anos anteriores à notificação oficial da H. armigera no Brasil, mas as lagartas foram identificadas como Chlorideavirescens ou H. zea, devido à grande semelhança da forma jovem dessas espécies. Isso explica a impossibilidade de erradicá-la, ou pelo menos impedir sua disseminação.

 

Pesquisas

 

Em Goiás estão sendo conduzidos inúmeros estudos sobre este inseto e já é possível dizer que, no Estado, a H. armigera tem sua presença comprovada de Norte a Sul, em diferentes regiões e sistemas agrícolas, tornando-se praga-chave não só em cultivos de soja e algodão, mas também em cultivos irrigados de tomate, feijão e milho doce, e sendo provavelmente estas as culturas hospedeiras e multiplicadoras da praga nas entressafras.

Os problemas decorrentes da presença da praga nos cultivos agrícolas infelizmente foram sendo minimizados. Uma falha, considerando a importância mundial deste inseto e a necessidade de estudos aprofundados em território brasileiro, principalmente relacionados a sua dispersão, biologia, comportamento em diferentes hospedeiros e regiões, táticas de controle, entre outros.

Essa falta de informação pode comprometer o entendimento da praga e seu controle, e a possibilidade de enfrentarmos novos ataques passou a ser iminente.Basta lembrar que nesta nova safra de soja surtos já foram detectados em alguns Estados e a sensação equivocada de que o problema “H. armigera“ foi superado começa a cair por terra.

Prejuízos aos tomates atacados pela praga - Créditos Cecília Czepak
Prejuízos aos tomates atacados pela praga – Créditos Cecília Czepak

O tomate

 

Talvez o tomate não seja o principal hospedeiro, mas certamente é uma cultura em que a praga consegue se manter e se multiplicar muito bem. Entretanto, temos que lembrar que esta praga é extremamente polífaga, e isso lhe dá condição de sobrevivência em inúmeros hospedeiros, e dependendo da região e dos cultivos existentes ela poderá se proliferar.

Em Goiás, por exemplo, temos áreas onde a rotação soja/tomate ocorre anualmente, e isso tem feito com que a praga se perpetue, pois encontra alimento suficiente para ela e sua prole se manterem ao longo dos anos.

Também podemos dizer que o tomate é considerado hospedeiro preferencial da praga até mesmo nas suas regiões de origem, como no velho continente, logo, não seria diferente aqui no Brasil.

 

Prejuízos

 

Esta praga pode produzir prejuízos de até 100% em uma lavoura, se não controlada, pois ataca diretamente o fruto, portanto, objeto de interesse do produtor. Logo, não podemos dizer qual a importância da tomaticultura para a H. armigera, mas qual a importância da H. armigera para a tomaticultura.

Assim, pode ter certeza que, atualmente, no Brasil ela é praga-chave e se tornou responsável pelo aumento considerável do uso de agroquímicos para seu controle. Alguns produtores chegam a fazer aplicações a cada três ou quatro dias para controle da praga, sem contar que em alguns casos sabe-se de aplicações diárias.

Lógico que isso tudo ocorre exatamente pela forma como estão sendo conduzidas nossas lavouras no Brasil. Apenas a ferramenta química passou a ser utilizada, e a adoção do manejo integrado de pragas ficou esquecida, se é que algum dia foiutilizado de forma a controlar essa ou outra praga.

Ataque, visto de perto - Créditos Cecília Czepak
Ataque, visto de perto – Créditos Cecília Czepak

Incidência da praga

 

Goiás, principalmente, tem enfrentado problema com a praga, mas Minas Gerais e São Paulo também estão sendo alvos dessas infestações. Acredito que enquanto a ferramenta química estiver atuando de forma “satisfatória“ para o produtor, as reclamações serão sempre vistas como esporádicas, mas saiba que, infelizmente, essa questão é muito mais séria do que aparenta, principalmente com relação ao uso de produtos não registrados.

Quando, então, num futuro não muito distante, nem essa ferramenta de controle funcionar, vamos ter ideia da real situação da H. armigera no País.

Com certeza, estão sendo repetidos os mesmos erros cometidos no passado em relação às pragas exóticas. Veja o caso da mosca-branca (Bemisia tabaci biótipo “B“) -mais de 20 anos se passaram desde a sua identificação em território brasileiro, porém, as pesquisas pouco avançaram e atualmente, com raras exceções, os produtores têm como única ferramenta de controle os inseticidas, os quais, muitos deles perderam sua eficácia ao longo dos anos e,além disso, já estamos enfrentando um novo biótipo de B. tabaci.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de abril 2017  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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