23.6 C
Uberlândia
segunda-feira, maio 13, 2024
- Publicidade -
InícioArtigosGrãosAlgas calcárias e sua atuação como corretivo de solo

Algas calcárias e sua atuação como corretivo de solo

Nilva Teresinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)

nilvatteixeira@yahoo.com.br

 

Crédito DuPont Pioneer
Crédito DuPont Pioneer

Entre as inúmeras espécies de algas marinhas estão as denominadas algas calcárias (como as do gênero Jania e Lithothamnion), que apresentam elevados teores de cálcio na sua estrutura. Tais organismos contêm verdadeiro depósito de carbonato de cálcio em suas paredes celulares, o que lhes confere um aspecto rígido.

Estas algas e os corais são os principais responsáveis pela construção de recifes naturais. Juntos, formam as maiores construções vivas do planeta, fornecendo habitat para uma diversidade de seres marinhos.

A alga calcária Lithothamniun absorve tanto cálcio quanto magnésio, formando carbonatos (calcário) que a sufocam e a matam, e a seguir se fossilizam. O calcário acaba depositado em forma granulada, formando verdadeiras jazidas com valor econômico, mas, ao mesmo tempo, importantes para a sustentação de vários organismos, além de auxiliar na fixação do carbono e ajudando a reduzir emissões de gases de efeito estufa. Então, a exploração deve ser cuidadosa.

Exploração

Os depósitos de algas calcárias têm sido explorados por centenas de anos na Europa. Estudos sobre a viabilidade do uso sustentável deste recurso surgiram ao longo das últimas décadas. As algas calcárias têm múltiplo uso, tais quais: podem ser empregadas como filtro biológico, no mar ou em aquário, como fertilizantes ou corretivos da acidez dos solos na agricultura, como suplemento de cálcio na alimentação humana e animal, por exemplo.

As costas francesa, inglesa e irlandesa são importantes depósitos das referidas algas. Entretanto, o Brasil já é considerado detentor do maior depósito de algas calcárias do planeta. Sabe-se que bancos de algas calcárias ocorrem em praticamente toda a costa brasileira: do Maranhão até o Sul do Rio de Janeiro. São encontrados, ainda, no litoral catarinense.

Na exploração comercial o produto é retirado do fundo do mar, do sedimento marinho, seco ao ar livre e triturado, peneirado e, assim, comercializado. Entretanto, outra possibilidade é promover, após a moagem, nova secagem a quente e pulverização a frio. Devido à porosidade do material e às pequenas dimensões das suas partículas, o produto apresenta uma atividade muito intensa no solo, principalmente pela elevada superfície específica do material.

Destaque

Entre as algas marinhas calcárias, a Lithothamnium calcareum de destaca. Pode apresentar 46% de CaO, 4,2% de MgO, reatividade de 99%, PRNT de 92,6% e rápida ação na liberação do cálcio e magnésio, na correção da acidez e no condicionamento do solo.

Ainda, tais organismos são ricos em outros nutrientes de plantas e de bioestimulantes naturais. Levam consigo também uma rica fauna marinha que muito vai contribuir para a vida microbiológica do solo, agindo, inclusive, na decomposição da matéria orgânica.

Ao analisar o efeito corretor de acidez do solo, em comparação com o calcário tradicional, as vantagens obtidas pelas algas são evidentes: além do efeito corretivo, disponibilizam rapidamente cálcio e magnésio às plantas, contribuem fornecendo outros nutrientes, como já se referiu, o material é portador de bioestimulantes naturais, promove maior absorção e aproveitamento dos nutrientes, favorecendo, assim, o desenvolvimento das plantas e a produção.

A soja tem apresentado resultados positivos com a aplicação das algas - Crédito Luize Hess
A soja tem apresentado resultados positivos com a aplicação das algas – Crédito Luize Hess

Algumas citações na literatura comprovam tais observações. Assim, a aplicação conjunta com vinhaça em cultivos de cana-de-açúcar melhoram a ação da vinhaça como condicionador do solo, na liberação de seus nutrientes às plantas e do pH do solo.

Ainda, propicia a incorporação de micronutrientes e aumento dos teores de Ca (224%), Mg (40%) e Fe (88%) na mistura no resíduo industrial em questão. E o principal: ocorreram acréscimos de mais de 50% na produção de açúcar e álcool. Ao ser aplicado na lavoura misturado à vinhaça, as algas marinhas calcárias mostram efeito remineralizador e condicionador do solo.

Observações da literatura evidenciam que a adição de algas calcárias proporcionam aumentos de produção de açúcar em frutas, como laranja, goiaba, maracujá, entre outras, e no desenvolvimento radicular de mudas de citros. Ainda, resultados experimentais evidenciam que com a inclusão de tais produtos no programa nutricional de milho, soja, tomate e outras espécies vegetais proporcionaram aumentos de produtividade entre 20 a 35%.

Comparativo

Estudos comparando os efeitos de calcário de rocha convencional e dois calcários marinhos (de procedência francesa e provenientes de Lithothamnium calcareum) como corretivos da acidez do solo para o cultivo de milho demonstraram tecnicamente que os produtos de origem marinha são viáveis, quando aplicados em doses comparáveis ao tradicional. Entretanto, os custos de sua extração e preparo podem indicar o uso como corretivo apenas em regiões próximas do litoral.

Porém, o uso como fertilizante é a melhor opção de emprego, pois as algas calcárias compõem-se de macro e micronutrientes como o cálcio, magnésio, enxofre, ferro, molibdênio, boro, cloro, manganês, cobre, cobalto e zinco. É, ainda, fonte de silício, que é um elemento benéfico que reforça a estrutura da planta, tornando-a mais resistente às pragas e doenças, ao acamamento e à falta de água, por exemplo.

Essa matéria completa você encontra na edição de janeiro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

ARTIGOS RELACIONADOS

Biológicos – Sucesso exige aplicação na hora certa

Geraldo Papa Doutor e professor da UNESP - Campus de Ilha Solteira/SP gpapa@bio.feis.unesp.br No geral, o grande benefício dos defensivos biológicos está na menor agressividade ao ambiente,...

Condicionamento das propriedades biológicas do solo melhora resultados na agricultura

  Programa de adubação biológica auxilia na recomposição da biodiversidade e devolve a vida ao solo As reflexões sobre o agronegócio brasileiro tendem a chamar a...

Sistema automático de irrigação detecta baixa umidade no solo

Um equipamento que aciona automaticamente a irrigação ao detectar a baixa umidade no solo está sendo desenvolvido. A tecnologia consegue reduzir o consumo de...

Greening é a mais destrutiva doença dos citros?

Autores Tais Santo Dadazio Engenheira agrônoma, mestra, doutora em Proteção de Plantas e professora de Fitopatologia - FIB e Unisalesiano tais.dadazio@hotmail.com Roque de Carvalho...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!