Luana de Carvalho Catelan
luana.catelan@unesp.br
Camile Dutra Lourenço Gomes
camile.dutra@unesp.br
Engenheiras agrônomas e doutorandas em Proteção de Plantas – UNESP
Adriana Zanin Kronka
Engenheira agrônoma, doutora em Fitopatologia e professora – UNESP
adriana.kronka@unesp.br
Nos últimos anos, houve um aumento no consumo dos subprodutos de girassol no Brasil, sendo este impulsionado pela comprovação da excelente qualidade nutricional do óleo comestível extraído de seus grãos.
Além disso, devido ao sistema radicular profundo capaz de explorar grande volume de solo, a cultura do girassol apresenta boa tolerância à seca, o que possibilita sua expansão nos diversos sistemas de produção brasileiros.
Panorama nacional
Na safra 2021/22, o Brasil produziu cerca de 41,1 mil toneladas de girassol, em uma área total de 39,5 mil hectares. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), estima-se que para a próxima safra tenha um aumento de 2,5% da área cultivada e uma produção de 58,5 mil toneladas de grãos, representando um acréscimo de 42,3% na produção em relação à safra passada.
A produção de girassol concentra-se na região centro-oeste, sendo o Estado de Goiás o maior produtor nacional do grão, com uma produção de 21,8 mil toneladas na última safra 2021/22.
Dessa forma, observa-se que 53,04% de toda a produção nacional pertence ao Estado de Goiás. Além disso, a área plantada no Estado foi de 26 mil hectares, 30% a mais do que na safra 2020/21.
Oferta x demanda
O início do cultivo se deu na região sul, como opção de segunda safra, e depois se estendeu ao Centro-Oeste. Entretanto, as áreas da cultura no País são poucas em relação à demanda.
O Brasil consome 100 mil toneladas de óleo de girassol e, destes, 85 mil toneladas são importadas, principalmente da Argentina, que é o terceiro maior produtor mundial, atrás de Ucrânia e Rússia.
A produção nacional é destinada ao mercado interno, sendo enviada para empresas que realizam o processamento do girassol e comercialização do óleo no País.
Diferentes usos do grão de girassol
A maior parte da produção de girassol é destinada à extração do óleo, sendo este considerado um dos óleos vegetais de melhor qualidade nutricional. Além disso, a massa resultante da extração do óleo produz um farelo com 44% de proteína como resíduo e este é utilizado na fabricação de ração animal.
Há, ainda, o mercado de grãos para a alimentação de pássaros e para confeitaria e a fabricação de pães e biscoitos. Além disso, há a possibilidade da produção integrada de mel, pois a flor do girassol é altamente atrativa para as abelhas.
Neste caso, os benefícios são duplos, uma vez que a lavoura de girassol será beneficiada pela melhor polinização realizada por abelhas, favorecendo a produção de grãos.
Outro mercado que vem ganhando espaço nos últimos anos é a produção de girassol ornamental, que pode ser utilizado em jardins ou em vasos decorativos, tendo grande aceitação no mercado de floricultura.
Critérios para a produção de um óleo de qualidade
A produção de um óleo de qualidade irá depender do perfil de ácidos graxos que compõem o grão utilizado. A semente de girassol é rica em ácidos graxos insaturados linoleico e oleico, que constituem cerca de 90% do total de ácidos graxos presentes no óleo de girassol, e estes são associados ao favorecimento da redução das lipoproteínas de baixa densidade (LDL colesterol).
Além disso, o ácido graxo oleico confere ao óleo maior grau de estabilidade oxidativa em frituras. O restante dos ácidos graxos que constituem o óleo de girassol, aproximadamente 10%, apresentam maiores teores de ácido palmítico e esteárico, sento estes importantes quando o óleo de girassol é destinado à indústria química e de cosméticos.
Devido ao alto teor de ácidos graxos nos grãos de girassol, é indicada a técnica de prensagem mecânica para a produção do óleo, sendo esta considerada simples e de baixo investimento.
Basicamente, realiza-se a prensagem do grão até que o óleo seja completamente extraído. A eficiência na extração está diretamente relacionada ao aquecimento e teor de umidade dos grãos, sendo o aquecimento responsável por quebrar as células de óleo, facilitando sua saída e o teor de umidade, fator que mais afeta a quantidade de óleo residual na torta.
Além disso, a eficiência do processo de prensagem também irá depender do equipamento utilizado.
Potencial de mercado
Devido à busca por alimentos de melhor qualidade, o consumo de óleo de girassol está aumentando cada vez mais no Brasil e no mundo. Entretanto, o montante produzido no País não é suficiente para superar a demanda, o que torna necessária a importação do produto.
No ano de 2021, o Brasil importou cerca de 53,7 mil toneladas de óleo de girassol e, por este motivo, é importante desenvolver a indústria do óleo de girassol no país e, consequentemente, reduzir a dependência das importações. O sucesso da cultura do girassol no Brasil depende do setor agroindustrial nacional. Sendo assim, é necessário investimento por parte das empresas, para atrair o interesse de agricultores no plantio de girassol, visto que é uma cultura de fácil manejo, que pode ser cultivada na safrinha e gerar altos rendimentos de colheita.