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Mancha branca no milho: causas e controle

Foto: Jayne da Veiga

Jayne Deboni da Veiga
jaynedeboniveiga73@gmail.com
Marcos Lenz
marcoslenz0123@gmail.com
Graduandos em Agronomia – Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
Moacir Mumbach
Engenheiro agrônomo – UFFS, campus Cerro Largo
moacirmumbach@hotmail.com

O milho (Zea mays L.) é um importante cereal cultivado em grande parte do mundo, sendo utilizado principalmente na alimentação humana e animal. Apresenta-se suscetível a diversas doenças que afetam os colmos, folhas e espigas.

Dentre as principais, pode ser dado destaque para a mancha branca, que pode ser ocasionada por diversos agentes etiológicos, mas os principais são a bactéria Pantoea ananatis e o fungo Phaeosphaeria maydis.

A doença tem capacidade de causar redução na produtividade em até 60%, quando implantados híbridos suscetíveis ao patógeno. O cultivo do milho safrinha é acometido com mais severidade devido às condições climáticas se apresentarem propícias a infecções.

Os patógenos encontram-se presentes em praticamente todas as regiões produtoras de milho na América do Sul e Central, Ásia e África, necessitando de medidas de controle.

Severidade

Estudos demonstram que o aumento da incidência e da severidade do patógeno é favorecido pela realização da semeadura tardia, ausência de rotação de culturas, restos culturais, cultivo do milho safrinha e uso da irrigação, onde os esporos e bactérias são disseminados via gotículas de água.

De maneira geral, a sucessão de culturas no sistema plantio direto favorece a doença, pois o fungo é necrotrófico, sendo capaz de sobreviver nos restos culturais e plantas hospedeiras.

Quando o patógeno causador da doença é o fungo Phaeosphaeria maydis, na superfície das folhas são produzidos peritécios esféricos com ascos hialinos. No entanto, outros fungos e bactérias podem ser os causadores dos sintomas, os quais são disseminados por ação do vento e respingos de gotas da chuva.

Condições ambientais com temperaturas amenas, em torno de 15 a 20ºC, e umidade relativa do ar superior a 60% são ideais para o seu desenvolvimento. Estas condições são comumente encontradas no período de março a maio na região sul do Brasil, principalmente em Santa Catarina.

Alerta

Como a bactéria P. ananatis é considerada saprófita, ela garante sua sobrevivência em restos culturais de culturas anteriores. Além disso, os fungos associados a ela, por serem necrotróficos, também sobrevivem em plantas já mortas, o que garante a fonte de inóculo inicial da doença para as próximas safras.

Com isso, o plantio direto sem a realização da rotação de culturas é capaz de favorecer a doença, aumentando a fonte de inóculo.

Sintomas

Foto: Jayne da Veiga

A doença ocorre em fases, inicialmente com manchas aquosas, que se tornam necróticas, acinzentadas e após, pardas claras. Na fase inicial ocorre o aparecimento de manchas de coloração verde escura, com aspecto encharcado, caracterizando o sintoma típico de anasarca.

Após, as lesões se tornam necróticas, com coloração palha medindo em torno de 0,3 a 1,0 cm de diâmetro nas folhas do baixeiro, nas pontas das folhas. À medida que a doença avança, as folhas superiores também começam a apresentar sintomas, além do avanço das lesões para o restante da folha, formando manchas necróticas.

No centro dessas lesões, em condições favoráveis é possível observar a formação de estruturas fúngicas (peritécios e picnídios), quando a doença tem origem fúngica. Já quando possui origem bacteriana, não ocorre a presença de sinais.

A infecção pode ocorrer em todas as fases da cultura, sendo alarmante em plantas jovens que possuem 40 dias, devido a sua capacidade de acometer toda a planta. Os sintomas apresentam-se mais severos na fase reprodutiva, principalmente após o pendoamento, período em que a planta se encontra mais suscetível.

As lesões acarretam no encurtamento do ciclo da cultura e na seca antecipada das folhas, o que resulta na diminuição da área fotossintética e, consequentemente, prejudica a translocação de fotoassimilados, que seriam utilizados no enchimento dos grãos.

Controle

O controle do patógeno é essencial para manter os níveis de produtividade elevados na lavoura. Diante disso, os controles genético, cultural e químico mostram-se eficazes.

O mais usado é o controle químico, sendo mais aplicados os fungicidas do grupo das estrobilurinas. No entanto, quando a doença possui origem bacteriana, seu controle é controverso.

Alguns estudos demonstraram que em condições de aplicação de fungicidas e bactericidas de forma preventiva e combinada, foram capazes de reduzir significativamente a severidade da doença.

Por exemplo, a aplicação de trifloxistrobina + protioconazol reduziu a severidade em praticamente 20%, quando comparada à testemunha sem aplicação de fungicida. Além disso, aumentou a produtividade em duas toneladas por hectare.

Ainda, a combinação de piraclostrobina + epoxiconazole e piraclostrobina + epoxiconazol + fluconazol em condições específicas demonstraram reduções satisfatórias dos danos.

Prevenção ainda é o melhor caminho

A melhor forma de controle é tentar evitar a entrada da doença nas áreas de cultivo. No entanto, a adoção do controle cultural, após a entrada da doença na lavoura, é considerada a forma de controle mais viável e eficiente.

Dentre elas, destaca-se a utilização de híbridos de milho resistentes ou tolerantes ao complexo de doenças da mancha-branca, BRS 1010, BRS 1030 e BRS 1035, desenvolvidas pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) são comumente utilizadas com esse objetivo.

A antecipação da semeadura mostra-se eficiente na redução da severidade da doença, de forma que a fase da cultura com maior suscetibilidade à doença, fase reprodutiva, principalmente após o pendoamento (VT), não coincida com as condições climáticas ideais para o desenvolvimento do fungo. A época da semeadura é ajustada conforme a região produtora.

Nutrição x doenças

A nutrição das plantas afeta diretamente a incidência e severidade de diversas doenças, e no caso da mancha-branca não é diferente. Quando a planta é submetida à deficiência nutricional, sua capacidade de tolerância a doenças é prejudicada.

Além disso, facilita a entrada do patógeno, pois ocorre a redução da resistência fisiológica exercida durante a infecção. Outra forma de controle considerada indispensável é a rotação de culturas com plantas não suscetíveis à doença, dentre elas girassol, sorgo e soja.

Complexidade

Devido à quantidade de patógenos causadores, esta é considerada uma doença complexa. É essencial ficar atento aos sinais e sintomas presentes na lavoura, devido à rápida disseminação e desenvolvimento.

A sobrevivência em hospedeiros vivos e nos restos culturais é alarmante, sendo considerado um ponto de atenção aos agricultores. Dessa forma, a adoção conjunta de medidas de controle mostra-se a opção mais eficaz, tal qual acaba minimizando os danos econômicos ocasionados.

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