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Aminoácidos: como eles melhoram as mudas de café?

Crédito: Viveiro Monte Alegre

Mariana Thereza Rodrigues Viana
Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
marianatrv@gmail.com
Harianna Paula Alves de Azevedo
Doutora em Fitotecnia – UFLA e professora adjunta – Faculdade de Ciências e Tecnologias de Campos Gerais (FACICA) harianna_tp@hotmail.com

Os aminoácidos são substâncias orgânicas que formam proteínas e para as plantas atuam no metabolismo do nitrogênio além de precursores de hormônios, enzimas, nucleotídeos e polímeros de parede celular.

Suas moléculas apresentam em sua forma estrutural um grupo amino (NH2) e um grupo carboxila (COOH). Existem cerca de 20 aminoácidos essenciais nas plantas, com concentrações e funções distintas.

Os principais tipos são: triptofano, metionina, glicina, cistéina, fenilamina e glutamato. As plantas são capazes de produzir aminoácidos, por meio da fotossíntese, que produz cadeias de carbonos de açúcares. No entanto, para impulsionar o manejo e produtividade das culturas, as indústrias produzem suplementos para aumentar o nível de aminoácidos no plantio.

Para o café

Embora as pesquisas sejam mais recentes, na cultura do cafeeiro a utilização de aminoácidos tem se apresentado como uma importante alternativa frente aos estresses que atingem a cultura, bióticos, ocasionados por pragas e doenças e abióticos, ocasionados por exemplo, por granizo, temperatura e déficit hídrico, possibilitando uma recuperação mais rápida das plantas que sofrem essas adversidades.

Em mudas de cafeeiro, tem se estudado o uso de aminoácidos na recuperação de fitotoxidez causada por produtos fitossanitários, principalmente os herbicidas. Assim, a aplicação de aminoácidos logo após a ocorrência de deriva desses produtos, ou até mesmo em mistura reduz esses prejuízos, minimizando as perdas, proporcionando ganhos no crescimento e, consequentemente, aumento de produtividade.

Os aminoácidos também são capazes de agir em processos morfofisiológicos da planta, funcionando como precursores de hormônios endógenos ou como ativadores de enzimas, disponibilizando compostos capazes de promover tolerância ao déficit hídrico.

Dessa forma, têm sido utilizados de forma preventiva ou sequencial, visto que muitas vezes o uso do aminoácido em plantas já sob estresse hídrico severo tem seu efeito drasticamente reduzido.

Manejo

As aplicações de aminoácidos na cultura do café devem ser feitas de forma criteriosa, observando o tempo correto de aplicação. Em plantas que sofreram injúria por fitotoxidez por herbicidas, por exemplo, é necessário sua aplicação de imediato para conseguir amenizar ao máximo esses efeitos adversos.

Além disso, é necessário se atentar para a forma de aplicação mais eficaz do produto adquirido, buscando sempre seguir as recomendações do fabricante e atingir o alvo de interesse, podendo ser feita de forma via foliar ou solo, já que a maioria dos aminoácidos não é comercializada isolada, e sim em misturas com fertilizantes.

Desafios

Um grande desafio para o uso desses produtos é que são comercializados em misturas com fertilizantes, assim, não é possível observar o efeito isolado desses compostos na cultura, embora alguns trabalhos tenham mostrado um aumento de produtividade de forma indireta, quando utilizados os aminoácidos.

Alguns produtos à base de aminoácidos são também utilizados em conjunto com outras substâncias (tais como extratos de algas e outros bioestimulantes), surgindo dúvidas se o efeito observado é devido aos aminoácidos ou ao outro composto ou gerado pela combinação de ambos, o que pode acabar encarecendo a aplicação.

É importante se atentar para a necessidade ou não de utilização desses produtos, sendo ideal sempre seguir a recomendação do fabricante, quantidade total de aminoácidos presentes e identificar os que estão no composto, pois cada aminoácido tem uma função no ciclo da cultura.

Em café, tem se utilizado a tirosina e a fenilalanina, que são os precursores dos compostos fenólicos envolvidos na defesa das plantas e na síntese de lignina, atuando na defesa contra estresses ocasionados por fatores bióticos e abióticos, e o triptofano, precursor da auxina, hormônio que regula o desenvolvimento do sistema radicular.

A utilização de aminoácidos na cafeicultura auxilia também no florescimento, frutificação e maturação dos frutos, resultando em grãos de alta qualidade e padronizados, aumentando a concentração de sólidos solúveis proporcionando uma bebida de qualidade.

Custo-benefício

Como os aminoácidos têm a função de auxiliar na absorção e translocação de nutrientes nas plantas, principalmente em casos de baixa mobilidade, seu uso pode ocasionar em redução de custos, potencializando o uso de fertilizantes minerais.

Sendo assim, seu uso se mostra rentável. Além do seu custo ser reduzido, normalmente é formulado junto com outros macro e micronutriente diluindo os custos de aplicação.

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