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Clima pode prejudicar a segunda safra

Seca na região Sul e umidade elevada no Centro-Oeste impactam na safra de soja e podem atrasar a janela de cultivo do milho safrinha

Foto: Shutterstock

As adversidades climáticas castigaram lavouras em diversas regiões do país por mais de três anos consecutivos, sob forte influência do fenômeno La Niña. No entanto, esse fenômeno terminou oficialmente em março. Segundo projeção da Organização Meteorológica Mundial (OMM), espera-se agora a formação de El Niño, que causa irregularidade de chuvas no Brasil. Áreas do Centro-Oeste podem ter aumento das temperaturas e de precipitações e a região Sul pode ter inundações, enquanto o Norte e o Nordeste podem registrar secas.

A safra de soja e a primeira safra de milho 2022/2023 já foram impactadas pelo clima, principalmente no Rio Grande do Sul, com a incidência de seca severa, enquanto a produção na região Centro-Oeste está sendo desafiada por excesso de chuvas. “Ficamos surpresos com o estresse hídrico em áreas gaúchas, que tem provocado sinistros tanto para a soja quanto para o milho primeira safra. Infelizmente, recebemos relatos de perdas superiores a 50% na produção”, conta Diego Caputo, gerente comercial da FF Seguros.

Segundo Caputo, é recomendável que o produtor busque previsões meteorológicas mais assertivas para a sua região e tome decisões com cautela para planejar os investimentos ao longo do ano. “Nesse momento, precisamos analisar as perspectivas para a segunda safra. Com os possíveis atrasos na colheita em decorrência do clima, os produtores podem atrasar a semeadura do milho safrinha ou perder a janela ideal de cultivo, trazendo mais riscos fitossanitários e exposição às potenciais adversidades climáticas no período da safrinha”, alerta o gerente.

A conjuntura requer resiliência e adoção de boas estratégias por parte dos produtores e outros envolvidos no setor, como seguradoras e corretores. Caputo lembra ainda que, para conseguir contratar um seguro agrícola, entre os requisitos é exigido que o plantio respeite o zoneamento climático definido pelo Ministério da Agricultura.

Ou seja, se o produtor perder a janela ideal de cultivo, a área não será elegível para a contratação de uma apólice. “Em certos casos, poderá ser melhor deixar de cultivar milho em algumas áreas e investir em rotação de culturas para beneficiar o manejo de solo do que fazer um alto investimento em milho e ficar com uma lavoura suscetível aos riscos. As estratégias precisam ser desenhadas caso a caso, com base no zoneamento e previsão climática regional”, orienta Caputo.

Recordes em contratações de seguros e indenizações

Em uma visão de médio a longo prazo, observam-se mudanças significativas no segmento de seguro rural, impulsionado por políticas públicas, pelos esforços do setor e pelo clima adverso. De acordo com um levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), a demanda brasileira por seguro rural triplicou nos últimos cinco anos. Em 2022, o seguro rural atingiu R$ 13,4 bilhões em prêmios e pagou R$ 10,5 bilhões em indenizações no acumulado do ano.

Segundo Caputo, a movimentação ascendente no mercado de seguros deve continuar e reflete um amadurecimento cultural que proporciona maior percepção dos riscos no campo. “Com tantas quebras de safra nos últimos três anos, ficou muito mais evidente para os produtores que é fundamental ter uma proteção contra a variação climática. Sendo uma indústria à céu aberto, o clima sempre esteve entre os fatores de maior preocupação para a agricultura e a solução para ter mais planejamento e tranquilidade no negócio é justamente mitigar esse risco com um seguro”, opina o gerente.

Além disso, há tendências interessantes para que os corretores ampliem suas carteiras de clientes. “Acredito que ainda há profissionais atuando com estratégias isoladas, focados apenas na venda de seguro agrícola. No entanto, o agronegócio tem muito potencial e esses corretores podem desenvolver uma abordagem integrada para convergir em mais negócios. Atualmente, acredito que uma interessante oportunidade para os corretores é incrementar parte da carteira junto aos produtores com o seguro para benfeitorias e penhor rural”, recomenda Caputo. Atualmente, a unidade de agronegócios da FF Seguros conta com mais de 200 corretores e parceiros para estreitar relacionamentos e promover um atendimento de excelência aos produtores rurais.

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