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Arbolina: Novo estimulante mais resistente à seca

Talis Melo Claudino Engenheiro agrônomo e mestrando em Energia na Agricultura– UNESP/FCA – Botucatu-SPt.claudino@unesp.br

Rodrigo Ferrari ContinEngenheiro agrônomo – Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) – Bandeirantes-PRrodrigo_12@hotmail.com

Murillo Pegorer SantosEngenheiro agrônomo – UENPmurillo@rosalito.com.br

Milho – Fotos: Shutterstock

O uso de bioestimulantes na agricultura acarreta ganhos nas maiorias das culturas em que são empregados, desde as grandes, como soja, milho, feijão, cana-açúcar, entre outros, e até mesmo em hortaliças folhosas.

Vale destacar que o bioestimulante resulta em ganhos por melhorias fisiológicas que ocorrerem na planta, como maior potencial de água, maior teor de clorofila, ativação de ciclos enzimáticos e rotas metabólicas que até então trabalhavam na sua forma natural.

Outra característica muito importante em alguns bioestimulantes é que, quando aplicado, eles tornam as plantas mais tolerantes à seca, ou seja, quando elas passam por um estresse hídrico intenso, as mesmas conseguem superar o fator abiótico sem diminuir sua produtividade, ou pelo menos amenizando a mesma.

Este fenômeno foi encontrado na utilização de aminoácidos, principalmente a prolina, fundamental para o condicionamento osmótico das plantas. Outros estudos também comprovaram que substâncias húmicas e extratos de algas têm papéis fundamentais para superar a seca.

Novidade

Atualmente, um novo bioestimulante foi desenvolvido por pesquisadores da UNB (Universidade de Brasília). Este fitorregulador é denominado arbolina, uma substância encontrada nas plantas que agora pode ser reproduzida industrialmente em laboratórios. Sua função é aumentar a produtividade e fazer com que a planta supere o estresse hídrico.

Essa substância tem tamanho diminuto, e diluída em água forma o bioestimulante. Para tal fato acontecer, os pesquisadores estudaram por sete anos esta substância em laboratórios de nanotecnologia.

O segredo de como se obter esta substância ainda existe, mas foi revelado que ela é uma substância orgânica, que inicialmente foi extraída de uma planta e atualmente é reproduzida em laboratórios.

O estudante de doutorado da UnB, Rogério Gomes Faria, ainda revela que a arbolina é um produto que pode ser reproduzido comercialmente, biodegradável, não acumula no ecossistema e é totalmente compatível com seres vivos.

Atuação

Quando aplicada, a arbolina age em duas rotas, na primeira convertendo os raios violetas do sol que são nocivos às plantas em azuis, melhorando a fotossíntese e o desenvolvimento de diversas culturas.

Em sua segunda rota, torna a planta mais tolerante à falta de água pelo uso mais eficiente deste recurso fundamental, reduzindo a transpiração e fazendo com que as plantas precisem de menos água para manter todos seus processos metabólicos.

Quando foi realizada nos campos da UnB na cultura do tomate, os pesquisadores conseguiram fizeram três tratamentos, com irrigação dia sim, dia não, e outro tratamento onde não foi realizada a irrigação frequente, mas foi aplicado o bioestimulante arbolina três vezes durante o ciclo, e outro com déficit de irrigação.

A área tratada com a nanopartícula obteve incremento de 17% em relação às plantas que sofreram déficit hídrico. No mesmo ensaio foi feita a comparação entre plantas com irrigação normal tratadas e não tratadas com arbolina, em que o incremento foi de 21%.

Esta substância foi testada na cultura do milho, alface, tomate e cacau, nos campos da UnB, mas todavia, para tornar mais abrangível, a universidade realizou uma parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Para quando?

Em pouco tempo este produto estará disponível no mercado, sendo que a Universidade de Brasília realizou um investimento e decidiu abrir uma empresa no município baiano de Dias Dávila, para produzir e vender o bioestimulante. A empresa, com 50 metros quadrados, já possibilita produzir 200 mil litros de arbolina por mês, volume suficiente para pulverizar 100 mil hectares de lavoura.

Ainda não foram comprovados resultados em todas as culturas, mas a utilização deste princípio ativo certamente elevará as produtividades. Todavia, estudos devem ser realizados para a implantação desta tecnologia com outros elementos. Atualmente, sabe-se que um litro do produto puro viabiliza realizar três aplicações em um hectare.

Para a agricultura, esta é uma forma nova de tecnologia a ser empregada, com custo baixo, sendo comercializado o litro a R$ 130,00, ou seja, um hectare tratado pode trazer diversos benefícios à agricultura e rentabilidade aos agricultores.

Regiões com períodos secos durante o ciclo são as mais beneficiadas com a utilização da arbolina, já que a imprevisão de chuvas pode levar a quedas de produtividades. Ainda é uma nova tecnologia, contudo, pode agregar muito aos grandes e pequenos agricultores.

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