25.3 C
Uberlândia
domingo, novembro 24, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioDestaquesResistência de plantas daninhas é reflexo da falta de opção de pré-emergentes

Resistência de plantas daninhas é reflexo da falta de opção de pré-emergentes

O uso repetido de herbicidas com mesmo mecanismo de ação para controlar plantas daninhas, em um mesmo ciclo da cultura e continuado durante anos, sem a adoção de práticas de manejo para prevenir a resistência, é a principal causa do surgimento e dispersão de populações de plantas daninhas resistentes a herbicidas no Brasil.

Luiz Eduardo Vilela Salgado, da LEVS Consultoria Agronômica
Foto Arquivo pessoal

Atualmente, temos uma quantidade restrita de opções pré-emergentes para plantas daninhas, o que nos torna vulneráveis ao controle, pois alguns deles só podem ser aplicados depois que a lavoura está instalada, e com o solo úmido, uma condição específica para ter bom resultado.
Para o consultor agronômico Luiz Eduardo Vilela Salgado, da LEVS Consultoria Agronômica, muitas vezes os produtores deixam de usar o produto pré-emergente pelo seu espectro de controle, e investem em pós-emergentes, o que tem levado à resistência de ervas daninhas, como se observa com a buva em relação ao glifosato.
“É importante controlar o mato no estágio de planta menor, especialmente no caso da buva, que é uma das mais complicadas no Brasil, pois chega a produzir por volta de 100.000 sementes em uma única planta, algo assustador. Isso faz com que o produtor de soja, especialmente, fique bastante vulnerável ao controle do mato”, considera.
Outra questão apontada por ele é a fitotoxicidade do herbicida junto à cultura. “Há produtos que não têm tanto problema quanto à questão de umidade no solo. Porém, eles são mais fitotóxicos, o que “trava” a planta, que não se desenvolve e demora para se recuperar”, discute.
Outro ponto problemático é a baixa performance dos produtos para o leque de ervas daninhas atuais. “Precisaríamos de uma molécula que fosse eficiente para estas ervas daninhas, ou aplicar vários pré-emergentes para este mesmo fim. É importante ressaltar que os pré-emergentes inibem a germinação das ervas daninhas, ou seja, não as deixam nascer, ou elas morrem logo no começo. Entretanto, hoje, há plantas que já não morrem com o herbicida pós-emergente que estamos utilizando”, alerta o especialista.
Isso obriga o produtor a usar outros produtos ou recorrer a produtos de pós-emergência, o que acaba aumentando a resistência às ervas daninhas. Essa solução é imediatista e repetitiva, além de aumentar as chances de resistência das ervas daninhas, que deixam de ser controladas.
É um assunto sério, já que a quantidade de produtos pós-emergentes disponíveis é grande, enquanto os de pré-emergência são poucos e não controlam 100% das ervas daninhas.

E agora?

Quando perguntado sobre os caminhos para solucionar esses problemas, Luiz Eduardo responde que a primeira solução seria investir em pesquisa. “Quando as empresas começam a lançar vários produtos no mercado para pré-emergência, isso nos dá mais opções e modalidades de aplicação, reduzindo a dependência climática e aumentando a performance, o que faz com que o produtor aceite essa recomendação. Se tivermos um bom resultado nesta safra, o produtor continuará a usar por mais tempo”, opina.
Já a resistência da erva daninha, em relação às sementes, é mais difícil de acontecer. Mas, quando a planta já nasceu, ela se torna mais forte em algumas circunstâncias. “Os caminhos que estamos vendo é que os produtores acabam indo para a pós-emergência, o que faz com que as empresas não vendam muitos produtos pré-emergentes e, consequentemente, não invistam tanto em pesquisa nesse segmento. Então, se tivermos um produto ou vários produtos com boa performance, isso fará com que os produtores os utilizem e nós evitaremos problemas no campo para o futuro”.

Na prática

Trabalho realizado pela Cooperativa Coamo, do Paraná, constatou que, com apenas três plantas de buva por metro quadrado no meio de uma lavoura de soja, a produtividade pode cair até quatro sacas por hectare. Ao aumentar para seis plantas de buva por metro quadrado, o prejuízo chega a 12 sacas de soja, o que é muito significativo.
Esses números dão a dimensão da influência que uma erva daninha pode exercer na soja, que é a principal cultura na pauta de exportações do Brasil. “É impressionante a agressividade dessa planta e o impacto que ela causa na cultura, prejudicando a produtividade”, alerta Luiz Eduardo.

O controle

Para controlar a buva, Luiz Eduardo recomenda que o produtor utilize herbicidas pré-emergentes que controlam praticamente 100% dessa daninha, sem causar resistência. E ele não entende o porquê o produtor não faz uso desses produtos.
“Esta é uma situação complicada, pois precisamos ajudar os produtores a ganhar dinheiro para que a agricultura continue a crescer no País. É comum ver o campo com grandes quantidades de buva e o impacto que elas terão na cultura, especialmente na soja, que é bastante alto. Quanto às experiências de amigos que usaram produtos pré-emergentes nesta safra, eles tiveram resultados muito bons no controle das ervas daninhas, apesar de ter causado um pouco de fitotoxidez e prejudicado a soja, mas o controle da erva daninha foi muito bom e as produtividades não foram afetadas. A lavoura se instalou em campo limpo, e ficou assim até ser colhida, sem competição com ervas daninhas durante a safra toda”, considera o profissional.
Ainda segundo ele, o controle do mato superou o prejuízo causado pela fitotoxidez na planta da soja, o que foi satisfatório. “É algo que eu pretendo usar mais vezes para diminuir o banco de sementes e fazer um bom manejo das ervas daninhas. No entanto, acabou acontecendo que esse produto que usei não controlou outra erva daninha que chamamos de maria-pretinha, que aumentou muito. Essa infestação foi causada pela falta de opções de produtos pré-emergentes. Se continuarmos na linha de aplicação de pós-emergentes, a situação tende a aumentar a resistência de ervas daminhas. Esperamos que a pesquisa traga soluções em herbicidas pré-emergentes que não causem fitotoxidez, pois esse é o maior problema no caso da soja”, conclui o especialista.

ARTIGOS RELACIONADOS

Atenção com as daninhas no milharal

O momento mais indicado para se obter sucesso no controle de plantas invasoras na ...

Conheça a tecnologia que elimina daninhas sem herbicidas em citros e café

A capina elétrica está disponível em máquinas agrícolas do portfólio CNH Industrial para as duas culturas

Plantas daninhas na cebola reduzem a produtividade

A interferência exercida pelas plantas daninhas reduz o crescimento das plantas de cebola, levando à redução na produtividade da cultura.

Controle de plantas daninhas

A Linha Cana da Corteva Agriscience segue investindo em pesquisa e desenvolvimento ...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!