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Resistência de plantas daninhas é reflexo da falta de opção de pré-emergentes

O uso repetido de herbicidas com mesmo mecanismo de ação para controlar plantas daninhas, em um mesmo ciclo da cultura e continuado durante anos, sem a adoção de práticas de manejo para prevenir a resistência, é a principal causa do surgimento e dispersão de populações de plantas daninhas resistentes a herbicidas no Brasil.

Luiz Eduardo Vilela Salgado, da LEVS Consultoria Agronômica
Foto Arquivo pessoal

Atualmente, temos uma quantidade restrita de opções pré-emergentes para plantas daninhas, o que nos torna vulneráveis ao controle, pois alguns deles só podem ser aplicados depois que a lavoura está instalada, e com o solo úmido, uma condição específica para ter bom resultado.
Para o consultor agronômico Luiz Eduardo Vilela Salgado, da LEVS Consultoria Agronômica, muitas vezes os produtores deixam de usar o produto pré-emergente pelo seu espectro de controle, e investem em pós-emergentes, o que tem levado à resistência de ervas daninhas, como se observa com a buva em relação ao glifosato.
“É importante controlar o mato no estágio de planta menor, especialmente no caso da buva, que é uma das mais complicadas no Brasil, pois chega a produzir por volta de 100.000 sementes em uma única planta, algo assustador. Isso faz com que o produtor de soja, especialmente, fique bastante vulnerável ao controle do mato”, considera.
Outra questão apontada por ele é a fitotoxicidade do herbicida junto à cultura. “Há produtos que não têm tanto problema quanto à questão de umidade no solo. Porém, eles são mais fitotóxicos, o que “trava” a planta, que não se desenvolve e demora para se recuperar”, discute.
Outro ponto problemático é a baixa performance dos produtos para o leque de ervas daninhas atuais. “Precisaríamos de uma molécula que fosse eficiente para estas ervas daninhas, ou aplicar vários pré-emergentes para este mesmo fim. É importante ressaltar que os pré-emergentes inibem a germinação das ervas daninhas, ou seja, não as deixam nascer, ou elas morrem logo no começo. Entretanto, hoje, há plantas que já não morrem com o herbicida pós-emergente que estamos utilizando”, alerta o especialista.
Isso obriga o produtor a usar outros produtos ou recorrer a produtos de pós-emergência, o que acaba aumentando a resistência às ervas daninhas. Essa solução é imediatista e repetitiva, além de aumentar as chances de resistência das ervas daninhas, que deixam de ser controladas.
É um assunto sério, já que a quantidade de produtos pós-emergentes disponíveis é grande, enquanto os de pré-emergência são poucos e não controlam 100% das ervas daninhas.

E agora?

Quando perguntado sobre os caminhos para solucionar esses problemas, Luiz Eduardo responde que a primeira solução seria investir em pesquisa. “Quando as empresas começam a lançar vários produtos no mercado para pré-emergência, isso nos dá mais opções e modalidades de aplicação, reduzindo a dependência climática e aumentando a performance, o que faz com que o produtor aceite essa recomendação. Se tivermos um bom resultado nesta safra, o produtor continuará a usar por mais tempo”, opina.
Já a resistência da erva daninha, em relação às sementes, é mais difícil de acontecer. Mas, quando a planta já nasceu, ela se torna mais forte em algumas circunstâncias. “Os caminhos que estamos vendo é que os produtores acabam indo para a pós-emergência, o que faz com que as empresas não vendam muitos produtos pré-emergentes e, consequentemente, não invistam tanto em pesquisa nesse segmento. Então, se tivermos um produto ou vários produtos com boa performance, isso fará com que os produtores os utilizem e nós evitaremos problemas no campo para o futuro”.

Na prática

Trabalho realizado pela Cooperativa Coamo, do Paraná, constatou que, com apenas três plantas de buva por metro quadrado no meio de uma lavoura de soja, a produtividade pode cair até quatro sacas por hectare. Ao aumentar para seis plantas de buva por metro quadrado, o prejuízo chega a 12 sacas de soja, o que é muito significativo.
Esses números dão a dimensão da influência que uma erva daninha pode exercer na soja, que é a principal cultura na pauta de exportações do Brasil. “É impressionante a agressividade dessa planta e o impacto que ela causa na cultura, prejudicando a produtividade”, alerta Luiz Eduardo.

O controle

Para controlar a buva, Luiz Eduardo recomenda que o produtor utilize herbicidas pré-emergentes que controlam praticamente 100% dessa daninha, sem causar resistência. E ele não entende o porquê o produtor não faz uso desses produtos.
“Esta é uma situação complicada, pois precisamos ajudar os produtores a ganhar dinheiro para que a agricultura continue a crescer no País. É comum ver o campo com grandes quantidades de buva e o impacto que elas terão na cultura, especialmente na soja, que é bastante alto. Quanto às experiências de amigos que usaram produtos pré-emergentes nesta safra, eles tiveram resultados muito bons no controle das ervas daninhas, apesar de ter causado um pouco de fitotoxidez e prejudicado a soja, mas o controle da erva daninha foi muito bom e as produtividades não foram afetadas. A lavoura se instalou em campo limpo, e ficou assim até ser colhida, sem competição com ervas daninhas durante a safra toda”, considera o profissional.
Ainda segundo ele, o controle do mato superou o prejuízo causado pela fitotoxidez na planta da soja, o que foi satisfatório. “É algo que eu pretendo usar mais vezes para diminuir o banco de sementes e fazer um bom manejo das ervas daninhas. No entanto, acabou acontecendo que esse produto que usei não controlou outra erva daninha que chamamos de maria-pretinha, que aumentou muito. Essa infestação foi causada pela falta de opções de produtos pré-emergentes. Se continuarmos na linha de aplicação de pós-emergentes, a situação tende a aumentar a resistência de ervas daminhas. Esperamos que a pesquisa traga soluções em herbicidas pré-emergentes que não causem fitotoxidez, pois esse é o maior problema no caso da soja”, conclui o especialista.

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