A mecanização no campo cresceu significativamente no último ano. Pelo menos é isso que aponta o balanço divulgado pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) que traz a informação de que as vendas de máquinas agrícolas, entre tratores e colheitadeiras, aumentaram 19,4% no ano passado.
O relatório mostra que de janeiro a dezembro de 2022 foram comercializadas 67,4 mil unidades dos equipamentos. Segundo a entidade, que além das concessionárias de automóveis representa revendedores de máquinas usadas no campo, somente em dezembro foram entregues cerca de seis mil equipamentos. Isso representa um aumento de 17% sobre novembro e 5,6% em relação ao mesmo mês em 2021.
Esse cenário nacional também é percebido em Venâncio Aires (RS). Segundo o engenheiro agrícola e extensionista do escritório da Emater na Capital do Chimarrão, Diego Barden do Santos, a utilização de máquinas agrícolas nas propriedades vem crescendo, com um incremento considerável no ano passado. Para ele, dois fatores contribuem para essa realidade.
Um deles é o resultado relativamente positivo dos grãos na safra 2019/20, com a valorização do preço pago ao agricultor pela soja, pelo milho e pelo trigo. A partir desse desempenho favorável, muitos produtores rurais se encorajaram a aumentar a área de cultivo no período seguinte e, inclusive, passaram a utilizar locais que antes não eram usados para o plantio, o que aumenta a demanda de trabalho.
Outro aspecto apontado por ele é a intenção do agricultor em diminuir a intensidade do trabalho braçal e partir para a mecanização de algumas tarefas. Não é regra, mas a presença do jovem no campo, especialmente na sucessão rural, contribui para que aconteçam mais investimentos em tecnologias.
Demanda
De acordo com Santos, as máquinas agrícolas são utilizadas especialmente em culturas plantadas em áreas de grande extensão, como é o caso dos grãos. Devido à multifuncionalidade, os tratores são os equipamentos mais procurados pelos produtores.
O engenheiro agrícola ainda explica que as principais alternativas para se adquirir novas máquinas agrícolas estão relacionadas às iniciativas vinculadas ao Governo Federal, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).
Nesses casos, a Emater presta assessoria ao agricultor para a elaboração e execução dos projetos. Além disso, hoje, também existe a possibilidade de financiamentos com bancos direto de fábrica. Entretanto, esse tipo de negociação ainda não é tão popular.
Mais agilidade
Produtor de soja há seis anos, Gabriel Bergenthal, 26 anos, é um dos agricultores da capital do chimarrão que decidiu investir na compra de máquinas agrícolas. Ele cultiva cerca de 300 hectares do grão, dos quais 240 são em Venâncio Aires e o restante em General Câmara, em parceria com o pai, Marco Aurélio Bergenthal, 45 anos.
Segundo Gabriel, o investimento em máquinas foi feito para ir possível trabalhar mais entre família e não precisar depender de mão de obra. “E pela demanda de terceirização de serviços, além do aumento do nosso plantio. A colheitadeira nova foi adquirida para ser possível atender a demanda de trabalho”, acrescenta o agricultor.
Empresas também vivem a conjuntura nacional de aumento na comercialização de máquinas para o setor primário. “Nos últimos dois anos não conseguimos ter tratores em estoque. Na verdade, temos fila de espera”, observa Ubirajara Choairi, diretor-executivo da Tramontini. A previsão de crescimento na venda de tratores varia entre 70% e 80%. A previsão é entregar 350 tratores neste ano e a meta da empresa, com a regularização da entrega de insumos, é chegar a mil máquinas por ano.