Soluções que associem maior produtividade com sustentabilidade têm ditado o futuro da agricultura, como é o caso dos produtos biológicos. Esses insumos agrícolas, desenvolvidos a partir de um ingrediente ativo natural, possibilitam um sistema produtivo mais sustentável ao controlar pragas e doenças, otimizam a fertilidade do solo e a nutrição das culturas. O resultado é uma agricultura regenerativa.
Segundo Rafael Leiria, diretor de operações da Tradecorp do Brasil, os produtos biológicos estão ocupando espaço e grande importância na escolha dos insumos que vão compor o pacote tecnológico a ser utilizado pelos produtores. “São produtos de origem biológica tais como microrganismos e/ou seus metabólitos, extratos de plantas, óleos essenciais, etc., que passam por processos industriais controlados, originando um produto comercial”.
Hoje existe uma gama de produtos biológicos no mercado com diferentes objetivos, tais como melhorar a fertilidade dos solos e a disponibilidade de nutrientes para as plantas, estimularo metabolismo vegetal, além de controlar pragas e doenças nas mais diversas culturas. “Essas soluções biológicas têm como característica positiva o baixo nível de toxicidade e são biodegradáveis, portanto, promovem uma agricultura sustentável e reduzem os riscos ao homem e ao meio ambiente em comparação com os agroquímicos comuns”.
Abaixo listamos alguns exemplos de produtos biológicos:
- Bioestimulantes: produtos feitos a partir de substâncias naturais aplicados diretamente nas plantas, nas sementes e no solo, capazes de estimular processos fisiológicos das plantas com objetivo de melhorar a qualidade de sementes, estimular o desenvolvimento radicular, favorecer o equilíbrio hormonal da planta, estimular uma germinação mais rápida e uniforme, atenuar os efeitos de estresses biótico e abióticos, além de aumentar produtividade;
- Biofertilizantes: produtos que contêm componentes ativos ou substâncias orgânicas, obtido de microrganismos ou a partir da atividade destes, bem como seus derivados de origem vegetal e animal, capaz de atuar direta ou indiretamente sobre o todo ou parte das plantas cultivadas, no aumento de sua produtividade ou na melhoria de sua qualidade, incluídos os processos e tecnologias derivados desta definição;
- Agentes biológicos de controle: trata-se de microrganismos vivos e inimigos naturais, de ocorrência natural, que são introduzidos ao ambiente de produção agrícola para fazer o controle de pragas e doenças. Alguns microrganismos já conhecidos no mercado com essa função são: Bacillus, Trichoderma, Beauveria, Metarhiziume, Cotesia, dentre outros;
- Condicionadores biológicos de ambientes: substância simples ou composta, normalmente originada de processos fermentativos, que melhoram a diversidade e consequentemente a atividade microbiológica dos ambientes de produção, contribuindo para a melhoria da sanidade, redução da emissão de gases amoniacais e promovendo a exclusão competitiva de microrganismos prejudiciais em sistemas produtivos;
- Inoculantes: são microrganismos com atuação favorável ao desenvolvimento das plantas. São exemplos bem conhecidos e muito usados de inoculantes os produtos a base de Azospirillum brasilense e Bradyrhizobium japonicum, conhecidos pela sua ação fixadora de nitrogênio, e a Pseudomonas fluorescens, usada pela ação de promoção de crescimento e solubilização de fósforo.
As soluções biológicas a base de microrganismos vivos são feitas por meio de processo de multiplicação, via fermentação líquida e/ou sólida, visando obter produtos com alta concentração do organismo dado como ativo biológico. No caso de insetos/inimigos naturais, é feita a multiplicação massal para posterior liberação no ambiente.
Rafael alerta que independentemente do processo escolhido, deve-se primar por um controle rígido, sanitário e de qualidade a cada etapa, desde os primeiros ciclos, em pequena escala, que ocorrem nos laboratórios, até na fase final de estabilização e formulação. “É assim que se obtém um produto com garantia de composição e seguro quanto a contaminações por outros microrganismos e compostos indesejáveis, assegurando uma produção agrícola sem riscos para o meio ambiente e à saúde das pessoas”.
Armazenamento e logística de produtos biológicos exigem atenção
A armazenagem dos produtos biológicos deve seguir rigorosamente a recomendação dos fabricantes, uma vez que eles realizam testes de estabilidade em diversas condições ambientais e podem recomendar a melhor forma de armazená-los para manutenção da viabilidade e eficácia destes insumos.
“Especialmente para os produtos microbiológicos, a temperatura e a exposição do produto a radiações UVs podem afetar significativamente a qualidade, portanto, protegê-los de altas temperaturas é uma boa prática para qualquer bioproduto”, alerta Rafael. Entretanto, a refrigeração excessiva não é recomendação generalizada para produtos macrobiológicos como predadores e parasitas (vespas, ácaros e outros insetos).
Os cuidados também se estendem quando o assunto é a logística na comercialização dos produtos biológicos. Ela precisa ser ágil e rápida, para preservar o produto durante o transporte e armazenamento, evitando temperaturas altas e exposição à radiação solar. Quando requisitado, o produto deve ser transportado e armazenado de forma refrigerada. “Orientamos nossos transportadores e clientes a utilizem as melhores práticas para evitarem que os produtos fiquem expostos, principalmente as altas temperaturas”, explica Rafael.
Segundo ele, o desenvolvimento de formulações e a utilização de embalagens robustas e de alta qualidade também contribuem para que os produtos biológicos cheguem aos clientes em perfeitas condições para uso.
“A agricultura do futuro será embasada em produtos biológicos e devemos continuamente pesquisar e desenvolver novas tecnologias, além de evoluir no manejo das que já são adotadas por grande parte dos produtores rurais”, finaliza.