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Sudeste registra aumento na área de florestas

O Sudeste do Brasil está florescendo com um aumento significativo na área de florestas, um sinal promissor de conservação e sustentabilidade.

Fernanda Aparecida Nazário de Carvalho
Engenheira Florestal e mestranda em Ciências Florestais – Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
fernandacarvalhonaz@gmail.com

Iara Nobre Carmona
Engenheira florestal, mestra em Ciências e Tecnologia da Madeira e doutoranda em Recursos Florestais – Universidade de São Paulo (USP)
iaracarmona@usp.br

Ananias Francisco Dias Júnior
Engenheiro florestal, doutor em Recursos Florestais e professor – UFES
ananias.dias@ufes.br

A região sudeste teve crescimento na área plantada com florestas, com aumento de 30,7 mil hectares (0,9%). De acordo com o levantamento do IBGE, denominado “Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) – 2021”, houve redução de 1,4% nas áreas com florestas plantadas no País, enquanto o Sudeste aumentou sua área.

Isso significa uma diminuição de 138,9 mil hectares. Segundo o PEVS, a área total da silvicultura é de 9,5 milhões de hectares, dos quais, 7,3 milhões, ou 76,9% são de eucalipto.

Aumento de florestas plantadas

 O Brasil aponta os maiores índices de produtividade de biomassa florestal de florestas plantadas.

No ano de 2021, houve uma redução de 1,4% no total de áreas de florestas plantadas no País, o que equivale a 9,5 milhões de hectares. Entretanto, a região sudeste foi a única que se mostrou crescente, ainda no ano de 2021, com um aumento de 30,7 mil hectares.

Na maioria, as espécies mais cultivadas são eucalipto e pinus, totalizando uma área para fins comerciais de 96,0%. Uma das circunstâncias que justifica esses números é a sua utilização na indústria.

O eucalipto, por exemplo, serve como matéria-prima na produção de celulose de fibra curta, que resulta em produtos como os papeis de escritório/escolar e de fins sanitários, ou seja, na fabricação de papeis mais leves.

Já a madeira de pinus é utilizada na produção de celulose de fibra longa, para a geração de papeis mais resistentes e de qualidade superior. A região sudeste se estabeleceu como a maior área de floretas plantadas do Brasil.

Foto: Shutterstock

Impactos ambientais

Segundo dados do IBGE, a região sudeste possui uma área de silvicultura de 3.309,6 hectares de eucalipto e 281,6 mil hectares de pinus. Entretanto, os três municípios que lideram o ranking de florestas plantadas estão situados na região Centro-oeste e são: Três Lagoas com 237,3 mil hectares; Ribas do Rio Pardo com 196,8 mil hectares e Água Clara com 128,3 mil hectares, ambos no Estado de Mato Grosso do Sul.

Os impactos ambientais em relação ao aumento da área de florestas plantadas mais apontados pelos especialistas que se dispõe desfavorável a essa atividade são: a retirada de água do solo, empobrecimento de nutrientes e ressecamento do solo, os efeitos alelopáticos, que neste caso é o efeito prejudicial por meio de substâncias químicas, causando desertificação, entre outros.

Uma série de questões são apontadas por aqueles que são contra o cultivo de eucalipto em grandes áreas. Uma das pautas levantadas é a desertificação causada pela enorme quantidade de água que uma árvore de eucalipto necessita para crescer, o que provocaria um déficit hídrico na região de cultivo.

Um outro ponto é o ressecamento do solo e a exposição à erosão. Segundo os especialistas em questão, após o ciclo de corte o solo ficará empobrecido e exposto à erosão, o que causará impactos ambientais desfavoráveis.

A transformação da paisagem também é um aspecto discutido, em que algumas áreas de cultivo de eucalipto podem atingir ecossistemas em risco e resultar na transformação desta paisagem.

Entretanto, todos estes impactos negativos causados pelo cultivo de eucalipto em grandes áreas são consequência de um manejo executado de maneira inadequada. Para que uma plantação seja executada de maneira satisfatória, tanto em produtividade e retorno econômico, quanto nos impactos causados, é necessário que haja um planejamento das operações silviculturais, desde a escolha da área que será utilizada para o plantio, da seleção da espécie adequada para aquela região, até a manutenção apropriada.

Desafios enfrentados pela silvicultura no Brasil

A silvicultura estuda as maneiras naturais e artificiais de restaurar e melhorar as florestas com a finalidade de atender às exigências do mercado, utilizando de técnicas de manejo para a preservação e/ou produção florestal, seja extrativista ou cultivada.

A silvicultura brasileira ocupa uma área de 9,5 milhões de hectares. Apesar desse número expressivo, a silvicultura no Brasil vem sofrendo alguns desafios. Nos últimos anos, podemos notar a expansão florestal para áreas que antes não eram comumente utilizadas para este fim.

Entretanto, a fertilidade do solo de muitas regiões tem apresentado carência de boro, cobre e zinco, causando seca do ponteiro e tortuosidade do tronco, respectivamente.

A insuficiência desses elementos, essenciais para o bom desenvolvimento das plantas, pode estar relacionada ao baixo teor de matéria orgânica, pois são áreas de pastagem degradada, e à escassez de água.

Outro cenário considerável, apontado nos últimos anos, é a necessidade de mecanizar as atividades silviculturais no país. Apenas 20% das atividades silviculturais no Brasil são mecanizadas.

Muitas ações entre universidades e empresas vêm sendo realizadas através de pesquisa para melhorar as formas de mecanização do plantio e irrigação de mudas, para assim haver um aumento no rendimento e melhoria na qualidade das operações realizadas.

Entretanto, essas atividades, muitas vezes, são dificultadas, pois as máquinas utilizadas são oriundas da agricultura e adaptadas para o cenário florestal, consequências da falta de investimento no setor. Embora detenhamos destes desafios no Brasil, continuamos sendo destaque internacional no setor de florestas plantadas.

Vantagens do plantio de eucalipto

De forma geral, o plantio de eucalipto se mostra vantajoso, se comparado a outras espécies florestais, devido a vários fatores. Quando o cultivo de eucalipto é feito de maneira adequada, ele apresenta benefícios para o meio ambiente, pois se mostra uma prática sustentável, além de rendimento econômico para o produtor e geração de empregos.

As espécies de eucalipto têm sido bastante utilizadas, devido a sua capacidade de rápido crescimento, adaptação a diferentes regiões e pelo seu potencial econômico em razão utilização da madeira de diversas de formas.

A madeira de eucalipto pode ser usada para diferentes finalidades, como o uso para energia, papel, celulose, serraria, e suas folhas na fabricação de cosméticos, medicamentos e alimentos.           

Com uma média nacional de 41 m³ de madeira por hectare e ciclo de corte de mais ou menos sete anos, a alta produtividade atrelada a menores custos e maiores taxas de retorno oferecem grande interesse ao cultivo do eucalipto, se comparado a outras espécies.

Para a produção de lenha, carvão vegetal, mourões e celulose, o primeiro ciclo de corte pode-se iniciar entre os seis e oito anos de idade. Quando o cultivo for destinado à produção de madeira serrada, o corte é feito após os 12 anos de idade.

Uma das vantagens do eucalipto é a rebrota. Mesmo depois de cortada a lenha no primeiro ciclo, o eucalipto tem a capacidade de rebrotar por mais duas vezes, em um ciclo com duração de 15 anos. Assim, o produtor, com apenas um plantio, pode realizar até três cortes.

Contribuição sustentável

As florestas plantadas de eucalipto contribuem de forma positiva no fenômeno conhecido como efeito estufa. Durante o processo de fotossíntese, as folhas retiram o dióxido de carbono da atmosfera e estocam.

Esse acúmulo de CO2 no ambiente é responsável pelo efeito estufa, resultando na elevação significativa da temperatura. Estudos mostram que um hectare de eucalipto de crescimento rápido remove 60 toneladas de CO2 da atmosfera, desde o plantio até a colheita.

Outra particularidade das florestas plantadas de eucalipto é a proteção do solo e da água. Isso ocorre pois, quando chove, as copas das árvores têm a função de evitar o impacto direto da água no solo, assim protegendo contra o processo de erosão, conferindo características de permeabilidade, aumentando a taxa de infiltração das águas e regularizando o regime de distribuição hídrica nas áreas plantadas.

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