A safra 2022/2023 de arroz irrigado em Santa Catarina teve um desempenho acima do esperado. Conforme dados levantados pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), a quantidade total produzida chegou a 1,27 milhão de toneladas, a maior já registrada no Estado. O fator primordial para esse resultado foi a produtividade, que também foi recorde: a média ficou em 8,6 mil quilos por hectare. Os dados detalhados podem ser consultados no site do Observatório Agro Catarinense.
O anúncio dos números finais da safra de arroz irrigado 2022/2023 foi realizado durante o evento de Avaliação Estadual de Safra de Arroz Irrigado de Santa Catarina, realizado na Estação Experimental da Epagri em Itajaí, na sexta-feira, 22. Na oportunidade também foi lançada uma nova variedade de arroz desenvolvida pela Epagri, a SCSBRS126 Dueto, que ganhou esse nome por dois motivos: pela dupla aptidão de tolerância a baixas e altas temperaturas na fase reprodutiva e por ser desenvolvida por meio de parceria interinstitucional entre Epagri e Embrapa, com o apoio do UDESC.
Segundo a analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, Glaucia Padrão, a previsão inicial era de que a produtividade tivesse um pequeno decréscimo em relação à safra anterior, já que o excesso de frio, no segundo semestre de 2022, atrasou um pouco o desenvolvimento das lavouras. No entanto, esse atraso não implicou em redução, ao contrário, a produtividade cresceu 1,24%.
Glaucia salienta que esse resultado tem ainda mais impacto levando-se em consideração que, na safra 2021/2022, o Estado já tinha registrado produtividade acima da média histórica. Além disso, a área plantada na safra 2022/2023 foi praticamente a mesma da última safra. “Vários fatores levaram a esse resultado, especialmente a adoção de cultivares de alto desempenho produtivo, o clima favorável e o manejo das lavouras, com investimento em adubação e tecnologia”, explica a analista.
Mercado
Aliado à boa produção, os preços recebidos pelos produtores de arroz têm se mantido acima dos custos, o que garante uma margem de lucro aos produtores. Segundo Glaucia, neste ano se observou um movimento atípico do mercado. Nos primeiros cinco meses do ano, quando tradicionalmente os preços caem, tendo em vista o aumento da oferta proporcionado pelo início da colheita, os preços apresentaram uma elevação gradual. Esse movimento de subida foi interrompido a partir da segunda quinzena de maio, quando os preços começaram a baixar.
De acordo com a analista, os motivos para esse aumento atípico nos preços no começo do ano foram a redução nas estimativas da safra gaúcha, que deve registrar uma quebra de quase 10% em relação às estimativas iniciais, e o aumento das exportações. Esses dois fatores diminuíram a oferta do grão no mercado interno e, consequentemente, fizeram os preços subirem.
“A elevação da taxa de câmbio nos primeiros meses do ano tornou o grão brasileiro competitivo no mercado externo, o que resultou em uma elevação das exportações brasileiras”, explica. No entanto, a partir da segunda quinzena de maio, a moeda brasileira se valorizou em relação ao dólar, o que reduziu o ritmo das exportações brasileiras do grão. “Quando associamos isso ao bom desempenho da safra catarinense e o consequente aumento da oferta de arroz no mercado interno, há uma pressão de baixa sobre os preços”, explica Glaucia. A estimativa da Epagri/Cepa é que 87% da produção da safra 2022/23 já tenha sido comercializada.